Amazônia - Educação Amazônia - Educação 

A missão da Igreja e Educação

A missão da Igreja é estar a serviço dos povos para levá-los ao Cristo e à salvação. Ela é um redil, cuja única e necessária porta é Cristo (cfr. Jo 10,1-10).

Lady Anne de Souza, Educadora e Coordenadora da Pastoral da Educação Regional Norte 2

Seguidora de Jesus Cristo, a Igreja sempre se mostrou sensível para com a educação como um dos pontos essenciais na sua missão neste mundo. A educação anda junto com a ação evangelizadora. Desta forma colabora com a humanização, tendo presente sempre, o evangelho de Jesus Cristo. A educação é uma palavra latina: educatio-onis, cujo significado é trazer para fora, levantar, produzir conhecimento, é obra e o resultado de educar com sabedoria e amor.[1].

O chamado do Senhor é real para todos os educadores e educadoras quando Jesus disse aos seus discípulos de ir e fazer discípulos seus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo o que ele ordenou (cfr. Mt 28,19-20), de modo que a Igreja faz o trabalho educacional no mundo dos saberes, tendo a missão de educar, de produzir conhecimento, formando pessoas maduras e com responsabilidade humana, para que tudo sirva para a glória do Senhor. Veremos a seguir como a missão da educação na vida da igreja ocorreu e está presente nos diversos âmbitos da sociedade e do mundo.

A igreja e a formação dos povos

Tendo presente à concepção bíblica (cfr. Ex 6,7; Rm 11,5) e do Concilio Vaticano II que coloca a Igreja como o povo de Deus (LG 9, 10, 13), a comunidade eclesial se situa como a grande impulsionadora na formação dos povos. Os grandes homens e as grandes mulheres foram fundadores e fundadoras de escolas de ensino, e desta forma de aprendizagem surgiram muitos discípulos e discípulas. Ainda hoje estas constatações são percebíveis dando força e amor às gerações. Muitas pessoas se santificaram por levar os outros à educação, entendida como possibilidade de conhecimentos, de verdades de fé, de esperança e de caridade. A presença do cristianismo tornou a vida mais humana, mais fraterna, também acompanhada no valor dos sacramentos, da natureza e da vida com o Senhor Jesus Cristo. Desta forma, a santa mãe Igreja no cumprimento do mandato de seu Fundador, Jesus Cristo, é chamada a cuidar da totalidade da vida humana, mesmo da terrena, e estando em ligação para o alto, tem a sua parte no desenvolvimento e a universalização da educação (cfr. GE, 1517).

A missão educativa da Igreja como serviço à humanidade

A missão da Igreja é estar a serviço dos povos para levá-los ao Cristo e à salvação. Ela é um redil, cuja única e necessária porta é Cristo (cfr. Jo 10,1-10). Ela é também um rebanho, do qual Deus predisse ser o pastor (cfr. Is 40,11) e cujas ovelhas ainda que sejam governadas por pastores humanos são conduzidas e nutridas por Cristo Jesus, o bom Pastor e o Príncipe dos pastores que deu a sua vida pelas ovelhas (cfr. Jo 10,11-15; LG 236).

A igreja tem como missão anunciar a palavra do Mestre Jesus Cristo aos seres humanos visando uma vida nova para todos, dizendo respeito à formação de pessoas para a comunidade e para o mundo. Como é fundamental a presença de leigos e de leigas que acreditam em Cristo e na Igreja, contribuem com a sua presença e atuação no mundo da política, da economia, das relações internacionais, na vida social. A Igreja também se faz presente por meio dos agentes da Pastoral da Educação,escutando, falando e ensinando com amor, para que amem de fato a vida, a paz, o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo.

A missão educacional na família

O contexto básico da educação vem da família, como a primeira entidade que leva as pessoas a ter boas relações, a superar o ódio, o individualismo, a amar de fato o outro e a Deus. A família é a promotora de valores humanos e cristãos. A Igreja sempre teve presentes o valor da família para se concretizar uma educação dialógica, que leve em conta a vida. “A família é o âmbito não só da geração, mas também do acolhimento da vida que chega como um presente de Deus. Cada nova vida ‘permite-nos descobrir a dimensão mais gratuita do amor, que nunca cessa de nos surpreender. É a beleza de ser amado primeiro: os filhos são amados antes de chegar’”[2].

A missão eclesial e comunitária

A Igreja é chamada a formar comunidades pela iluminação do Espírito Santo e dentro do espírito do Ressuscitado pela comunhão de vida, pela participação, por constituir-se um só coração e uma só alma (Cfr. At 4,32). A comunidade saberá respeitar os carismas e os dons de cada um. A Igreja trabalha para que tal forma de educação ocorra no espírito comunitário. “Por isso, é tarefa da Igreja promover a educação em que se evidencie essa relação comunitária”[3]

A comunidade colabora junto à pessoa humana a viver o mandamento do amor que vem do Senhor. Por sua vez a pessoa necessita da comunidade para o crescimento das relações e para o amadurecimento de sua vocação. Diante do individualismo sempre mais crescente é fundamental o valor educacional para o outro e para a comunidade. A educação eclesial em vista da comunidade deve ser reforçada sempre mais para formar cidadãos nos seus direitos e nos seus deveres. Neste sentido as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023 tem presente a formação de pequenas comunidades eclesiais missionárias que podem se formar dentro das cidades, bairros, e também na realidade do campo, compostas por pessoas que se reúnem pela fé em Jesus Cristo para a escuta da Palavra, procurando viver a fé numa sociedade de contrastes (DGAE 2015-2019, n. 57; DAp, n. 170ss; 278d;)[4].

A educação como guardiã da casa comum

A Igreja tem uma missão educacional com a casa comum. Ela convida ao respeito aos outros, à criação e o local onde nós vivemos para que haja o cuidado especial como merece por ser obra do Criador. É preciso que as escolas tenham presentes os dados da casa comum, em vista de uma ecologia integral, para que não haja o desmatamento e reconheçam os saberes dos povos indígenas, os ribeirinhos, os camponeses, os quilombolas sejam respeitados nos seus territórios e nas suas culturas.  O Papa Francisco fala em cultura ecológica que não se reduz em respostas urgentes e parciais, mas é um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida com uma espiritualidade que faz oposição ao avanço tecnológico[5]. O Papa ainda reforça “para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres”[6]. Somos chamados, a partir dessa perspectiva, a pensar uma educação com  sensibilidade em ouvir, olhar, sentir e agir em favor do grito dos excluídos e da mãe terra que sofre por falta do cuidado e das políticas públicas.

A missão educacional em vista da civilização do amor

A Igreja tem uma missão educacional para formar pessoas para a fraternidade e a civilização do amor. Educar a pessoa humana ao Humanismo solidário, para o diálogo e paz, para a compreensão do outro, respeitando os seus valores, culturas e saberes populares. O mundo passa por muitas polarizações, radicalizações que às vezes levam as pessoas à violência, à morte. A realidade é permeada por muitos conflitos sejam na urbanidade, com desempregos, fome, assaltos, sejam na realidade agrária com mortes de agricultores, agricultoras. O feminicídio, abusos e exploração de crianças são crescentes, as mortes no trânsito, a falta de políticas públicas para a sociedade. Diante dessas realidades, a missão da Igreja pela educação é essencial em vista da cultura do encontro, da amizade social, do diálogo e responsabilidade humana, para que os conflitos sejam superados pelo amor que nos vem do Senhor e passa pela realidade humana. O Papa Francisco insiste que a Igreja deve se encarnar em todas as situações e estando presente através dos séculos em todo o lugar, ela pode partir da sua experiência de graça e pecado, compreender a beleza do convite ao amor universal[7].

Conclusão

A educação faz parte da vida eclesial e a igreja tem a missão de contribuir na produção do conhecimento com sua profunda sensibilidade humanista. Louvemos a Deus pelo dom da vida e dedicação dos profissionais da educação, aos agentes da Pastoral da educação, tornando-o o ambiente educativo e o mundo com olhar mais esperançoso e amoroso, pela unidade do Deus Uno e Trino. A educação sempre fez parte da vida eclesial em vista da formação integral da pessoa humana neste mundo e um dia na eternidade. Que Maria Santíssima Mãe, Mestra e Aprendiz, ajude-nos nesta caminhada educativa, de fé, esperança e caridade.

[1] Cfr. Educazione. In: Il vocabolario treccani, Il Conciso. Milano, Trento, 1998, pg. 510.

[2] Francisco, Exortação apostólica, pós-sinodal, 166: Catequese (11 de Fevereiro de 2015): L´Osservatore Romano (Ed. Semanal portuguesa de 12/11/2015), 16.

[3] Pastoral da educação. Estudo para Diretrizes Nacionais, 110. N. 53.

[4] Cfr. Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023, 84. Documentos da CNBB, 109, Edições CNBB, Brasília, 2019, pg. 51.

[5] Cfr. Francisco, Carta Encíclica LaudatoSì (24 maio de 2015), 111.

[6] Cfr. Idem, n. 49.

[7] Cfr. Francisco, Carta Encíclica Fratelli Tutti (03 de outubro de 2020), 278. 

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

04 agosto 2021, 16:06