Sepultamento em cemitério de Bengaluru, Índia Sepultamento em cemitério de Bengaluru, Índia 

Covid-19: Igreja na Índia recorda sacrifício de padres e irmãs contagiados no exercício da missão

“Eles morreram no exercício de seu serviço pastoral e de sua missão. Sua contribuição para a Igreja e sua missão serão lembradas para sempre”, diz sacerdote em Orissa.“Agradecemos a Deus pelo dom destas pessoas e, seguindo o seu exemplo, prometemos continuar a dedicar a nossa vida a Deus, à Igreja e ao povo de Deus, no amor e no serviço, especialmente durante o tempo da pandemia”.

Vatican News

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Nesta terça-feira, 1° de junho, as mortes por Covid-19 na Índia eram de quase 332 mil e o número de contágios ultrapassava a cifra de 28 milhões. Entre as vítimas fatais do vírus, também sacerdotes e religiosas que não obstante os riscos, não pouparam esforços em levar assistência aos sofredores e enfermos.

Até 30 de maio, 204 sacerdotes, 212 religiosas e 3 bispos morreram, segundo informou à Agência Fides o padre Suresh Mathew, frade capuchinho e jornalista indiano, diretor da revista inglesa Indian Currents, que assumiu a triste missão de monitorar a situação em nível nacional e fazer a lista dos sacerdotes, religiosos, religiosas e bispos que morreram devido à Covid -19.

“A maior parte dos sacerdotes e freiras falecidos estavam nas áreas rurais para realizar o trabalho pastoral e não tinham acesso a serviços de saúde no tempo necessário”, explicou Pe. Mathew à Agência Fides.

A Índia tem cerca de 30.000 sacerdotes, entre diocesanos e religiosos. As freiras, por outro lado, são cerca de 103.000. Entre os religiosos falecidos - pertencentes a diversas Congregações masculinas e femininas – estão 36 jesuítas, comprometidos no serviço da promoção humana com os pobres, os indígenas, os tribais, os sem casta. As Missionárias da Caridade, em seu serviço ao próximo e aos abandonados e moribundos, perderam 14 religiosas.

Contágios no exercício do ministério

 

Muitos morreram enquanto estavam ativamente envolvidos no exercício de seu ministério: "As freiras – conta o padre Mathew - foram infectadas durante o serviço em hospitais. Alguns sacerdotes realizavam ritos fúnebres ou quiseram garantir os Sacramentos e a assistência espiritual aos doentes. E, uma vez infectados, muitos de nossos padres que trabalham em recantos remotos do país não tinham acesso a cuidados hospitalares adequados”.

O frade capuchinho observa que se “talvez estivessem em cidades com melhor infraestrutura de saúde, não teriam perdido a vida”, acrescentando que eles “trabalhavam entre os pobres, os indígenas, os esquecidos que não tiveram acesso ou não podiam pagar por um atendimento especializado em hospitais. Eles ficaram ao seu lado na dificuldade, na escassez e na miséria”.

“Eram pessoas que, conscientemente, não quiseram ficar voltadas para si mesmas nem isolar-se, mas quiseram continuar a fazer o seu trabalho, a doar-se, a testemunhar o rosto misericordioso e compassivo de Deus que se inclina sobre os sofredores, mesmo colocando em risco a própria vida", conclui.

Dor também pela perda de leigos e jovens missionários e pessoas de outras religiões

 

“Estamos todos tristes pela morte de tantas freiras, irmãos e sacerdotes e missionários. Sentimos muita dor porque muitos deles eram nossos conhecidos”, confirma à Fides pe. Anand Mathew, membro da Indian Missionary Society, uma Congregação que perdeu três padres. “Ao mesmo tempo, reconhecemos e recordamos a morte de muitos leigos cristãos e de muitos jovens missionários, bem como o sacrifício de pessoas de várias religiões, durante a segunda onda de Covid”, afirma pe. Ananad, que também é assistente social e especialista em comunicação.

O arcebispo John Barwa, à frente da comunidade da Arquidiocese de Cuttack-Bhubaneswar, em Orissa, no leste da Índia, informa à Fides que sua diocese perdeu dois sacerdotes por causa da Covid: “Os padres foram pioneiros nas regiões mais remotas e comprometidos com o Reino de Deus. A perda de missionários tão zelosos é uma grande perda para a Igreja, para a sociedade e para o país”, comenta.

Na fidelidade ao ministério até o fim, o exemplo a ser seguido

 

"A Índia está passando por uma segunda onda de Covid sem precedentes, enquanto se constata uma lacuna crescente entre o fornecimento e a necessidade de vacinas, falta de leitos hospitalares, remédios e oxigênio. Há uma grande preocupação para todos. Além disso, perder nestes dias tantos sacerdotes e religiosas é ainda mais doloroso", diz por sua vez a assistente social de Orissa Kailash Chandra Dandapat, que conheceu alguns sacerdotes mortos de Covid-19 - como o padre Bijaya Kumar Nayak - incansáveis ​​animadores das comunidades, prestando assistência e consolo até o fim.

“Eles morreram no exercício de seu serviço pastoral e de sua missão. Sua contribuição para a Igreja e sua missão serão lembradas para sempre”, nota o padre Dibyasingh Parichha, sacerdote e advogado em Orissa. “Agradecemos a Deus pelo dom destas pessoas e, seguindo o seu exemplo, prometemos continuar a dedicar a nossa vida a Deus, à Igreja e ao povo de Deus, no amor e no serviço, especialmente durante o tempo da pandemia”.

Com Agência Fides

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01 junho 2021, 09:41