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Frei Darlei Zanon: A economia de Francisco

Foi há exatos dois anos que o Papa enviou aos jovens do mundo todo uma carta convidando empreendedores, empresário, ativistas e estudantes com menos de 35 anos a se unirem por uma causa muito particular: mudar a economia para salvar o planeta!

Frei Darlei Zanon

A economia global é uma preocupação constante no magistério do Papa Francisco. A esse tema dedicou diversos discursos, duas encíclicas e um grande projeto chamado “The economy of Francesco” (A economia de Francisco). Neste mesmo itinerário se insere também a sua intenção de oração do mês de maio: “Rezemos para que os responsáveis das finanças colaborem com os governos para regulamentar a esfera financeira e proteger os cidadãos dos seus perigos.”

Foi há exatos dois anos que o Papa enviou aos jovens do mundo todo uma carta convidando empreendedores, empresário, ativistas e estudantes com menos de 35 anos a se unirem por uma causa muito particular: mudar a economia para salvar o planeta! Assim escrevia o Papa, no dia 1 de maio de 2019: “Convido cada um de vós a ser protagonista de um pacto, assumindo compromisso individual e coletivo para cultivarmos juntos o sinal de um novo humanismo que corresponda às expectativas do ser humano e ao desígnio de Deus.” O pacto a que se refere é o de buscar novos paradigmas para orientar a economia, superando o autointeresse e o lucro desmedido. “É necessário ‘re-animar’ a economia”, insiste o Papa.

Frei Darlei com o Papa
Frei Darlei com o Papa

Tal projeto deveria ser discutido em “um acontecimento que nos ajude a estar unidos, a conhecer-nos uns aos outros, e que nos leve a estabelecer um pacto para mudar a economia atual e atribuir uma alma à economia de amanhã”, escreveu na sua carta convite. Convocado para março de 2020, em Assis (Itália), o encontro teve de ser cancelado devido ao contexto de pandemia. Entretanto o sonho de Francisco não desapareceu. Ao contrário, durante esta pausa surgiu uma nova encíclica que ajudou a aprofundar o tema: Fratelli tutti, chamada pelo próprio Papa de “encíclica social” (FT n. 5), em outubro do ano passado.

Logo depois, entre os dias 19 a 21 de novembro, sob o lema “Os jovens, um pacto, o futuro: um processo iniciado”, cerca de 2000 jovens de 40 países de reuniram virtualmente para apoiar o Papa no seu sonho. Foi um sopro de esperança, como muitos testemunharam. Momento de graça com bons resultados, não apenas de reflexão e partilha, mas de propostas práticas, pois a juventude elaborou um documento com bases para pensar um novo modelo econômico a partir de cinco grandes eixos: 1. Ecologia integral e bens comuns; 2. Democracia econômica; 3. Terra, teto e trabalho; 4. Educação, saúde, comunicação e tecnologia; 5. Soberania, mobilidade humana e paz. Todas as reflexões e iniciativas podem ser consultadas no site https://francescoeconomy.org/.

Com a sua insistência no tema da economia, o Papa quer alertar a Igreja e a sociedade para o fato de que temos um modelo econômico que não funciona. Estamos caminhando sobre uma plataforma muito frágil, que pode se romper a qualquer momento. É preciso radicalidade, e talvez por isso o Papa quis partir dos jovens, na esperança de que sejam eles capazes de mudar de perspectiva, modificar a rota, inverter as prioridades. O evento de Assis – assim como as suas encíclicas Laudato si’ e Fratelli tutti – propõe o desafio de reabilitar a “casa comum” através de uma economia da partilha, do dom, da solidariedade, da criatividade e da comunhão. Devemos cuidar da nossa “casa comum”, não podemos continuar a explorá-la indiscriminadamente, desfrutando dos seus recursos, acumulando sem critérios, excluindo tantas pessoas do consumo e do trabalho, arriscando o futuro.

Desse modo, todos somos convocados a contribuir pois implica em uma mudança de relação dos seres humanos com a natureza e com a economia. Neste novo modelo a economia e as finanças devem ser regulamentadas a fim de proteger os cidadãos, refere o Papa na intenção de oração do mês, ou seja, devemos todos colaborar para a construção de um modelo econômico que coloque em primeiro lugar a vida. Parece óbvio, mas implica numa grande revolução diante do sistema atual.

Unamo-nos ao Papa, rezando pela sua intenção do mês, buscando conhecer as propostas da “Economia de Francisco” e, sobretudo, apoiando-o no seu sonho de “pôr em prática uma economia diferente, que faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, cuida da criação e não a devasta” (Carta aos jovens para o evento Economy of Francesco).

Frei Darlei Zanon - Religioso paulino

Fr. Darlei Zanon

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11 maio 2021, 15:04