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El Salvador, crise política. Bispos: a paz social exige o correto exercício da lei

“É urgente tomar uma decisão sábia, capaz de conduzir toda a nação a um estado verdadeiramente democrático, como a população sempre quis e reivindicou”, ou seja, “um estado que proteja os direitos fundamentais do ser humano, permitindo-lhe viver em paz, justiça, liberdade, ordem e respeito”, ressaltam os bispos salvadorenhos.

Vatican News

Há uma crise política em El Salvador onde, no dia 1º de maio, a Assembleia Legislativa votou a favor da destituição do procurador-geral e de cinco altos magistrados do Supremo Tribunal Federal, considerados hostis ao Chefe de Estado, Nayib Bukele, por terem prejudicado as medidas sanitárias de higiene, estabelecidas pelo Governo para conter a pandemia da Covid-19. A acusação foi rejeitada pelos magistrados que proferiram sentença na qual classificam a decisão da Assembleia como "inconstitucional". Numa nota, a Conferência Episcopal de El Salvador (Cedes) convida o executivo a reconsiderar o fato, pois a destituição dos juízes não ocorreu após um julgamento justo. “Seguimos os acontecimentos com grande preocupação, acompanhando a população e zelando pelos seus legítimos interesses”, pois “a paz social exige o esforço dos cidadãos, mas sobretudo dos governantes, com base no correto exercício das leis que regem o país", afirmam os bispos.

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Urgente tomar uma decisão sábia

Mesmo "se houvesse motivos suficientes" para destituir os juízes e ainda que "a Assembleia Legislativa tivesse o poder constitucional de proceder a tal destituição", a Cedes reitera, em todo o caso, que "deveria ter havido um julgamento justo". Daí o forte apelo da Igreja católica às autoridades políticas do país a agirem com sabedoria, “virtude mais do que nunca necessária na atual situação vivida em El Salvador”, também devido à emergência sanitária que, até o momento, causou quase 70 mil casos no total e mais de 2 mil mortos. “É urgente tomar uma decisão sábia, capaz de conduzir toda a nação a um Estado verdadeiramente democrático, como a população sempre quis e reivindicou”, ou seja, “um Estado que proteja os direitos fundamentais do ser humano, permitindo-lhe viver em paz, justiça, liberdade, ordem e respeito”.

Para "não cometer os mesmos erros" do passado, os bispos exortam a olhar para o sofrimento da população e para os "atos arbitrários cometidos entre o final do século XX e o início do XXI" por alguns dirigentes políticos, para que o tempo transcorrido, “não seja um congelador de ressentimentos, mas a fonte que deve inspirar a transformação do presente a fim de impelir o país para um futuro melhor”. A nota episcopal relança o apelo ao perdão que "não é sinônimo de tolerar a injustiça, ao passo que pedir justiça não é sinônimo de buscar vingança". Na verdade, "ou os cidadãos e governantes atuais perdoam e corrijam os erros do passado, ou o país será condenado a uma série de vinganças, agressões, ressentimento e ódio que impedirão a convivência e o desenvolvimento integral das gerações presentes e futuras".

Trabalhar com entusiasmo e generosidade

Como Pastores da Igreja, iluminados pelo Evangelho e pela Doutrina social, e inspirados por Santo Óscar Arnulfo Romero, saudoso arcebispo de El Salvador, os bispos apelam à “liberdade de julgar as decisões e ações dos governantes, sempre buscando o bem do país e expressando com honestidade e clareza "o seu ponto de vista como "um serviço à paz e à concórdia". A esperança da Cedes é de que se possa praticar "um saudável exercício legislativo que promova a harmonia, a equidade, o diálogo, a independência dos três poderes (legislativo, executivo e judiciário) e o Estado de Direito".

Em seguida, convidando todos os representantes das instituições a trabalharem com "entusiasmo e generosidade" para construir um El Salvador "livre de violência, impunidade e corrupção", mas vinculado à observância das leis, os bispos concluem a nota, afirmando que a nação precisa de uma mudança: agora é necessário tomar "não o caminho da violência, mas do diálogo, da compreensão, da fraternidade, da igualdade, da liberdade, da ordem, da justiça e da paz".

Vatican News Service – IP/MJ

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06 maio 2021, 15:27