D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga 

Arcebispo de Braga apela a uma vida solidária

Neste tempo de pandemia, D. Jorge Ortiga sublinha a importância do “sentido de pertença a uma comunidade”, afirmando que a Igreja tem que “ir ao encontro das situações concretas” para “elaborar respostas”. Assinala a relação próxima da arquidiocese de Braga com a diocese de Pemba em Moçambique. O som é da Rádio Renascença.

Rui Saraiva – Portugal

“Lições da pandemia” é o nome de uma rubrica da Rádio Renascença, a emissora católica portuguesa, neste momento presente de desconfinamento. Percorrendo a opinião de todos os bispos de Portugal, a Renascença estimula a reflexão sobre a vida das dioceses que se vão preparando para o pós-pandemia de covid-19. Damos aqui espaço à entrevista realizada pelo jornalista Henrique Cunha.

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A importância da comunidade

 

O arcebispo de Braga foi o primeiro entrevistado. É bispo há quase 33 anos e tomou posse da arquidiocese de Braga em julho de 1999. Em relação à pandemia de covid-19 e às suas consequências refere a necessidade de reconhecermos que “dependemos uns dos outros” numa vida que não deve ser solitária, mas solidária: 

“Gostaria de poder dizer que esta pandemia nos vai trazer um resultado positivo, particularmente, neste aspeto de reconhecermos que a nossa vida não é uma vida solitária, tem que ser uma vida solidária. O que é totalmente diferente” – afirmou.

Para D. Jorge o grande desafio atual da Igreja é “trabalhar pela vertente comunitária” para não esquecer a fraternidade.

“Eu creio que o grande desafio da Igreja é trabalhar por esta vertente comunitária, ou seja, por este sentido de pertença a uma comunidade. Que poderá ser a paróquia ou outro espaço como um santuário, mas que gera este sentido de relação de uns com os outros. Uma relação não apenas para o culto, mas uma relação para a vida. De interesse pela vida uns dos outros de conhecimento de espírito de entreajuda e de comunhão. É esta dinâmica que me parece que importa desenvolver. Talvez até agora nos tenhamos fechado demasiado no culto, num esquecer da fraternidade e com o irmão que está ao lado” – afirmou. 

Uma Igreja que dê respostas

 

O arcebispo de Braga considera que na vida concreta da diocese e das paróquias “é muito difícil separar a vertente pastoral da vertente social”.

“Hoje, mais do que nunca, a Igreja não pode continuar com algumas teorias bonitas, a partir da sua doutrina, particularmente da sua doutrina social, fazendo discursos interessantes, mas, a Igreja tem que sair para ir ao encontro das situações concretas, analisá-las, fazer um verdadeiro diagnóstico e sobretudo elaborar respostas. É por isso que para mim é muito difícil separar a vertente pastoral da vertente social. Quando me envolvo na parte pastoral, eu estou a pensar no social, e vice-versa” – declara o prelado sublinhando a necessidade de uma Igreja que seja “rosto visível” de caridade e amor.

As dificuldades das IPSS

 

No âmbito da intervenção social das paróquias estão os centros sociais paroquiais na sua função de instituições particulares de solidariedade social. Instituições que começam a ter dificuldades – diz o arcebispo de Braga.

“As nossas instituições começam também a ter menos possibilidades. Até agora a generosidade do povo tem sido grande e digna de todos os elogios. A arquidiocese de Braga tem um número significativo de centros sociais paroquias, são mais de duzentos, e não vou dizer que estão a passar um período de grandes dificuldades, mas de dificuldade, sem dúvida nenhuma. São cada vez mais as exigências e depois, todos nós sabemos qual é a comparticipação que o Estado vai dando para essas instituições de solidariedade social. A comparticipação do Estado, toda a gente sabe, está situada na ordem dos 38 por cento da despesa, o que é nitidamente insuficiente. É um assunto sobre o qual se tem falado imensas vezes e que não tem encontrado resposta. Parece-me que é urgente sentarmo-nos à mesa e reconhecer o trabalho 'político' que as nossas IPSS'S desenvolvem” – salientou.

Ajuda à diocese de Pemba, Moçambique

 

Nesta entrevista à Rádio Renascença, D. Jorge Ortiga lembra a ajuda que tem sido dada a Moçambique e à região de Cabo Delgado onde o terrorismo já provocou mais de dois mil mortos e centenas de milhares de deslocados.

Precisamente, na diocese de Pemba, a arquidiocese de Braga assumiu a paróquia de Santa Cecília de Ocua num território paroquial de 98 lugares e aí “já construiu uma residência e onde tem o projeto de construção de uma escola”.

Em julho deste ano, D. Jorge Ortiga celebra 22 anos como arcebispo de Braga.

Laudetur Iesus Christus

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24 maio 2021, 11:19