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Água potável, um direito de todos Água potável, um direito de todos

Ásia. Igrejas: direito à água potável e seu vínculo com a dignidade humana

"A água se tornou uma mercadoria tão complexa quanto ouro e petróleo. As Igrejas devem priorizar programas urgentes e relevantes e trabalhar com vários grupos da sociedade civil para uma solução da crise da água. Cabe aos grupos religiosos responder a várias questões urgentes sobre a sustentabilidade de nossos atuais estilos de vida para o futuro", afirma David Das, do Grupo Internacional de Referência da Rede Ecumênica da Água. Os cristãos na Ásia estão conscientes da necessidade de defender o direito à água para todos

Vatican News

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As Igrejas Cristãs na Ásia, juntamente com outras organizações religiosas e movimentos da sociedade civil, desempenham um papel importante na conscientização sobre a crise global da água.

Como declarado no webinar "Acesso reduzido à água potável na Ásia: desafios à segurança humana" recentemente organizado pela Conferência Cristã da Ásia (CCA), uma rede inter-religiosa com sede na Tailândia, os cristãos na Ásia, de todas as denominações, estão conscientes da necessidade de defender o direito à água para todos.

Os especialistas que falaram destacaram a necessidade de "uma verdadeira reforma e governança democrática sobre a questão da conservação e poluição da água", disse Mathews George Chunakara, secretário geral da Conferência Cristã da Ásia.

Na Ásia, as questões hídricas têm se tornado cada vez mais agudas com implicações preocupantes. Ameaças de mudança climática, urbanização rápida e desenvolvimento não planejado colocaram uma forte ênfase nos recursos hídricos do continente.

A água é a essência da vida

Em tempos recentes, a escassez de água provocou a redução da produção de alimentos, bloqueios na cadeia de abastecimento, perda de terras e meios de subsistência, migração em larga escala e até mesmo exacerbou as tensões econômicas e geopolíticas.

Chunakara disse: "A água é a essência da vida e a água potável é essencial para sustentar a vida e a saúde". O direito à água não pode ser interpretado numa perspectiva abstrata, mas deve ser fundamentado no quadro da segurança humana."

"A segurança humana é fundamentalmente a liberdade do medo e a liberdade da necessidade, e sua inter-relação com o direito à água é significativa e evidente." "O direito de acesso à água, que implica água suficiente, segura, acessível e conveniente para uso pessoal e doméstico, é hoje uma preocupação crescente em várias áreas regionais da Ásia", prosseguiu ele.

Dsparidade urbano-rural no acesso à água

Como disse Evariste Kouassi-Komlan, assessor regional para Água, Saneamento e Higiene (WASH) do Escritório Regional do UNICEF para o Leste Asiático e Pacífico, existe uma disparidade urbano-rural no acesso à água:

"A gestão de águas residuais é um obstáculo no desenvolvimento sustentável da região e isto tem um enorme impacto na saúde. É também um grande desafio garantir maior quantidade e qualidade da água nas áreas rurais, já que existem escassos sistemas de águas residuais disponíveis em áreas remotas."

O funcionário do UNICEF apelou para a governança da água como um sistema de gestão revolucionário e inter-regional; inovação para melhorar a eficiência e a reutilização do uso da água; maior disponibilidade de informações de dados e compartilhamento de recursos.

Impedimentos ao acesso seguro e adequado à água na Ásia

Ansye Sopacua, assessor técnico dos objetivos de desenvolvimento sustentável do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (UNDP) na Indonésia, destacou as questões específicas que impedem o acesso seguro e adequado à água na Ásia.

“O especialista articulou o direito à água em três componentes: as necessidades individuais de água são em média de 50-100 litros por dia; as fontes de água tinham que estar a menos de 1.000 metros da residência; e os gastos de uma família com água não deveriam exceder 3% da renda.”

A falta de infraestrutura confiável, a falta de fundos e financiamento e problemas de má gestão financeira contribuíram para reduzir o acesso à água potável. Às vezes a água está disponível, mas não é segura (devido à poluição química ou alta salinidade) ou é inacessível (principalmente porque os pobres têm que comprar água todos os dias, dado o acesso limitado aos sistemas municipais de água e subsídios associados).

Cooperação transfronteiriça em recursos hídricos partilhados

Kongmeng Ly, responsável pela qualidade da água da Comissão do Rio Mekong (MRC), agência intergovernamental na região do Mekong no sudeste asiático, forneceu exemplos de cooperação transfronteiriça em recursos hídricos compartilhados.

Os países membros da bacia do baixo Mekong estabeleceram em conjunto muitos procedimentos sobre o uso da água e a proteção dos recursos do rio, tais como a cooperação no monitoramento da qualidade da água. A Comissão fornece avaliações mensais da qualidade e quantidade da água, que têm ajudado a orientar projetos de desenvolvimento em toda a bacia.

Água, uma mercadoria tão complexa quanto ouro e petróleo

David Das, representante da Ásia no Grupo Internacional de Referência da Rede Ecumênica da Água, sediado pelo Conselho Mundial de Igrejas, comentou:

"A água se tornou uma mercadoria tão complexa quanto ouro e petróleo. As Igrejas devem priorizar programas urgentes e relevantes e trabalhar com vários grupos da sociedade civil para uma solução da crise da água. Cabe aos grupos religiosos responder a várias questões urgentes sobre a sustentabilidade de nossos atuais estilos de vida para o futuro."

Trabalhar pelo bem-estar e prosperidade da criação de Deus

A Conferência Crista da Ásia incentivou todas as comunidades a trabalhar pelo bem-estar e prosperidade da criação de Deus engajando-se numa missão profética, defendendo corajosamente o direito à água. As Igrejas asiáticas, foi dito, são chamadas a um testemunho profético na luta pela igualdade e justiça.

Entre as iniciativas concretas sugeridas para as Igrejas na Ásia está o desenvolvimento de programas de estudo específicos numa "Escola dominical sobre água e cuidados com a criação", enfatizando perspectivas bíblico-teológicas sobre a importância da conservação da água.

As Igrejas, tendo amplas redes de pessoas, podem ajudar a disseminar informações sobre a importância da água e seus vínculos com a dignidade humana.

(Fides)

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07 abril 2021, 12:57