Papa em Lampedusa Papa em Lampedusa 

Cardeal Sergio da Rocha: De Lampedusa a Bagdá

A sua primeira viagem fora do Vaticano foi à ilha de Lampedusa, no sul da Itália, para abraçar, apoiar e consolar os imigrantes e refugiados, para rezar pelos que haviam morrido a bordo de embarcações precárias, e para ser solidário, chamando a atenção do mundo para a crise migratória.

Cardeal Dom Sergio da Rocha - Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil

Há oito anos, no dia 13 de março de 2013, o cardeal Jorge Mário Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, era eleito Papa. Os seus primeiros gestos, a escolha do nome Francisco, o modo como dirigiu sua primeira benção na praça de São Pedro, a escolha da Casa Santa Marta para sua residência, já revelavam o seu jeito de ser Papa e os traços marcantes de seu pontificado. As palavras e gestos do Papa Francisco têm sido comoventes, interpelam, desinstalam e impelem a olhar para o chão da história com responsabilidade e compaixão e, ao mesmo tempo, a olhar para o horizonte com coragem e esperança, jamais desistindo de caminhar e sonhar com um mundo novo querido por Deus.

É difícil expressar a riqueza de sua personalidade e de seu pontificado e o alcance de suas iniciativas para a Igreja e a humanidade tão sofrida. Ele ensina não somente por aquilo que fala ou escreve, mas por seus gestos concretos, de grande riqueza simbólica. Qualquer definição não conseguiria abarcar a riqueza e o alcance de um pontificado fecundo e aberto à novidade do Evangelho, cuja alegria ele não se cansa de compartilhar.

Neste oitavo ano do seu pontificado, o itinerário percorrido por Francisco, pode ser resumido na expressão “de Lampedusa a Bagdá”, percorrido com passos de simplicidade, misericórdia, solidariedade, ternura, fraternidade, diálogo e paz. A sua primeira viagem fora do Vaticano foi à ilha de Lampedusa, no sul da Itália, para abraçar, apoiar e consolar os imigrantes e refugiados, para rezar pelos que haviam morrido a bordo de embarcações precárias, e para ser solidário, chamando a atenção do mundo para a crise migratória. A sua mais recente viagem apostólica internacional, nestes oito anos, igualmente rica de significado, foi ao Iraque, começando por Bagdá. Na sua corajosa viagem, o Papa “peregrino da paz”, “construtor de pontes e não de muros”, promoveu o diálogo e a fraternidade como caminho de paz. Francisco, que já havia proclamado na sua encíclica Fratelli Tutti, “nunca mais guerra” (n. 258), fez em Bagdá um apelo veemente pelo fim da violência e dos conflitos: “Calem-se as armas!”.

Entretanto, no caminho percorrido por Francisco nestes oito anos, com seu coração paterno e fraterno, há uma parada de extraordinária importância, na Amazônia, visitada por ele através do Sínodo Especial e da sua “Querida Amazônia”. O Papa Francisco, que esteve no Rio de Janeiro e em Aparecida, se fez presente na Amazônia, de modo afetuoso e solidário, sem ainda ter pisado o seu chão, e levou a Amazônia para o Vaticano e o mundo, através do Sínodo.  Por isso, seria melhor resumir sua trajetória nestes oito anos como “de Lampedusa a Bagdá, passando pela Amazônia”. Temos muito a aprender com Francisco, caminhando com ele, para seguir os passos de Jesus.             

 

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17 março 2021, 14:37