Quaresma Quaresma 

Vivamos intensamente o tempo quaresmal!

Que Deus nos agracie à Luz do Evangelho para tomarmos as ações necessárias para a construção de uma sociedade justa, por meio do diálogo, com o compromisso no amor a fim de superar as barreiras do que nos divide, pois “Cristo é a nossa paz."

Dom Eurico dos Santos Veloso, arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG

A Campanha da Fraternidade Ecumênica(CFE) é nos apresentada no período quaresmal, em via de reflexão, a fim de estimular o nosso encontro à luz do Evangelho, através do tema FRATERNIDADE E DIÁLOGO: COMPROMISSO DE AMOR, cujo lema é “Cristo é nossa Paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14a).

Como já citado, este ano a CFE tem a dimensão Ecumênica visto a importância de refletir este tema em por todas as comunidades, escolas e movimentos, afinal “a escolha por testemunhar a fé vivida em diversidade desafia-nos para realizar a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021. Com ela, afirmamos que a fraternidade e o diálogo são compromissos de amor, porque Cristo fez uma unidade daquilo que era dividido” (cf. Texto-base CFE-2021, p.8).

O objetivo geral da CFE-2021 convida “as comunidades de fé e pessoas de boa vontade a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para superar as polarizações e violências através do diálogo amoroso, testemunhando a unidade na diversidade” (cf. Texto-base CFE-2021, p.8). Tal objetivo é um desafio em nossa sociedade contemporânea, visto o tamanho da polarização de ideias e a ausência de diálogos, aos quais aprofundam ainda mais os problemas sociais, econômicos, ambientais e de equidade em nosso país. Em que, o testemunho da nossa fé cristã, o compromisso do nosso Batismo é tantas vezes deixado de lado pelo fanatismo ou por uma “verdade” a qual nos cega, em enxergar a realidade, entrando no negacionismo, insensibilidade, indiferença a chegar ao desdém ao sofrimento alheio.

É bem verdade que o tema escolhido está gerando várias reações adversas por toda sociedade, até mesmo pelos próprios membros da Igreja Católica. Porém, não é uma surpresa pois a ferida para ser curada é necessária ser limpada, tocada, cuidada... e sair da zona de conforto, para muitos, as reações são de adversidade pelo o que está acontecendo a sua volta; retirar as traves que cegam os olhos e buscar compreensão é o desafio para a CFE-2021, mas que não deve ficar limitado aos 40 dias do Tempo da Quaresma, deve-se estender para que as mudanças necessárias de fato sejam concretizadas.

Em suma, a CFE-2021 nos desafia a VER a realidade a qual estamos buscando alternativas e saídas, identificando opções coerentes à Luz do Evangelho. JULGAR para o verdadeiro discernimento da vontade de Deus, pois “Amor e verdade se encontram justiça e paz se abraçam” (cf. Sl 85,11). AGIR para derrubar os muros das divisões que assombram nossa sociedade. E, finalmente, CELEBRAR – “momento de afirmar que a diversidade presente na Criação não é negativa, mas é a revelação da imensa e irrestrita amorosidade de Deus para com a humanidade. Não há nada que justifique a inimizade e a anulação da diversidade humana. Somos quem somos porque Deus nos criou pessoas diversas” (cf. CFE-2021).

Vivamos intensamente o tempo quaresmal! Para mim a Quaresma está umbilicalmente ligada a Campanha da Fraternidade. Apoiar a Campanha da Fraternidade é eloquente sinal de comunhão e de paz episcopal. As diferenças que nos desunem devemos torna-las dialogadas em privado. Nada de fanatismos ou de radicalismos, seja de qualquer natureza. Só o diálogo constrói e edifica o corpo místico de Cristo que é a Igreja. Que Deus nos agracie à Luz do Evangelho para tomarmos as ações necessárias para a construção de uma sociedade justa, por meio do diálogo, com o compromisso no amor a fim de superar as barreiras do que nos divide, pois “Cristo é a nossa paz. Do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14a).

Saudações em Cristo!

 

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18 fevereiro 2021, 10:18