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Procissão luminosa com o Ícone da Mãe de Deus em Budslav, Belarus Procissão luminosa com o Ícone da Mãe de Deus em Budslav, Belarus 

Saiba quem é Dom Kazimierz Wielikoselec, o novo administrador da Arquidiocese de Minsk

Dom Kazimierz Wielikoselec é testemunha da Igreja "silenciosa" dos anos soviéticos. Sua vocação nasceu nas "viagens" de bicicleta que fazia para ir à Missa aos domingos, pedalando 60 km até povoado vizinho. Foi ordenado em 1984 pelas mãos do cardeal Julijans Vaivods (na época 'in pectore').

Vatican News

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Em 3 de janeiro, o Papa Francisco aceitou a renúncia apresentada por limite de idade pelo Metropolita de Minsk-Mahilioŭ, arcebispo Tadeusz Kondrusiewicz, nomeando como administrador da Arquidiocese a Dom Kazimierz Wielikoselec, bispo auxiliar da Diocese de Pinsk, que em maio passado havia completado 75 anos.

Dom Wielikoselec também havia apresentado sua renúncia no ano passado como manda a praxe, mas o Papa permitiu que permanecesse no serviço por mais dois anos, como geralmente é concedido aos bispos que renunciaram e apresentam boa saúde.

A renúncia de Dom Kondrusiewicz poderá fazer com que as autoridades permitam seu regresso ao país.  Em 31 de agosto de 2020, de fato, o Metropolita de Minsk-Mahilioŭ foi impedido pelos guardas de fronteira de ingressar na Belarus, ao retornar de uma viagem oficial ao exterior.

 

Dom Kazimierz Wielikoselec, assim como Dom Dom Kondrusiewicz, é testemunha da Igreja "silenciosa" dos anos soviéticos. Nasceu em maio de 1945, poucos dias antes da vitória soviética na Grande Guerra Patriótica (como lá é chamada a Segunda Guerra Mundial), no povoado de Starovolja, na região de Pruzhank, na floresta Belovezheskaya Pusha que divide a Belarus da Polônia, área de grande tradição católica.

Seu pai o acompanhava todos os domingos à igreja mais próxima, distante sessenta quilômetros de sua casa, no povoado de Kobrin; iam de bicicleta e tinham que sair às duas da manhã para poder chegar à única Missa celebrada às 8 da manhã. Como ele mesmo contou no site da diocese católica, sua vocação nasceu durante aquelas viagens noturnas feitas de bicicleta.

Kazimierz conseguiu manter a fé no difícil contexto da propaganda ateísta, que era particularmente agressiva na Belarus. No final da década de 1950, o secretário do Partido Comunista Nikita Khruščev prometeu que esta seria a primeira república soviética completamente livre de toda memória religiosa. O jovem católico serviu no exército pelos dois anos então obrigatórios, e mais tarde trabalhou como soldador na construção de um dos primeiros supermercados em Vilnius, na Lituânia, planejando se matricular na Faculdade de Medicina.

 

Estudar para ser médico parecia ter se tornado mais uma obrigação. Seu desejo de entrar no seminário - o único então aberto a todos em Riga, Letônia, além daquele de Kaunas para os lituanos - foi frustrada por repetidas recusas durante três anos consecutivos.

Nesse ínterim, Kazimierz havia começado a se preparar para o sacerdócio no "seminário subterrâneo" administrado por sacerdotes lituanos em toda a União Soviética, em particular, precisamente na Belarus. Nessas circunstâncias difíceis, conheceu seu colega Tadeusz Kondrusiewicz, que havia conseguido se tornar padre antes dele, e o ajudou, fornecendo-lhe a literatura religiosa necessária.

Em 1981, Kazimierz conseguiu entrar no seminário de Riga, sendo admitido diretamente no terceiro ano. Após a ordenação em 1984 pelas mãos do cardeal Julijans Vaivods (então ainda in pectore), conseguiu servir na paróquia do povoado de Ishkold na região de Baranoviči - não obstante todas as dificuldades criadas pelas autoridades - em uma das poucas igrejas antigas ainda em pé, construída no século XV.

Como acontecia naqueles anos, devido à falta de sacerdotes, padre Kazimierz percorria as aldeias de três regiões vizinhas, para poder chegar de alguma forma aos católicos dispersos e manter ativas as igrejas existentes, para depois se dedicar à sua reconstrução imediatamente após o fim do comunismo.

Dom Wielikoselec foi consagrado bispo da Diocese de Pinsk, em 1999, depois de ter ingressado na Ordem Dominicana na clandestinidade, muito ativo no renascimento da Igreja na ex-União Soviética e, como bispo não titular, percorreu o país, ajudando as dioceses que reabriram após as longas perseguições.

Com sua dedicação e zelo apostólico ao longo de todos esses anos, é um pastor amado por todos. Juntamente com Dom Kondrusiewicz e outros bispos e padres, permanecerá por muito tempo como um guia seguro para os católicos e todos os homens de boa vontade, nestes tempos de sofrimento e mudança.

Com Asia News

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07 janeiro 2021, 11:40