O Papa Francisco em novembro de 2019 no Memorial da Paz em Hiroshima, no Japão (Vatican Media) O Papa Francisco em novembro de 2019 no Memorial da Paz em Hiroshima, no Japão (Vatican Media)

Bispos do mundo inteiro com o Papa pelo desarmamento nuclear

Os bispos do mundo inteiro, junto a leigos, religiosos e religiosas louvam a entrada em vigor em 22 de janeiro de 2021 do Tratado da Onu sobre a Proibição de Armas Nucleares definindo este evento histórico como um ato de justiça e de paz. Os prelados destacam a liderança que Francisco está exercendo em favor do desarmamento nuclear: “Durante sua histórica visita às cidades bombardeadas de Hiroshima e Nagasaki, em novembro de 2019, o Papa condenou tanto o uso quanto a posse de armas nucleares por qualquer Estado”

Raimundo de Lima - Vatican News

"Nós, líderes da Igreja católica do mundo inteiro, saudamos a entrada em vigor em 22 de janeiro de 2021 do Tratado das Nações Unidas sobre a Proibição de Armas Nucleares."

É o que se lê num Documento em que bispos do mundo inteiro, da Austrália ao Japão, das Filipinas à Coreia, da América do Sul à América do Norte, da Terra Santa a África, junto a leigos, religiosos e religiosas louvam a entrada em vigor do referido Tratado definindo este evento histórico como um ato de justiça e de paz.

Santa Sé entre primeiros Estados a aderir ao acordo de 2017

Somos encorajados pelo fato de a maioria dos Estados membros da ONU apoiar ativamente o novo Tratado através da adoção, assinaturas e ratificações. É justo que a Santa Sé esteja entre os primeiros Estados a aderir ao acordo em 2017, enfatizam.

“Além disso, as pesquisas de opinião pública mundial demonstram uma convicção global de que as armas nucleares devem ser abolidas. A pior de todas as armas de destruição em massa há muito tempo tem sido julgada imoral. Agora também é finalmente ilegal”, continua o documento.

Os signatários manifestam-se preocupados com o risco contínuo para a humanidade de que as armas nucleares possam ser usadas e com as consequências catastróficas que isso acarretaria. “É encorajador que este novo Tratado se baseie num crescente conjunto de pesquisas sobre as consequências humanitárias e ecológicas catastróficas dos ataques, testes e acidentes nucleares.”

A liderança que o Papa em favor do desarmamento nuclear

“Dois exemplos que falam a todas as pessoas - apontam eles - são os impactos desproporcionais das radiações nas mulheres e meninas e os graves efeitos nas comunidades indígenas cujas terras têm sido utilizadas para testes nucleares.”

 

“Nós, abaixo assinados, apoiamos a liderança que o Papa Francisco está exercendo em favor do desarmamento nuclear. Durante sua histórica visita às cidades bombardeadas de Hiroshima e Nagasaki, em novembro de 2019, o Papa condenou tanto o uso quanto a posse de armas nucleares por qualquer Estado”, destacam ainda.

A paz não pode ser alcançada através da "ameaça de aniquilação total", disse o Papa. Francisco pediu apoio para "os principais instrumentos jurídicos internacionais de desarmamento e não-proliferação nuclear, incluindo o Tratado das Nações Unidas sobre a Proibição de Armas Nucleares". Antes de sua visita, as Conferências Episcopais Católicas no Canadá e no Japão exortaram seus governos a assinar e ratificar o novo Tratado.

“Como eles, alguns de nós vêm de países aliados a uma potência nuclear ou que possuem arsenais nucleares. Certamente, nesta era de crescente interdependência e vulnerabilidade global, nossa fé nos chama a buscar o bem comum e universal”, afirmam os prelados.

Fratelli tutti: "Somos todos salvos juntos ou ninguém se salva"

"Somos todos salvos juntos ou ninguém se salva", diz a nova encíclica do Papa "Fratelli tutti". "É possível estarmos abertos aos nossos vizinhos dentro de uma família de nações?" pergunta Francisco. A cooperação internacional é essencial para enfrentar a pandemia da Covid-19, a mudança climática, o fosso entre ricos e pobres e a ameaça universal das armas nucleares.

Não importa de onde viermos, nos unimos para exortar os governos a assinar e ratificar o Tratado das Nações Unidas sobre a Proibição de Armas Nucleares. Agradecemos àqueles que já o fizeram e os exortamos a convidar outros países a aderir também ao Tratado.

“Convidamos os colegas líderes da Igreja a discutir e deliberar sobre o papel significativo que a Igreja pode desempenhar na construção do apoio a esta nova norma internacional contra as armas nucleares”, exortam.

O dom da paz de Deus: deter a guerra e superar a violência

Os bispos destacam que é particularmente importante para as conferências episcopais nacionais e regionais, assim como para as instituições e fundações católicas, verificar se os fundos relacionados à Igreja estão sendo investidos em empresas e bancos envolvidos na produção de armas nucleares. Em caso afirmativo, tomar medidas corretivas, pondo fim às relações de financiamento existentes e buscar maneiras de desinvestir.

 

Por fim os signatários afirmam no referido documento acreditar que o dom da paz de Deus está em ação para deter a guerra e superar a violência. “Portanto - concluem -, neste dia histórico, parabenizamos os membros da Igreja católica que há décadas estão na linha de frente dos movimentos de base para se oporem às armas nucleares, e aos movimentos católicos pela paz que fazem parte da Campanha internacional pela Abolição das armas nucleares (Ican), vencedora do Prêmio Nobel."

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22 janeiro 2021, 14:30