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Vários países africanos são ricos em recursos minerais, como diamantes, disputados por grupos armados Vários países africanos são ricos em recursos minerais, como diamantes, disputados por grupos armados 

Grupos armados controlam até 80% do território, denunciam bispos centro-africanos

Esses grupos - afirmam os bispos “estão envolvidos em crimes de guerra, crimes contra a humanidade, crimes ambientais e saques em larga escala de nossos recursos minerais. Eles cometeram crimes de sangue contra pessoas inocentes em Bocaranga, Bohong, Bozoum, Besson, Bouar, Birao, Ndélé, Bria, Lemouna, Koudjili”, denunciam os prelados em uma Carta Pastoral

Vatican News

“Há sinais de esperança, mas a contínua presença de grupos armados ameaça o futuro do país”, alertam os bispos da República Centro-Africana na Carta Pastoral «Deixai sair o meu povo», publicada no domingo, 6 de setembro.

«Depois do golpe de Estado de março de 2013, nosso país foi dotado de instituições democráticas em março de 2016. Por meio do voto e das eleições, elaborou-se uma nova Constituição e tivemos autoridades legítimas», recordam os prelados.

Entre os avanços alcançados – destacam -  está o Acordo Politique pour la Paix et la Réconciliation en République Centrafricaine (APPRCA), assinado em 2019 por 14 grupos armados com o governo.

“Queridos irmãos e irmãs, no plano político, questionamos a eficácia das instituições republicanas na reconstrução de nosso país”, afirma no entanto a mensagem enviada à Agência Fides. “Constatamos com amargura que 70%, ou até mesmo 80% de nosso país é ocupado por grupos armados, alguns dos quais são liderados pelos mercenários atrozes”.

Esses grupos - denunciam os bispos - “estão envolvidos em crimes de guerra, crimes contra a humanidade, crimes ambientais e saques em larga escala de nossos recursos minerais. Eles cometeram crimes de sangue contra pessoas inocentes em Bocaranga, Bohong, Bozoum, Besson, Bouar, Birao, Ndélé, Bria, Lemouna, Koudjili”.

“Os senhores da guerra tiram dividendos do Acordo político pela paz e a reconciliação, aproveitando as concessões que estes lhes oferecem, nomeadamente a plena liberdade de movimento. Impuseram o comércio da guerra, um modelo econômico baseado no sangue humano”, denunciam os bispos, que alertam que alguns desses grupos estão“ se fortalecendo, recrutando novos combatentes e aumentando os estoques de armamentos e munições”. “Ainda não renunciaram ao plano de divisão do nosso país? Irão tentar conseguir isso interrompendo o processo eleitoral?", questiona a mensagem.

“Quando se viaja pela República Centro-Africana, é assustador encontrar povoados inteiros forçados ao abandono por suas populações ou incendiadas por criminosos impunes. As famílias preferem viver no exílio ou em campos para pessoas deslocadas, que às vezes ficam a 100 metros de suas casas”.

"Quais líderes serão capazes de tirar os habitantes da República Centro-Africana da opressão, da miséria e da ignorância?" perguntam os bispos, em vista das eleições presidenciais de dezembro.

A mensagem é dirigida em particular aos jovens e às mulheres. Os prelados exortam os primeiros a não serem "um reservatório inesgotável de bucha de canhão, mas o recurso mais importante do nosso país".

A mensagem pede a eles para rejeitarem a troca de votos e de se absterem da contestação violenta dos resultados da votação.

Às mulheres, os bispos pedem que se mobilizem para participar ativamente do processo eleitoral como candidatas, eletricistas, educadoras e promotoras da não violência em todos os níveis onde possam ser úteis ao nosso país”.

“Que a Virgem Maria, Rainha do céu e da terra, torne fecundos os esforços por eleições transparentes, credíveis e pacíficas, que nos deem verdadeiras lideranças ao serviço das pessoas a exemplo de Moisés”. conclui a mensagem.

(L.M. - Agência Fides)

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08 setembro 2020, 07:48