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Cardeal Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa Cardeal Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa 

Portugal: Valorizar boas práticas para que todas as comunidades se sintam “em casa”

Apelo do Cardeal Patriarca de Lisboa na apresentação do livro “‘Aprender a ser cigano hoje – Empurrando e puxando as fronteiras’, de Mirna Montenegro.

Domingos Pinto – Lisboa

“É muito oportuna esta reflexão sobre a comunidade cigana em Portugal porque sendo uma comunidade que coexiste connosco há meio milénio, ainda é muito pouco apercebida, ou às vezes é assim apercebida como uma coisa marginal”.

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Palavras do Cardeal Patriarca de Lisboa aos jornalistas à margem da apresentação, no passado dia 3 de setembro, na Feira do Livro, na capital portuguesa, da obra “‘Aprender a ser cigano hoje – Empurrando e puxando as fronteiras’, de Mirna Montenegro.

Uma obra da Editorial Cáritas que reflete a tese de doutoramento daquela especialista que tem tido uma intervenção sobretudo ligada às crianças no Bairro da Bela Vista, em Setúbal, e onde nos anos 90 do século passado deu início a diversos projetos de intervenção social.

Na apresentação do livro D. Manuel Clemente disse que é importante valorizar as boas práticas para que todas as comunidades se sintam “em casa”, em Portugal, nomeadamente no sistema escolar.

Segundo o Patriarca de Lisboa, vai ser necessário todos serem “muito prudentes, muito cautelosos” e “nada ideológicos,” mas “muito abertos e muito recetivos”.

“Que a partir desta atenção à comunidade cigana abramos também a perspetiva a todas as outras comunidades que estão presentes em Portugal, que transportam etnias, culturas, modos de vida e de entender a vida e é assim que nós nos encontraremos amanhã”, afirmou.

Já a autora da obra, Mirna Montenegro, explicou que o livro são “os desabafos” das pessoas, as biografias, “os trechos que as pessoas partilharam”.

“Aprendi muito, aproximei-me das pessoas, conheci muitos segredos, conheci muitas mágoas, conheci muitas tristezas, muitas alegrias e nunca me foi barrado qualquer espaço, pelo contrário; Entrei no coração das pessoas pela via das crianças”, salientou.

"Não podemos deixar para trás ninguém.  Não devermos. Humanamente, eu acho que seria um crime”, disse depois aos jornalistas a autora que deixa um alerta: “Os ciganos não são parasitas. Os ciganos são produtores, é preciso dar-lhes oportunidade para serem produtores e contribuírem para a economia em vez de acharem que são uns coitadinhos”."

Ao portal da Santa Sé o diretor da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos destacou por sua vez a importância desta obra e fez um apelo para serem “os próprios ciganos a resolverem os seus problemas”.

“O grande desafio é acompanhar os ciganos, viver com eles, aceitá-los como eles são, interagir com eles”, concluiu Francisco Monteiro que considera que considera que este é também “o grande desafio da igreja”.

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08 setembro 2020, 11:03