100 mil religiosas trabalham silenciosamente no apostolado, percorrendo vilarejos, estradas, campos de refugiados, escolas, hospitais, plantações de chá, prisões, favelas, atentas à presença de traficantes de seres humanos 100 mil religiosas trabalham silenciosamente no apostolado, percorrendo vilarejos, estradas, campos de refugiados, escolas, hospitais, plantações de chá, prisões, favelas, atentas à presença de traficantes de seres humanos 

O trabalho das irmãs "Talitha Kum" contra o tráfico de pessoas na Índia

Milhares de casos de tráfico são relatados às autoridades indianas todos os anos; entre 2011 e 2018, com base em dados do governo, foram notificados 38.508 casos. Para combater o fenômeno, é essencial o trabalho em rede.

Cidade do Vaticano

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Um grupo de religiosas indianas está fortemente empenhado no combate ao fenômeno do tráfico de pessoas durante a pandemia de Covid-19. Trata-se do movimento "AMRAT - Talitha Kum India", a aliança asiática de religiosas contra o tráfico, iniciada em 2009, e que está particularmente atenta e ativa nestes tempos, no qual os traficantes podem tirar proveito da situação.

O tráfico de seres humanos é o segundo fenômeno criminal mais bem organizado na Índia, ao lado do tráfico de armas e drogas. Várias organizações, quer governamentais como não governamentais, estão envolvidas no enfrentamento desse enorme desafio. AMRAT - Talitha Kum Índia, desenvolveu algumas estratégias, atuando na prevenção, resgate, proteção, reabilitação, reintegração de vítimas, criação de redes.

"Muitas pessoas estão vulneráveis ​​ao tráfico de seres humanos durante a pandemia de Covid-19: a perda do trabalho, dificuldades para retornar aos povoados de origem e a indigência, contribuem para torná-las ainda expostas ao tráfico de pessoas", declarou à Agência Fides Irmã Jyoti Pinto, da Congregação das Irmãs da Pequena Flor de Betânia, fundadora da AMRAT - Talitha Kum Índia. "Uma pessoa pode ser vendida várias vezes; estamos diante da realidade angustiante da escravidão moderna, que é o tráfico de pessoas", observa ela.

A religiosa motivou não apenas sua Congregação, mas também outras Ordens religiosas a se unirem no combate a esse crime hediondo. Graças à irmã Arpan, que mora em Nova Délhi, capital da Índia, e à irmã Prema, residente em Guwahati, capital no Estado de Assam, no nordeste da Índia, a organização alcançou milhares de mulheres e crianças confinadas em diferentes partes do nordeste da Índia durante o longo bloqueio imposto desde 25 de março para conter a propagação da Covid-19. As religiosas não apenas salvam mulheres e meninas do tráfico de seres humanos, mas as ajudam a sobreviver, organizando iniciativas de sustento e reintegração na sociedade.

Muitas mulheres das comunidades rurais indianas se transferem para outras cidades, na esperança de uma vida melhor e de perspectivas de trabalho. No entanto, o processo geralmente acaba se tornando uma armadilha. Os traficantes escolhem comunidades vulneráveis ​​- como aquelas com poucas perspectivas de renda ou afetadas por guerras ou desastres naturais - usando o sonho de uma vida melhor como isca. As jovens acabam trabalhando como prostitutas, domésticas, operárias, mendicantes. Às vezes são vítimas de casamentos forçados.

Para combater o fenômeno, é essencial o trabalho em rede: mesmo que não sejam diretamente membros da AMRAT, existem cerca de 100 mil religiosas católicas que trabalham silenciosamente no apostolado, que percorrem vilarejos, estradas, campos de refugiados, escolas, hospitais, plantações de chá, prisões, favelas, constatando possíveis situações da presença de traficantes de seres humanos.

Milhares de casos de tráfico são relatados às autoridades indianas todos os anos. Entre 2011 e 2018, com base em dados do governo, foram notificados 38.508 casos.

O Índice Global de Escravidão estima que 8 milhões de pessoas na Índia - incluindo crianças e adolescentes - vivem em formas de escravidão moderna, onde violência, coerção e decepção são usadas para explorar as pessoas.

(SD/PA - Agência Fides)

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21 julho 2020, 09:21