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Com a "urgência no cuidado daqueles que têm fome de comida e dignidade" nasce a Rede Clamor no Brasil Com a "urgência no cuidado daqueles que têm fome de comida e dignidade" nasce a Rede Clamor no Brasil 

Rede Clamor no Brasil faz eco ao esforço do Papa no cuidado a migrantes e vítimas do tráfico humano

A iniciativa que já é uma realidade em nível de América Latina e Caribe, através do Celam, começa a se articular também no Brasil. A Rede Clamor é um espaço para agregar as ações da Igreja que dão atenção a migrantes, refugiados e vítimas de tráfico humano. Na última sexta-feira (26), veio o apoio da CNBB. "A Igreja não pode ficar indiferente", afirma Pe. Agnaldo Júnior: "temos um Papa extremamente sensibilizado, propulsor de uma ação eficaz e operativa da Igreja junto aos nossos irmãos. A nossa rede é uma espécie de gesto simbólico e prático de envolver toda a Igreja em cuidar deles”.

Andressa Collet - Vatican News

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Já está marcada para o dia 23 de julho a próxima reunião para consolidar a Rede Clamor no Brasil e buscar novas alianças junto a organizações, movimentos pastorais e grupos que estejam atuando no país em três áreas específicas: migração, refúgio e enfrentamento ao tráfico de pessoas. A Rede Latino-Americana e do Caribe para a Pastoral de Migrantes, Refugiados e Vítimas do Tráfico (Rede Clamor) é um espaço que procura articular os serviços realizados pela Igreja católica nessa frente, afirma o Pe. Agnaldo Júnior, diretor nacional do Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados: 

“Eu costumo dizer que é uma rede de redes.”

O Brasil começa a fazer o dever de casa

O primeiro grande passo dado no Brasil aconteceu na última sexta-feira (26) com uma reunião virtual convocada pela Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da CNBB, que acolheu e apoiou o fortalecimento da articulação da rede no Brasil. O encontro, que reuniu 16 pessoas representando as suas organizações, ajudou a aprofundar o trabalho realizado pela Rede Clamor, criada em 2016 com o apoio do Celam (Conselho Episcopal Latinoamericano) e formada pelos departamentos de mobilidade humana de cada Conferência Episcopal, pela Caritas, por congregações religiosas e pelas três redes de enfrentamento ao tráfico na América Latina e Caribe.

A reunião trouxe à mesa “a necessidade e a importância de se criar esse espaço articulador que reforça a identidade e a ação da Igreja” no país em relação ao tema da migração forçada hoje no mundo. Segundo levantamento inicial dos participantes, estima-se que mais de 100 obras e serviços atuam pela causa hoje no Brasil.

A rede no país também é fruto de uma inquietação dos batalhadores da causa, já que o Brasil participava das reuniões em nível de Celam, “mas o país não fazia o seu dever de casa” para poder consolidar a iniciativa. As próximas reuniões é que conseguirão configurar como a rede será projetada em nível nacional para ajudar a transformar a realidade e amenizar o sofrimento das pessoas envolvidas.

“Ela vem agregar um valor maior que é articular todas as expressões da Igreja no campo da migração, do refúgio e do enfrentamento ao tráfico; e nos ajudar a sentar na mesma mesa. Conhecemos como Igreja o que já estamos fazendo aqui no Brasil e, por outro lado, também, empoderar mais as nossas ações porque juntos somos mais fortes. E, também, para podermos pensar atividades comuns que possamos fazer, não como organizações separadas, fragmentadas, senão como rede no Brasil, dar visibilidade à ação da Igreja nessas três áreas.”

Articulando as forças do Brasil com toda América Latina

O Pe. Agnaldo acrescenta que essa ação em conjunto no Brasil também é para “superar fragmentos e vaidades institucionais para poder atuar como ação solidária e samaritana da Igreja junto às realidades tão gritantes da nossa atualidade”, como é o caso dos migrantes e refugiados. A criação e articulação da Rede Clamor no Brasil então, “é de fundamental importância neste momento histórico em que vivemos”, afirma Rose Bertoldo, da Rede Um Grito Pela Vida:

“Ela tem como proposição articular as forças entre as redes que já existem; as instituições que trabalham com migrantes, refugiados e vítimas do tráfico de pessoas. Para mim, ela é importante porque, além de articular as forças em nível de Brasil, também a gente fortalece essa articulação em rede em nível de América Latina e Caribe, uma vez que os grandes fluxos migratórios se dão entre esses países.”

A Igreja não pode ficar indiferente

Entre as ações que integram o trabalho no Brasil, está a formação de agentes de pastoral, a criação de campanhas de mobilização e conscientização sobre o tema, o mapeamento dos serviços e a celebração de datas comemorativas. E já para o próximo semestre: dia 30 de julho, o Dia Nacional do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, e, em setembro, a 106ª Jornada Mundial do Migrante e Refugiado.

Ao acolher a articulação da Rede Clamor no Brasil, o secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella, faz coro às palavras do Papa Francisco, na homilia da celebração de Corpus Christi deste ano ao afirmar que “é necessário urgência no cuidado daqueles que têm fome de comida e dignidade, daqueles que não têm emprego e lutam para avançar. E fazendo-o concretamente”. E o Pe. Agnaldo complementa:

“Na última década, o número de pessoas que estão sendo forçadas a se deslocar de seus países praticamente dobrou. É uma realidade que a Igreja não pode ficar indiferente. E mais: temos um Papa extremamente identificado, sensibilizado, propulsor de uma ação eficaz e operativa da Igreja junto aos nossos irmãos irmãs. Queremos fazer eco de todo o esforço que o Papa Francisco está fazendo desde Roma como uma espécie de gesto – também simbólico, profético, prático de envolver toda a Igreja, não é tarefa de alguns, é missão de toda a Igreja, olhar essa realidade e cuidar desses nossos irmãos.”

Colaboração: Pe. Luís Miguel Modino e CNBB

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30 junho 2020, 13:00