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Cuidar da Ecologia Integral é cuidar, em especial, das populações que vivem na Amazônia Cuidar da Ecologia Integral é cuidar, em especial, das populações que vivem na Amazônia 

Comissão para Ecologia Integral da CNBB envia carta ao Papa sobre cuidados para um planeta doente

Dom Sebastião Lima Duarte, presidente da Comissão, conta que o documento exemplifica o que está sendo feito a partir do Brasil para ajudar nesse “caminho de vida e de cura” do nosso planeta doente, com ênfase na conversão para uma Ecologia Integral. Além de uma semana inteira dedicada aos 5 anos da Laudato si', que termina no dia 26, o bispo diz que a Encíclica tem sido lida nas paróquias de todo o país e colocada em prática nas comunidades através das pastorais da Igreja.

Andressa Collet – Cidade do Vaticano

O Brasil também está vivendo o apelo do Papa Francisco para celebrar os 5 anos da Encíclica Laudato si’, que aborda a dimensão socioambiental da fé e da evangelização e tem ajudado a valorizar ainda mais a Ecologia Integral, isto é, o cuidado com o meio ambiente, mas também com o ser humano, em especial, as populações que vivem na Amazônia. No contexto da pandemia da Covid-19, “a defesa integral e integrada da criação” enfrenta ainda o problema da crise econômica que se aproxima, reforçando negativamente o drama dos pobres.

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Carta ao Papa Francisco

Essa preocupação faz parte de uma carta enviada ao Papa Francisco neste mês e assinada pelo presidente e secretário da Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração da CNBB, respectivamente, dom Sebastião Lima Duarte, bispo da diocese de Caxias, no Maranhão; e por dom Vicente de Paula Ferreira, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte. Afinal, como já alertava o Pontífice na Laudato si’, “é impossível sermos saudáveis em um planeta doente”.

O documento aprofunda o tema afirmando que “a pandemia não é um simples acidente de percurso na história socioambiental do nosso mundo globalizado. Ela é o resultado de um conjunto de opções feitas ao longo dos últimos anos”, conectadas, por exemplo, “a um modo de produção e consumo que desmata, polui e aquece o planeta, que também empobrece uma parte crescente da humanidade”. O texto ganhou o título de “Ecologia Integral: um caminho de vida e de cura para um planeta doente. Lições e desafios da Encíclica Laudato si’ depois de 5 anos de sua publicação”. O presidente, dom Sebastião, explica:

”O Papa Francisco, na Laudato si’, nos ajuda a mudar esse parâmetro de que não é a dominação do meio ambiente, simplesmente na exploração extrativista e predatória, mas é o cuidado que a gente deve ter com essa obra de Deus, para que a gente pudesse usufruir dela e, particularmente, todos os povos da terra - os pobres, os povos tradicionais.”

O Brasil a partir da Laudato si’

O presidente da Comissão, então, exemplifica o que está sendo feito a partir do Brasil para ajudar nesse “caminho de vida e de cura” do nosso planeta doente. A Encíclica tem sido lida nas paróquias de todo o país e colocada em prática nas comunidades através de práticas pastorais da Igreja. Uma mobilização em prol da Casa Comum que também tem sido acolhida nas universidades e em ambientes sociais.

O bispo também cita outros documentos importantes para serem usados nesse processo, como a carta baseada na Laudato si’ do Celam, “Guardiões da Casa Comum”, e a própria “Querida Amazonia”, do Papa Francisco, que reflete a urgência de colocar em prática a Encíclica em diferentes âmbitos, não apenas no eclesial. Dom Sebastião, assim, lembra que um dos momentos mais importantes vividos durante essa caminhada de 5 anos da Encíclica foi o próprio Sínodo para a Amazônia que, no seu Documento Final, propôs várias conversões, especialmente, “a cultural e a conversão para a sinodalidade”.

O debate da Ecologia Integral

“Que esses possam ser um sinal de Deus”, afirma dom Sebastião, nestes tempos difíceis e de várias crises, inclusive a política no Brasil, com “muitas controvérsias e até mesmo de acirramentos”. O próprio documento lembra que “a Ecologia Integral nos ensina que tudo está interligado na Casa Comum”. Trata-se de um longo processo para construir uma nova civilização, com “linhas de orientação e de ação para mudar a cultura pautada no consumismo” e “que deve contar com a colaboração de lideranças políticas e religiosas de todo mundo”.

“A tentativa de mineração em áreas indígenas, que o governo está querendo impor, e é claro que isso vai trazer para nós, não só uma reflexão, mas uma presença muito ativa e solidária da Igreja e da Comissão para Amazônia, mas também a Comissão para a Ecologia Integral e Mineração da CNBB que tem publicado textos e colaborado com esse debate de uma Ecologia Integral, onde o meio ambiente e o ser humano são importantes, onde a Amazônia não seja simplesmente objeto da ganância e do lucro e também da exploração predatória, mas que se valorize os povos que ali vivem e a própria natureza, também com o direito que a natureza tem por si mesma de existir.”

A Semana Laudato si' no Brasil

A conversão é exigente e profunda, lembra o documento enviado ao Papa, através de “uma aliança coletiva”, aquela da Ecologia Integral. “Seja em relação ao minério, ao petróleo, à água ou às florestas, é urgente passarmos a uma forma de vida pós-extrativista, inclusive pela profecia de uma Igreja que ouse retirar seus investimentos financeiros de todo tipo de extrativismo predatório! Precisamos reaprender a respeitar as dinâmicas metabólicas do planeta, o ritmo e os ciclos das águas, das estações, da vida”, fala o texto. A obra da criação, finaliza dom Sebastião, precisa estar a serviço de todos e não apenas de alguns grupos. A Igreja, como uma das responsáveis em cuidar dela, tem proposto o debate da conversão ecológica numa semana intensa de reflexão sobre o tema no Brasil porque, celebrar a Laudato si’ significa trazer suas denúncias, sonhos, intuições e propostas para o cotidiano da vida litúrgica e pastoral de nossa Igreja, numa continuidade fluida entre a formação, a ação e a celebração cristã”.

“Nós enviamos uma carta ao Papa Francisco, um texto que já foi publicado, e também falando da nossa programação que temos pela frente. No dia 21, por exemplo, teremos uma live importante com os cientistas que se inspiram na Laudato si’ e que estão nos ciclos universitários, ajudando a atualizar e a tornar presente o pensamento do Papa Francisco em relação à Casa Comum.”

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19 maio 2020, 13:30