Hospital da Sagrada Família de Belém, na Palestina, há 30 anos administrado pela Ordem de Malta Hospital da Sagrada Família de Belém, na Palestina, há 30 anos administrado pela Ordem de Malta

Covid-19: Israel e Palestina têm que dar resposta conjunta ao vírus

A Covid-19 representa um inimigo comum para quem vive em Israel e na Palestina. Não respeita os confins nem a pertença a um grupo ou a um partido político. “Portanto, é preciso uma resposta bilateral em matéria de saúde pública para frear o contágio. A crise representa uma oportunidade para todas as partes do conflito palestino-israelense de reexaminar suas relações a fim de facilitar uma resposta médica eficaz e conjunta ao vírus", afirma Ordem de Malta

Cidade do Vaticano

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A Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, provocou “o fechamento total, o isolamento geográfico e o isolamento econômico da região de Belém. As famílias não têm dinheiro suficiente para o alimento, para não falar dos cuidados médicos. No Hospital da Sagrada Família faltam importantes equipamentos médicos, colocando em risco a vida de muitos recém-nascidos, muitos dos quais nascidos antes das 32 semanas. Há também uma grande carência de máscaras faciais e um problema de disponibilidade de sangue. Estamos no limite”:

É o alarme lançado pelo embaixador da Ordem de Malta na Palestina, Michelle Bowe. Numa nota da Ordem afirma-se que o Hospital da Sagrada Família de Belém, há 30 anos administrado pela Ordem de Malta, está se preparando para a epidemia.

Único Hospital da região a ter uma UTI neonatal

Sendo o único hospital da região a ter uma unidade de terapia intensiva neonatal, capaz de fazer nascer e salvar a vida de crianças nascidas antes das 32 semanas de gestação, seu funcionamento é essencial, dado que a mortalidade infantil na região é atualmente cinco vezes superior à dos países desenvolvidos e pode ser atribuída à falta de cuidados pré-natais, à pobreza e às barreiras de assistência sanitária, afirma-se.

Como a Palestina está respondendo a um possível aumento do número de casos da Covid-19 e como o sistema de saúde pode preparar-se para definir uma resposta eficaz apesar das difíceis condições de vida?

Projeto “Médico para Médico”

Para enfrentar tais urgentes questões o governo da Ordem de Malta, junto ao laboratório de ideias de Londres “Visão de Futuro”, lançou o projeto “Médico para Médico”, que permite a conexão numa plataforma virtual de especialistas sanitários para partilhar os conhecimentos e promover uma melhor compreensão de “boas práticas”, protocolos e estratégias a serem adotados para frear a infecção do coronavírus entre a população.

Como refere uma nota da Ordem de Malta, o projeto tem a finalidade de ajudar os países que sofrem ocupação, que são teatro de desordens políticas, desafios econômicos, conflitos em andamento ou vítimas dos efeitos da crise nos países vizinhos, a enfrentar a pandemia; o projeto se repetirá nos próximos dias com outros países, a começar pela Jordânia e Líbano.

Medidas de isolamento social muito difíceis de se aplicar

Até agora foram feitos dois seminários entre os médicos palestinos e um pool de especialistas na linha de frente na gestão da crise sanitária causada pela Covid-19. Embora a Faixa de Gaza tenha menos de 20 casos confirmados de Covid-19, a altíssima densidade de população e as escassas infraestruturas tornam as medidas de isolamento social extremamente difíceis.

Para continuar eficazmente a quarentena, afirma a Ordem de Malta, Gaza precisa de testes suficientes para assegurar-se que ninguém saia prematuramente do isolamento, de fármacos suficientes para tratar os pacientes que chegam de outras localidades e de um número suficiente de máscaras faciais para proteger o pessoal médico e de segurança dos centros de quarentena.

Inimigo comum para quem vive em Israel e na Palestina

Na eventualidade de uma epidemia em Gaza, a alta densidade de população causaria provavelmente muitos casos, e em muitas ocasiões passaria inobservada até que se manifestem sintomas graves, com a necessidade de um internamento para um alto número de pacientes em onerosas unidades de terapia intensiva, muito escassas na região.

“A Covid-19 representa um inimigo comum para quem vive em Israel e na Palestina. Não respeita os confins, não enxerga as barreiras de controle, nem a pertença a um grupo ou a um partido político.”

“Portanto – conclui a nota da Ordem de Malta –, é preciso uma resposta bilateral em matéria de saúde pública para frear o contágio. A crise representa uma oportunidade para todas as partes do conflito palestino-israelense de reexaminar suas relações a fim de facilitar uma resposta médica eficaz e conjunta ao vírus.

(Fides)

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21 abril 2020, 12:58