Funcionários públicos ao higienizar a área do Porto de Manaus Funcionários públicos ao higienizar a área do Porto de Manaus 

Caritas Manaus orienta migrantes e trabalhadores informais sobre repasse de Auxílio Emergencial

Além da campanha de doação de alimentos “Puxirum Manauara”, os voluntários orientam sobre o repasse de R$ 600,00 do governo federal à população vulnerável. O diácono, Afonso Brito, explica: “tem a nossa advogada que se coloca à disposição também para ajudar quem mora de aluguel, que não seja despejado pelo não pagamento do local, por conta da lei em vigor que suspende tudo isso”.

Andressa Collet, Pe. Miguel Modino – Cidade do Vaticano

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As imagens das vítimas do Covid-19 sendo enterradas em valas comuns em Manaus, no Amazonas, estão fazendo o giro do mundo e confirmando a difícil situação vivida na região norte do Brasil, tanto pelo número de pessoas testadas positivas como o de mortes que tem aumentado. Segundo o boletim deste domingo (26) do Mapa da Repam para casos da doença na Região Pan-Amazônica, que reúne dados oficiais das autoridades de saúde dos 9 países, a arquidiocese de Manaus contabiliza o pior cenário com 2.897 casos positivos e 259 mortes, seguida pela de São Luiz do Maranhão (2.125 casos e 107 mortes) e pela arquidiocese de Belém (1.502 casos e 77 mortes).

As valas comuns do cemitério público de Manaus
As valas comuns do cemitério público de Manaus

A bênção do Papa à Amazônia

Um gesto paterno e de proximidade sobre essa triste realidade veio inclusive do Papa Francisco que, no último sábado (25), telefonou ao arcebispo de Manaus, dom Leonardo Steiner. O Pontífice manifestou solidariedade às vítimas e enviou uma bênção especial para a Amazônia. Além disso, agradeceu pelo trabalho realizado pela Igreja em favor dos pobres, indígenas e ribeirinhos para amenizar o sofrimento, intensificado pela precariedade vivida durante a pandemia.

Sem fonte de renda, nem comida

O diácono permanente e coordenador de projetos da Caritas Arquidiocesana de Manaus, Afonso Brito, explica o quanto estão trabalhando para amenizar a situação de extrema vulnerabilidade vivida por esses grupos prioritários, como também migrantes e refugiados, principalmente de origem venezuelana. Sem poder realizar trabalhos informais por causa da quarentena, não há fonte de renda, mas falta de acesso à comida:

“A gente constatou aqui que, através de conferências com algumas secretarias do estado e do município, a precariedade disso, porque ela se tornou ainda mais visível, porque não havia políticas públicas voltadas para esse público, sobretudo esses que são moradores de rua e os migrantes também. Ela se evidenciou mais ainda. Então, a precariedade teve um agravamento com essa situação. Os migrantes, e aqueles que vivem da ocupação aqui, sobretudo aqueles do centro, eles viviam de pequenos bicos para comer no dia a dia. Os catadores, a mesma coisa. Então, a partir do momento que parou tudo, o comércio parou, aí não tem mais a matéria-prima ou as pessoas não estão comprando aquele cafezinho, aquele suco, aquele churrasquinho que eles vendem aqui pelo centro. Não tem público para isso, então, você imagina a precariedade que isso trouxe para eles.”

Caritas orienta sobre saque de R$600,00

Além da Campanha “Puxirum Manauara” da Caritas, que recebe doações de alimentos não-perecíveis e produtos de higiene e limpeza para poder repassar a quem mais precisa e minimizar os efeitos da pandemia, os voluntários têm orientado sobre o repasse do Auxílio Emergencial de R$600,00, que será pago durante três meses pelo governo federal. De fato, a partir desta segunda-feira (27), começam a ser liberados os saques em dinheiro das poupanças digitais da Caixa Econômica Federal (CEF), através de um calendário que se estende até 5 de maio, com base na data de nascimento do beneficiário.

“A saída é que nós estamos apoiando com as cestas básicas, mas também a gente está orientando para que eles possam acessar esse recurso dos 600 reais. Da mesma forma para os imigrantes: nós criamos aqui algumas orientações, tem a nossa advogada aqui que se coloca à disposição para orientar e tentar ajudá-los a entrar no programa dos 600 reais, mas também ajudar para que, aqueles que moram de aluguel, não sejam despejados por conta de não pagamento do local, por conta da lei em vigor que suspende tudo isso. Porém, a lei acaba sendo abstrata: o patrão ou o dono do imóvel quer receber, porque ele também tem necessidade. Estamos diante de uma situação difícil, complexa, porque essas pessoas que vivem em situação vulnerável, como os migrantes, eles que moram de aluguéis, eles estão buscando a Caritas para tentar ajudar porque o governo do Estado não consegue abrigar o quantitativo.”

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27 abril 2020, 14:32