O arcebispo de Palermo, na Sicília, sul da Itália, dom Corrado Lorefice, com o Papa Francisco O arcebispo de Palermo, na Sicília, sul da Itália, dom Corrado Lorefice, com o Papa Francisco

Coronavírus. Arcebispo de Palermo: devemos confiar e confiar-nos

O coronavírus transformou de modo violento nossos costumes. Para os cristãos é impossível rezar juntos e celebrar a Eucaristia, ressalta dom Lorefice, o qual afirma que podemos refletir somente juntos sobre o modo como enfrentar o sofrimento. Não somos donos desta Terra e nem da vida. Confiar, confiar-se, é a atitude exigida aos fiéis: "confiar no outro, confiar na vida, confiar em Deus"

Cidade do Vaticano

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“Toda a humanidade nestes dias está se tornando Jó e se interroga por qual motivo. Por que aconteceu? Por que as pessoas mais frágeis vacilam e caem? Por que tantos sem trabalho experimentam o peso do caminhar cotidiano? Por que a vida trava e parece derrotada? Ninguém tem uma resposta a essas perguntas”: é o que o arcebispo de Palermo, na Sicília – sul da Itália –, dom Corrado Lorefice,  escreve aos fiéis refletindo sobre aquilo que todo o país está vivendo em decorrência da emergência coronavírus.

Não somos donos da Terra nem da vida

O prelado acrescenta que “podemos refletir somente juntos sobre o modo como enfrentar o sofrimento. Não somos donos desta Terra e nem da vida. Coloquemos o orgulho e o medo em crise (...) Confiar, confiar-se, é a atitude exigida aos fiéis (...) confiar no outro, confiar na vida, confiar em Deus”.

Ao lado da hashtag lançada pela Conferência Episcopal Italiana #ChiCiSeparera (Quem nos separará, ndr) para indicar iniciativas, difundir informações, divulgar avisos, sugerir orações, o arcebispo de Palermo – que está dando conforto espiritual aos fiéis, além de levar adiante várias iniciativas – acrescentou a hashtag #SantuzzaLiberaci para invocar Santa Rosalia que em 1624 libertou da peste a capital da Sicília, Palermo.

A Caritas e a campanha “Precisamos de você”

Por sua vez, a Caritas com a campanha “Precisamos de você”, mantendo o serviços essenciais para as pessoas mais frágeis e necessitadas, no respeito pelas normas higiênicas e sanitárias dispostas pelo governo, convida, quem quiser, a oferecer-se como voluntário, para assegurar ajudas àqueles que se encontram em situações de pobreza, dificuldade e solidão.

Os voluntários são chamados à entrega a domicílio de pacotes de alimentos, remédios e bens de primeira necessidade às pessoas vulneráveis (anciãos, pessoas com deficiência, pessoas desprovidas de vínculos familiares) e à distribuição de refeições para fora nos refeitórios que continuam suas atividades de assistência.

A sacralidade da missão médica

“O coronavírus (...) transformou de modo violento nossos costumes (...) Para os cristãos é impossível rezar juntos e celebrar a Eucaristia”, afirma dom Lorefice. “É verdade. Nós nos sentimos mais unidos. Mas é uma união que nasce do medo e que facilmente pode nos levar ao fechamento nos confins da ‘pátria’ ou a combater lutas dramáticas pela sobrevivência”.

O prelado observa que, porém, “neste momento trágico, quem nos indica um caminho são a seriedade e a nobreza do ‘cuidar-se’ da saúde”. “A sacralidade da missão médica hoje brilha e nos torna gratos e orgulhosos de ter irmãs e irmãos que arriscam a vida para salvar outros. São eles que neste momento tão terrível cantam a nobreza e a grandeza do homem. E depois vem a política.”

Crise exige diretrizes unívocas dos governantes

Dom Lorefice afirma que o coronavírus impõe um novo modelo relacional, que “exige que os governantes nos deem diretrizes unívocas e que nós (...) mudemos estilo e aprendamos nestes dias a obedecer’”.

Para o arcebispo de Palermo, devem ser ajudados sobretudo os jovens, que precisam aprender a ouvir quem tem uma responsabilidade superior para o bem de todos. E dirigindo-se propriamente a eles, o arcebispo conclui:

Proximidade também aos sem-teto

“Não podemos nos dar as mãos, mas podemos fazer nossas almas se encontrarem de muitos modos (...) Isso ajuda a viver, a sentir os corpos próximos, mesmo sem tocar-se. Sem jamais esquecer aqueles que não têm uma casa e todos aqueles que para os quais a casa é um lugar de dor e de fadiga. Faço-me próximo deles com afeto particular”, diz por fim o arcebispo italiano.

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28 março 2020, 12:48