"A impunidade que a polícia e o governo concedem aos autores das violências contribui para corroer a confiança que as vítimas poderiam ter nas autoridades", diz um ativista católico indiano "A impunidade que a polícia e o governo concedem aos autores das violências contribui para corroer a confiança que as vítimas poderiam ter nas autoridades", diz um ativista católico indiano 

Mais de 200 episódios de violência contra cristãos na Índia em 2019

Desde 2014 foi registrado um aumento nos episódios de violência contra os cristãos em praticamente toda a Índia. Somente nos primeiros 243 dias do ano de 2019, houve 218 incidentes.

Cidade do Vaticano

São mais de 200 os episódios de violência contra os cristãos registrados na Índia somente em 2019. A denúncia foi enviada à Agência Fides pela ONG Alliance Defending Freedom (ADF), sediada em Nova Délhi.

O relatório da organização diz que foram 218 incidentes de vários tipos ocorridos nos primeiros 243 dias do ano de 2019. Desses, 159 são violência de massa, cerca de 27 a cada mês, denunciados ao Número Verde do United Christian Forum (UCF),  que oferece assistência gratuita às vítimas.

Agressores tem a proteção da polícia

 

Na nota enviada à Agência Fides, é denunciado que "o modus operandi nos 159 casos de violência em massa é o mesmo. Uma multidão acompanhada pela polícia chega para perturbar um encontro de oração, grita slogans e agride os membros da assembleia dos fiéis, incluindo mulheres e crianças. E então, os pastores que lideram oencontro são presos pela polícia com a falsa acusação de conversões forçadas", disse A.C. Michael, ativista católico e um dos líderes da ADF-Índia.

Segundo ele, "nenhuma dessas falsas acusações foi alguma vez confirmada em um tribunal. De fato, quase todos os pastores presos foram libertados ou absolvidos porque as acusações eram falsas e insustentáveis ​​e ninguém conseguiu fornecer evidências de conversões forçadas".

Essa abordagem, observa ele, "faz com que muitos cristãos enfrentem restrições à liberdade de praticar a própria fé em grande parte do território indiano, uma vez que isso acontece em 23 dos 28 Estados da Índia".

Poucas vítimas registram ocorrência

 

Em Uttar Pradesh foram registrados 51 incidentes, 41 em Tamil Nadu, 24 em Chhattisgarh, 17 em Jharkhand, 16 em Karnataka, 14 em Telangana, 12 em Andhra Pradesh, 9 em Maharashtra, 6 em Haryana, 5 em Bihar, 4 em Delhi, 3 em Odisha, 2 em Himachal Pradesh, Kerala, Puducherry, Rajasthan e Bengala Ocidental, 1 em Goa, Gujarat, Jammu e Caxemira, Madhya Pradesh, Punjab e Tripura.

A ADF observa a existência de uma tendência de não apresentar queixas (First Information Report) contra os autores das violências: de fato, dos 218 casos registrados, apenas 25 foram denunciados.

"Isso demonstra a tácita ligação entre os violentos e a polícia, que obviamente desfruta do patrocínio de líderes ou autoridades políticas locais", observa o ADF.

Às vezes, não se registra uma denúncia também pelo medo de represálias, diz Michael. "A impunidade que a polícia e o governo concedem aos autores das violências contribui para corroer a confiança que as vítimas poderiam ter nas autoridades", observa.

Aumento das violências a partir de 2014

 

Desde 2014, os ataques contra os cristãos têm aumentado constantemente, revela a ADF: 292 em 2018, 240 em 2017, 208 em 2016, 177 em 2015 e 147 em 2014.

"Ninguém deve ser perseguido por causa de sua fé. É preocupante ver esses horríveis atos de violência de massa continuarem mesmo depois de uma série de indicações dadas pela Suprema Corte", diz por sua vez Tehmina Arora, diretora da ADF-Índia.

John Dayal,  leigo católico ativista dos direitos humanos, comentou à Fides que "é positivo que esses dados sejam divulgados. Se o Paquistão é repetidamente criticado pelo governo indiano e internacionalmente por seu tratamento às minorias religiosas, o governo indiano guiado pelo Partido Bharatiya Janata (BJP), por sua vez, continua negando a violência desenfreada contra os cristãos indianos, dizendo que são incidentes esporádicos e recusando-se a indicar membros de grupos extremistas hinduístas como responsáveis, protegidos pela polícia".

O líder católico diz que é defendida "a necessidade de uma lei nacional para controlar a violência direcionada contra minorias religiosas. Sem essa lei, elementos fundamentalistas com proteção estatal continuarão aterrorizando as minorias religiosas e, em particular, a comunidade cristã nas áreas rurais".

(Agência Fides)

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24 setembro 2019, 18:37