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Julgado culpado de abusos, Padre Preynat é demitido do estado clerical

França. “Em consideração dos fatos e da sua recorrência, do grande número de vítimas, do fato que Pe. Bernard Preynat tenha abusado da autoridade conferida a este decorrente da sua posição dentro do grupo de escoteiros que tinha fundado e guiado desde a sua criação, assumindo a dúplice função de líder e capelão, o Tribunal decidiu aplicar a pena máxima prevista pelo direito da Igreja neste caso, ou seja, a demissão do estado clerical”

Cidade do Vaticano

França. O sacerdote Bernard Preynat foi reconhecido culpado de abusos sexuais contra menores e demitido do estado clerical. À espera de um processo civil cuja data ainda não foi fixada, um tribunal eclesiástico se reuniu esta quinta-feira (04/07) para emitir seu veredicto sobre esse caso que teve grande repercussão na Diocese de Lyon e em toda a França.

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Caso levou ao afastamento do arcebispo de Lyon

O sacerdote, 73 anos, era acusado de ter abusado de jovens escoteiros que lhe tinham sido confiados na periferia de Lyon nos anos 70 e 80. Esse caso levou o arcebispo de Lyon, cardeal Philippe Barbarin, a afastar-se da arquidiocese, embora na época dos fatos não estivesse à frente da mesma, mas por ter deixado o sacerdote em suas funções em paróquia até 2015.

Pe. Bernard Preynat “foi reconhecido culpado de ter cometido atos delituosos de caráter sexual contra menores de idade inferior a 16 anos”: essa foi a fórmula precisa do Tribunal eclesiástico colegial encarregado de seu processo penal, num comunicado difundido esta quinta-feira pela Conferência Episcopal Francesa.

Revogação da prescrição permitiu abertura de processo

Nos anos 70 e 80, o sacerdote foi responsável por um grupo de escoteiros em Sainte-Foy-lès-Lyon, que não era afiliado aos movimentos oficiais do escotismo e, portanto, não era objeto de inspeções.

Décadas depois, a associação “A Palavra Liberada” revelou o alcance dos abusos, que envolviam, na época, dezenas de adolescentes. A revogação da prescrição da parte da Congregação para a Doutrina da Fé, feita a pedido do cardeal Barbarin, permitira, em 6 de agosto de 2018, a abertura de um procedimento judiciário a fim de integrar no processo o pedido de ressarcimento das partes.

Aplicação da pena máxima, demissão do estado clerical

“Em consideração dos fatos e da sua recorrência, do grande número de vítimas, do fato que Pe. Bernard Preynat tenha abusado da autoridade conferida a este decorrente da sua posição dentro do grupo de escoteiros que tinha fundado e guiado desde a sua criação, assumindo a dúplice função de líder e capelão, o Tribunal decidiu aplicar a pena máxima prevista pelo direito da Igreja neste caso, ou seja, a demissão do estado clerical.”

Pe. Preynat pode ainda apelar ao Tribunal da Congregação para a Doutrina da Fé daqui até um mês, após o qual a condenação se tornará efetiva.

Mesmo afastado, card. Barbarin permanece arcebispo de Lyon

O Tribunal eclesiástico passará agora em exame os pedidos de ressarcimento das vítimas. Foi por ter deixado Pe. Preynat em suas funções em paróquia, apesar de várias indicações de má conduta do sacerdote, que o arcebispo de Lyon, cardeal Barbarin, em março passado foi condenado em primeiro grau a seis meses de cárcere, com a suspensão da pena.

À espera do processo de apelo, que terá início em 28 de novembro, o governo da arquidiocese foi confiado ao bispo Michel Dubost como administrador apostólico. O cardeal Barbarin permanece, todavia, arcebispo titular de Lyon.

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04 julho 2019, 17:10