Guerras, perseguições e insegurança levaram a uma diminuição considerável da presença cristã no Oriente Médio Guerras, perseguições e insegurança levaram a uma diminuição considerável da presença cristã no Oriente Médio 

Êxodo de populações cristãs do Oriente Médio na pauta do Sínodo da Igreja Maronita

Em função do êxodo de cristãos do Oriente Médio, as dioceses do Líbano, principal reserva maronita de sacerdotes, foram exortadas a dar "prioridade" à formação de sacerdotes missionários e a "ajudar financeiramente as comunidades em crescimento que dela necessitam".

Cidade do Vaticano

Chegam "sérios sinais" dos bispos maronitas na Síria, Jordânia, Terra Santa, Egito e Chipre, sujeitos a "necessidades crescentes que precisam enfrentar, devido a um acúmulo de situações de crise".

O comunicado final do Sínodo anual da Igreja Maronita - realizado nos últimos dias na sede de Bkerké, no Líbano - fala com preocupação do "sangramento humano" que atinge a população cristã, especialmente a maronita, presente nesses países. Em Aleppo, por exemplo, restam apenas 10% dos quatrocentos mil cristãos que viviam na cidade síria antes do início da guerra civil, em março de 2011.

Populações forçadas ao êxodo

 

Entretanto, diante dessa situação, os bispos não pretendem baixar a guarda e afirmam que defenderão, diante de todas as instâncias institucionais, a causa dessas populações forçadas ao êxodo por causa da guerra, da insegurança, das necessidades econômicas ou das pressões ideológicas, de modo que possam "preservar a própria identidade cultural" e seus países "encontrarem um lugar na comunidade árabe e internacional".

O alarme, portanto, não deve trazer desânimo, mas sim esperança, pois de fato, se por um lado se constata que o êxodo de populações cristãs do Oriente Médio é até certo ponto "irreversível", por outro gera um fenômeno de vasos comunicantes: o Oriente que se esvazia faz crescer a presença cristã nos países de imigração.  O Sínodo não faz outro, senão reconhecer este fato.

Episcopados da diáspora

 

Na nota conclusiva - divulgada entre outros pelo jornal libanês em francês, L'Orient-Le Jour e pela agência AsiaNews – é referido que o encontro examinou "a situação dos episcopados da diáspora, bem como o aumento do número de seus fiéis e de suas necessidades pastorais, especialmente no que diz respeito aos sacerdotes”. Desta forma, os bispos concentraram-se nas dioceses da França, na África ocidental e central, nas comunidades da África do Sul, no oeste e norte da Europa, assim como na América Central, Colômbia, Peru e Equador.

As dioceses do Líbano, principal reserva maronita de sacerdotes, foram exortadas a dar "prioridade" à formação de sacerdotes missionários e a "ajudar financeiramente as comunidades em crescimento que dela necessitam". A presença de refugiados sírios no Líbano, seu número e sua distribuição geográfica foi o tema de um relatório detalhado preparado pela Fundação Maronita no mundo.

Liturgia como fator de unidade e formação sacerdotal

 

Tratando depois da questão da reforma litúrgica dentro da Igreja Maronita, o Sínodo insistiu sobre a liturgia como fator de unidade. Devido ao seu papel unificador, também foi dedicada especial atenção aos programas em vigor nos quatro seminários para a formação do sacerdócio (Ghazir, Karm Saddé, Washington e Roma), com uma nota sobre o acompanhamento em todas as etapas da formação sacerdotal e critérios para rejeitar candidatos incompatíveis com a missão eclesial.

No que tange aos tribunais religiosos maronitas e à pastoral do matrimônio, o desejo é de se chegar à criação de juízes em tempo integral e à formação de sacerdotes que sejam especializados em Direito Canônico, assim como a bons resultados no desenvolvimento de centros de escuta e reconciliação, acompanhamento e preparação ao matrimônio.

Escolas fechadas

 

O suceder de crises no Líbano atingiu escolas católicas onde estudam 70% ds crianças e jovens. Uma lei sobre o aumento dos salários no setor obrigou algumas delas a fechar suas portas. O sínodo expressou preocupação a este respeito. Ademais, encoraja o Estado a retomar o programa de empréstimos para as moradias, suspenso devido a um enfraquecimento do seu papel à frente do Banco Central. Para os bispos, bloquear o horizonte dos jovens casais neste quesito é o mesmo que empurrá-los para o êxodo. A exortação à classe política é, ao contrário, para estabelecer um clima de confiança no país, preservando o espírito de convivência e equilíbrio dentro das instituições públicas.

O Sínodo dos bispos da Igreja Patriarcal de Antioquia dos Maronitas também previa algumas nomeações importantes: Dom Paul Abdel Sater, até agora bispo da cúria patriarcal, foi eleito arcebispo de Beirute dos maronitas no lugar de Dom Paul Youssef Matar; enquanto os reverendos Antoine Aoukar e Peter Karam foram eleitos bispos da cúria patriarcal.

(L’Osservatore Romano)

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27 junho 2019, 15:47