Santuário de Santo Antônio em Colombo, símbolo de fé e martírio

Entrando no Santuário de Santo Antônio, em Colombo, respira-se a história do cristianismo no Sri Lanka. Mas sobretudo, são tangíveis os sinais do horror provocado pelos ataques terroristas no Domingo de Páscoa.

Amedeu Lomonaco  - Colombo (Sri Lanka)

A viagem ao Sri Lanka acompanhando a Fundação de direito pontifício “Ajuda à Igreja que Sofre” (AIS), que desenvolve uma série de projetos no país, é um percurso entre locais de martírio.

No Santuário dedicado a Santo Antônio, presentes os dramáticos e devastadores sinais dos ataques perpetrados em 21 de abril, Domingo de Páscoa. Foram oito, no total, as explosões que semearam morte e terror no Sri Lanka. A primeira ocorreu neste Santuário, localizado na periferia de Colombo. Passou-se um mês desde então.

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No Santuário com as profundas marcas deixadas pelos atos insanos, foram iniciados os trabalhos de reconstrução financiados pelo governo. Aos olhos dos fiéis, ele se apresenta revestido por andaimes. É difícil imaginar seu esplendor original. Mas permanece como o coração pulsante do catolicismo no país.

A ligação do Sri Lanka com Santo Antônio

 

As origens da Igreja de Santo Antônio em Colombo remontam ao período da dominação holandesa, no século XVII, quando o catolicismo havia sido banido da ilha.

 

O santuário foi consagrado em 1834 e conserva uma estátua de Santo Antônio que contém uma parte da língua, incorrupta. Santo Antônio é o Santo mais venerado no país e as raízes desta vocação são profundas. Remontam ao século XVI, quando missionários portugueses atravessaram o Oceano Índico para levar as relíquias do Santo à ilha asiática.

Entre os devotos, não somente cristãos

 

O Santuário é visitado por multidões de fiéis de todas as línguas e religiões, ainda que apenas cerca de 7% dos habitantes do Sri Lanka, cerca de 1 milhão e 700 mil, sejam católicos. Por outro lado, chama a atenção o número de pessoas que tem uma devoção especial a Santo Antônio.

Em 2010, as relíquias de Santo Antônio percorreram todas as dioceses da ilha. Mais de 3 milhões de pessoas prestaram homenagem ao Santo. E não somente cristãos, mas também budistas, hinduístas e muçulmanos.

Entre temores e esperança

 

O Santuário de Santo Antônio, portanto, é um dos símbolos de uma harmonia religiosa que, repentina e dramaticamente, ficou mais frágil por causa dos atentados.

A convivência pacífica, no entanto, permanece como o caminho privilegiado, indicado pelos líderes religiosos e seguido por grande parte da população.

Mas no Sri Lanka, onde os budistas são a maioria (68%), respira-se uma atmosfera carregada de tensão. Os cristãos, pouco mais de 9%, temem novos ataques. Os muçulmanos, 8,6%, tem medo de novos confrontos e violências, como as verificadas nos dias passados na parte nordeste do país. Mas uma esperança supera qualquer divisão: a de um Sri Lanka livre do flagelo do terrorismo.

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20 maio 2019, 10:21