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O patriarca Youssef Absi durante a reabertura da catedral greco-melquita destruída pela guerra O patriarca Youssef Absi durante a reabertura da catedral greco-melquita destruída pela guerra 

Cristãos da Síria recordam sequestro de bispos em 2013

Nenhuma notícia sobre o destino dos dois bispos ortodoxos sequestrados seis anos atrás em Alepo, na Síria. Neste período de Páscoa os bispos Yohanna Ibrahim e Boulos Yaziji foram recordados pelas comunidades cristãs. Entrevista com o bispo caldeu de Alepo, Dom Antoine Audo

Michele Raviart – Cidade do Vaticano

Na tarde de 22 de abril de seis anos atrás, o bispo sírio ortodoxo Yohanna Ibrahim e o greco-ortodoxo Boulos Yaziji foram sequestrados em circunstâncias não esclarecidas na localidade de Kafr Dael, cerca de 10 quilômetros de Alepo. Segundo informações da Asia News, os dois bispos trabalhavam nas negociações para a libertação de outros dois sacerdotes sequestrados e, ao chegar em um posto de controle, foram agredidos por alguns homens armados, talvez jihadistas tchechenos, que atiraram e logo mataram o motorista dos bispos. Desde então não foi mais recebida nenhuma notícia e nenhuma reivindicação do sequestro, que atingiu a sofrida comunidade cristã de Alepo, devastada pela guerra e pelo abandono dos fiéis.

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Um momento de unidade e oração

O aniversário do sequestro, neste ano, coincide com a festividade pascal e foi um importante momento de oração para todos os cristãos da cidade. “O patriarca greco-ortodoxo Yohanna Yaziji, irmão de Boutos, veio de Damasco para Alepo para celebrar o Domingo de Ramos e fazer uma oração especial pelos dois bispos” conta ao Vatican News Dom Antoine Audo, bispo caldeu da cidade.

A reabertura da catedral greco-melquita

“A falta de notícia dos nossos irmãos nos faz manter a oração e a esperança”, afirma, “ontem também os sírios ortodoxos, no início da Semana Santa Ortodoxa organizaram uma oração para todos os cristãos recordando os dois bispos sequestrados. Hoje tivemos a inauguração e a bênção da catedral dos greco-melquitas em Alepo, que tinha sido destruída por causa da guerra, com a presença do patriarca Youssef Absi. É tempo de Páscoa e para nós é sinal de esperança e de estar presente apesar das dificuldades e a emigração dos cristãos. Procuramos estar sempre ao lado dos cristãos que ficaram, com orações e atividades”.

Nenhuma notícia dos bispos sequestrados

Sobre o sequestro dos dois bispos Dom Audo confirma a falta de notícias. “Não temos nenhuma informação certa. Às vezes alguém anuncia que os viram, mas nada de seguro. Isso demonstra o quanto a crise síria seja complicada. Há muitos interesses por trás de tudo e antes de falar é preciso refletir com seriedade para não se perder em falsas notícias”.

Juntos apesar da guerra

Todavia as celebrações pascais foram um importante momento de fé e de reconciliação para os fiéis cristãos de Alepo. “Apesar das dificuldades, apesar do pequeno número de cristãos, todas as Igrejas ficaram lotadas, principalmente nas procissões do Domingo de Ramos” explica ainda Dom Audo. “Na Sexta-feira Santa, depois da liturgia, os cristãos visitam todas as igrejas de Alepo e todos fazem peregrinação no bairro cristão. Entram nas igrejas, rezam em silêncio, confessam-se e têm a possibilidade de fazer ofertas aos pobres. É uma tradição muito bonita, muito profunda, de comunhão e de fé, apesar da difícil vida econômica e a crise pela guerra, que ainda não terminou”. “A presença cristã na Síria e no Oriente Médio”, conclui o bispo de Alepo, “é muito importante para a Igreja universal e também como mensagem no mundo árabe e muçulmano, que precisa de paz e de conciliação”.

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24 abril 2019, 11:37