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Terra Santa. Apoio da Caritas Jerusalém a palestinos e israelenses

"Gerações inteiras de jovens nasceram e cresceram sob ocupação, privadas e ultrajadas de vários modos." A humilhação é outra forma de pobreza que se acrescenta à pobreza econômica, à falta de acesso aos serviços e de “respeito pelos direitos humanos que são negados em vários níveis”, afirma Irmã Tighe.

Cidade do Vaticano

“É urgente ajudar israelenses e palestinos a trabalhar juntos pela justiça e a liberdade. Qual é a nossa missão? Ajudar os pobres e os marginalizados de todas as religiões nos territórios palestinos ocupados e em Gaza”: explica a diretora geral da Caritas Jerusalém, Irmã Bridget Tighe.

Quadro completo da situação na Terra Santa

Há quase um ano a religiosa é a diretora geral da Caritas Jerusalém. Tendo na bagagem cinco anos de missão em Gaza, ela contou à agência Sir o trabalho do organismo caritativo realizado desde 1967, após a Guerra dos seis dias, e traçou um quadro completo da situação na Terra Santa aonde, com a satisfação de todos, “muitos peregrinos estão voltando. Um sinal positivo que contribui para aliviar o sofrimento das populações locais”, afirmou a religiosa de origem irlandesa.

Ajuda e apoio humanitário da Caritas Jerusalém

Nesta área, gerações inteiras de jovens nasceram e cresceram sob ocupação, privadas e ultrajadas de vários modos. Segundo a religiosa, a humilhação é outra forma de pobreza que se acrescenta à pobreza econômica, à falta de acesso aos serviços e de “respeito pelos direitos humanos que são negados em vários níveis”.

“[Há um número indefinido de crianças de 12-13 anos e de adolescentes de 17 e 18 anos detidos nas prisões israelenses (em geral acusados de incitação à violência e de lançamento de pedras).]”

Como Caritas Jerusalém, acrescentou Irmã Bridget, “buscamos, naquilo que podemos, aliviar estes sofrimentos mediante uma ajuda e um apoio humanitário. Mas o problema é também cultural e de instrução”.

De ambos os lados, o outro visto como inimigo

Ainda hoje se ensina nas escolas a tratar o outro como inimigo. “Isso é ensinado nos livros escolares aos estudantes israelenses e palestinos. São poucos os casos em que a história é descrita numa perspectiva que não seja palestina ou israelense, buscando propor o estudo e a compreensão do outro. Há associações que trabalham neste âmbito, mas são poucas, colocadas à margem e ‘silenciadas’ pelas autoridades de ambas as partes”.

Segundo a diretora geral da Caritas Jerusalém trata-se de uma situação difícil e complicada que leva muitos palestinos e (e não palestinos) a deixar a Terra Santa em busca de um futuro melhor em outros lugares.

Emigração por motivos essencialmente econômicos

O problema diz respeito, sobretudo – prosseguiu ela –, aos cristãos da Cisjordânia e de Jerusalém leste. “Em Gaza, a comunidade cristã chega escassamente a mil pessoas. Para estes cristãos é muito difícil obter de Israel os vistos necessários para sair. Quando conseguem, normalmente por ocasião do Natal e da Páscoa, muitos não voltam, preferindo permanecer ilegalmente na Cisjordânia. Os motivos pelos quais emigram são essencialmente econômicos, e não religiosos”.

Irmã Bridget assegura que da parte da Caritas Jerusalém e de outras organizações humanitárias se continuará levando o trabalho e a missão adiante “o mais seriamente possível. Temos uma só luz que nos guia e é a esperança, que não deve ser confundida com o otimismo”, ressaltou.

Favorecer o diálogo

“A situação na Terra Santa entre israelenses e palestinos encontra-se estagnada e não sabemos se e como seguirá adiante. Não há nenhuma discussão real em vista de uma retomada do processo de negociação”, disse ainda.

“De nossa parte, permanece o compromisso a favorecer, com a oração e o silêncio, toda possibilidade de diálogo. É urgente ajudar israelenses e palestinos a trabalhar juntos pela justiça e a liberdade”, concluiu a diretora geral da Caritas Jerusalém.

(L’Osservatore Romano)

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07 dezembro 2018, 14:17