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Dom Marcuzzo: a segurança é pretexto do exército israelense para ocupar terras

"O próprio tribunal não pode decidir em mérito à controvérsia, porque os militares usam o pretexto da segurança nacional e dos interesses internos que superam toda e qualquer questão.” “Estamos diante de uma evidente violação dos direitos das pessoas e esse é o fato mais grave”, diz o vigário patriarcal de Jerusalém.

Cidade do Vaticano

Os militares israelenses, com o pretexto “da segurança e do interesse nacional”, agem numa espécie de “impunidade” contra a qual não se pode “fazer nada”, nem mesmo recorrer em tribunal. É o que afirma à agência AsiaNews o vigário patriarcal de Jerusalém, Dom Giacinto-Boulos Marcuzzo, comentando a decisão da cúpula do exército com a estrela de Davi de persistir na ocupação dos terrenos da Igreja no Vale do Jordão setentrional.

Militares israelenses ocupam os terrenos deste 1975

Protesto oficial do Patriarcado

O Patriarcado Latino de Jerusalém contestou na quarta-feira (28/11), em via oficial, a decisão das autoridades militares de prosseguir a ocupação, após ter recebido no dia precedente uma comunicação oficial do exército.

Trata-se de milhares de metros quadrados de terrenos usados como campo de treinamento. Até então os atos de impugnação junto ao tribunal foram inúteis. Os terrenos ocupados encontram-se nas proximidades dos vilarejos palestinos de Tayasir e Bardala, na zona norte do Vale do Jordão.

Nos terrenos encontram-se hoje construções feitas pelos militares, há décadas estanciados na área. Para associações e ongs palestinas, cristãs e muçulmanas, trata-se de apropriação indébita e violação do direito internacional, além de uma ameaça para dezenas de famílias da área, que correm o risco de deportação com o pretexto da segurança.

Exercitações militares são fonte ulterior de mal-estar

Para o vigário patriarcal de Jerusalém os terrenos foram ocupados “sem nenhum acordo ou contrato oficial de aluguel”. Os militares israelenses “ocupam os terrenos desde 1975, tomaram posse e os usufruem sem um ato de venda ou um contrato de aluguel, renovando sua utilização sem pagar absolutamente nada”, acrescenta.

“[Nós, como Igreja, queremos que eles saiam, mas eles permanecem ali indiferentes a nossos protestos. Usam os terrenos para exercitações militares e isso é fonte ulterior de mal-estar.]”

“Na zona há vilarejos e famílias, fala-se de numeras perdas de vidas humanas em consequência das explosões e do pó produzido pelas armas usadas nas exercitações. Fala-se também da utilização de agentes químicos, de doenças e mortes repentinas entre a população da área, inclusive crianças”, prossegue.

Uma evidente violação dos direitos das pessoas

“Continuamos com nossos protestos – assegura o vigário patriarcal de Jerusalém –, embora tenhamos as mãos atadas e não possamos fazer nada”, destaca porém.

“Tentamos no passado, mas há mais de 40 anos tudo se encontra parado. O próprio tribunal não pode decidir em mérito à controvérsia, porque os militares usam o pretexto da segurança nacional e dos interesses internos que superam toda e qualquer questão”. “Estamos diante de uma evidente violação dos direitos das pessoas e esse é o fato mais grave”, conclui.

(AsiaNews)

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29 novembro 2018, 18:37