Papa Francisco visita os imigrantes, em Lampedusa, em julho de 2013 Papa Francisco visita os imigrantes, em Lampedusa, em julho de 2013  

Lampedusa: oração dos bispos africanos pelos imigrantes mortos

Dois dias intensos de encontros com uma visita ao centro de acolhimento de Lampedusa, ao monumento Porta da Europa e a celebração da missa na paróquia da ilha.

Cidade do Vaticano

Uma delegação do Governo de Burkina Fasso e um grupo de bispos de Burkina Fasso e Níger foram à Ilha de Lampedusa, situada na Sicília, sul da Itália, para recordar os imigrantes vítimas de naufrágios no Mar Mediterrâneo e agradecer ao povo da ilha pelo acolhimento durante todos estes anos.

Os bispos vieram, ao Vaticano, para a visita ad Limina e decidiram visitar Lampedusa onde chegaram, nesta terça-feira (29/05), para um visita de dois dias, com a delegação do Governo de Burkina Fasso.

Encontros e oração

Dois dias intensos de encontros com uma visita ao centro de acolhimento de Lampedusa, ao monumento Porta da Europa e a  celebração da missa na paróquia da ilha.

Nesta quarta-feira (30/05), acompanhados por representantes institucionais nacionais e locais, os bispos fizeram uma homenagem às milhares de vítimas de naufrágios, foram ao cemitério e ao Cais de Nossa Senhora de onde partem vários socorros e chegam várias pessoas em busca de um futuro melhor. Os bispos africanos lançaram uma coroa de flores no mar a bordo de um barco da Guarda Costeira.

Mundo mais solidário

A delegação dos bispos é guiada pelo presidente da Conferência Episcopal de Burkina e Níger, Dom Paul Y. Ouedraogo, arcebispo de Bobo-Dioulasso, em Burkina Fasso, que na entrevista ao pe. Jean-Pierre Bodjoko, sublinha o espírito com o qual os bispos fazem essa visita e a dor pela perda de tantas vidas nas águas do Mediterrâneo. Em suas palavras, o forte desejo a fim de que o mundo seja sempre mais globalizado no âmbito da  solidariedade.

Dom Ouedraogo: “Queremos viver esta viagem como uma verdadeira peregrinação. Trata-se de um local que foi alcançado, a Porta da Europa, por aqueles que conseguiram escapar da morte no deserto e da morte no Mediterrâneo. Queremos nos recolher em oração por todos aqueles que morreram nesta estrada da imigração. Queremos rezar também por aqueles que conseguiram chegar aqui e hoje procuram organizar uma nova vida. Para nós é também a ocasião para agradecer a população de Lampedusa, pois foi ela quem socorreu aqueles que conseguiram fazer a travessia, permitindo-lhes reencontrar a sua dignidade de homens e mulheres. Estamos fazendo esta peregrinação seguindo as pegadas do Santo padre com o pensamento voltado aos migrantes que são africanos. São filhos da África a maioria e nós devemos não somente rezar por eles, mas fazer o possível para que esta migração não seja considerada sempre a única solução aos problemas dos jovens, porque são sobretudo eles que se lançam nesta aventura”.

O problema dos imigrantes é fonte de preocupação para o senhor?

Dom Ouedraogo: "Certamente! Nos preocupa porque como você sabe o Níger é um país por onde passam aqueles que se aventuram no deserto. Os países envolvidos são Burkina Fasso e Níger de onde eles partem, passando pela Argélia ou pela Líbia. Obviamente, estamos preocupados com essas pessoas. Depois, tem também o aspecto da experiência que estamos fazendo há alguns anos com a Comunidade de Santo Egídio: é na troca de ideias que pensamos que uma iniciativa desse tipo reacenderia a esperança, mas sobretudo interpelar ainda o mundo para que faça um apelo à sua capacidade de solidariedade. É verdade que a globalização tocou os mercados e a economia, mas no âmbito da solidariedade, do amor ou simplesmente do sentido de humanidade, a globalização não produziu ainda grandes resultados.”

Bispos africanos visitam Lampedusa

 

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30 maio 2018, 14:40