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Padre Vanthuy celabra nas comunidades de Arco Íris, Monte Horeb e Felix Pinto Padre Vanthuy celabra nas comunidades de Arco Íris, Monte Horeb e Felix Pinto 

Os pobres e a teimosia que vem do Ressuscitado

O testemunho do Padre Vanthuy Neto no Sábado de Aleluia, enquanto acompanha comunidades em Roraima, na floresta entre Brasil e Guiana.

Cidade do Vaticano

A liturgia do Sábado de Aleluia aponta que a Páscoa é passar da condição menos humana para a mais humana, é deixar-se envolver pelo mistério de Jesus Cristo, onde os pequenos e os pobres, as culturas e as diversidades dos povos, teimam em afirmar a vida: é a teimosia dos pobres.

De uma pequenas comunidade na floresta entre Brasil e Guiana, Padre Vanthuy Neto ressalta ao Vatican News a 'força das sementes da Amazônia':

“A Amazônia na Páscoa experimenta cada vez mais a se alimentar da força do necessitado: recebe umaforça escondida, misteriosa, interna, a que poderíamos dar o nome de ‘teimosia dos pobres”

“A teimosia dos povos indígenas lutando para garantir a terra, lutando para garantir as suas culturas, a sua língua, o seu jeito de ser e dizendo ‘nós somos diferentes, mas somos humanos, como vocês’. A teimosia dos pequenos agricultores que sonham uma agricultura alternativa, que parte da família, que alimenta a si e a toda uma sociedade envolvente. Uma agricultura que clama por uma reforma agrária na Amazônia, numa reforma de terra... Poderíamos dizer também ‘uma reforma de água’”.

A teimosia dos pobres, pequenos e periféricos

“A teimosia dos pobres é a teimosia dos pequenos das periferias das cidades, que sonham modelos alternativos de vida; com suas pequenas cooperativas, com suas pequenas iniciativas de manutenção da vida, de sobrevivência.

“É a Páscoa acontecendo na Amazônia: a teimosia que veio do Ressuscitado.”

É a grande celebração que se inicia com a luz... luzes vindas da força dos pequenos, das organizações, da Rede Eclesial que vão se dando as mãos: é a Igreja que dá as mãos para pensar como oferecer o caminho de Jesus aos outros... luzes que vêm da pequena comunidade que lá no interior que se organiza e faz um pequeno ‘Bingo’ em favor de uma pessoa que está mais frágil e que precisa conseguir uma ajuda para ir para a cidade, para o hospital. São luzes que vêm da organização e da união dos pequenos que enfrentam os grandes dragões, os faraós que avançam sobre a Amazônia”.

Agricultura de partilha

“A Páscoa, aqui na Amazônia, nesta Noite Santa, aponta com certeza para um novo conceito de território e ambiente, um novo conceito de relações com a Natureza, com os povos, com as culturas; um novo conceito de propriedade, um novo jeito de produzir não pensando na idolatria do dinheiro, mas pensando na partilha e no bem de cada pessoa e ao mesmo tempo, no bem de cada povo”.

A força do Ressuscitado, cântico das comunidades

“Por isso, celebrar a Páscoa na Amazônia é acima de tudo gritar para que aqui,  passemos de condições menos humanas para condições mais humanas. Que a força que vem do Ressuscitado seja o cântico que vêm das comunidades: “Viva a esperança, Ele está no meio de nós e com Ele, caminhamos para um novo céu e uma nova terra”.

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Padre Vanthuy Neto vive em Boa Vista, depois de dirigir por 4 anos o Instituto de Teologia de Ensino Superior da Amazônia, em Manaus.

 

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31 março 2018, 08:08