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Saiba a razão das Igrejas Ortodoxas celebrarem o Natal em 7 de janeiro

As Igrejas Ortodoxas preparam-se para celebrar o Natal em 7 de janeiro, por seguirem o calendário juliano, instituído pelo Imperador Júlio César no ano 45 a.C..

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

Depois de termos celebrado o Natal em 25 de dezembro, uma parte considerável dos cristãos no mundo prepara-se para celebrar a festa do nascimento de Jesus em 7 de janeiro.

O Papa Francisco anualmente felicita os ortodoxos de todo o mundo pelos transcurso da data.

O Patriarca da Igreja Ortodoxa russa, Kirill, por exemplo, preside a celebração do Natal na Catedral Cristo Salvador em Moscou na noite do dia 6.

Já no Egito, mais um Natal será celebrado pelos cristãos coptas em meio às tensões, com medo de atentados.

Dois calendários

O motivo na diferença de datas é a existência de dois calendários seguidos pelas diferentes Igrejas.

Enquanto a Igreja Católica segue o calendário gregoriano, proposto pelo Papa Gregório em 1582 com a Bula Inter gravissimas, a maior parte das Igrejas Ortodoxas do mundo segue o calendário juliano, criado em 45 a.C., durante o Império de Júlio César.

Assim, o 25 de dezembro no calendário gregoriano corresponde ao 7 de janeiro no calendário juliano.

E o 6 de janeiro, vigília de Natal para as Igrejas ortodoxas, marca a Epifania, festa cristã que comemora a manifestação de Jesus Cristo como Deus encarnado, que é celebrada por sua vez em 19 de janeiro pelas Igrejas ortodoxas.

A adoção do calendário gregoriano pelas Igrejas Ortodoxas varia entre as diferentes jurisdições de cada denominação.

Assim, por exemplo, muitos ortodoxos nos Estados Unidos seguem o calendário gregoriano enquanto as Igrejas Ortodoxas no leste europeu e no Oriente Médio seguem o calendário juliano.

O calendário juliano

A origem do calendário juliano remonta ao Império romano. Foi preparado pelo imperador Júlio César no ano 45 a.C., na qualidade de pontífice máximo do Império Romano, a quem competia a tarefa de decidir quando se introduziam os meses intercalares no calendário romano tradicional, um calendário de tipo “lunissolar”.

A reforma do calendário juliano passou a vigorar em 1º de janeiro do ano 45 a.C., tornando o calendário romano um calendário solar, alinhado pelas estações do ano, à semelhança do calendário egípcio que já era seguido.

Assim, o calendário juliano, com as modificações feitas pelo Imperador Augusto - que determinou que a partir do ano 12 a.C. não houvesse anos bissextos até o ano 8 d.C., para compensar os dias bissextos introduzidos a mais - continua a ser utilizado pelos cristãos ortodoxos em vários países.

Nele, os anos bissextos ocorrem sempre de quatro em quatro anos, enquanto no calendário gregoriano não são bissextos os anos seculares exceto os múltiplos de 400, o que hoje acumula uma diferença para o calendário gregoriano de 13 dias. Assim, o dia 3 de janeiro de 2018, no calendário juliano corresponde ao dia 21 de dezembro de 2017.

O calendário gregoriano

Inicialmente, a Igreja havia adotado o calendário Juliano a partir do século IV, que era aquele usado no Império romano.

Em 1582, o Papa Gregório XIII publicou a Bula Inter gravissimas, com a qual se adotava o novo calendário católico, por isto leva o nome de “calendário gregoriano”.

Um dos motivos, é que o calendário juliano havia acumulado dez dias de atraso em relação ao ciclo real do sol, tanto que o equinócio de primavera não caía mais em 21 de março, mas em 11 de março.

Para compensar esta diferença acumulada ao longo dos séculos entre o calendário juliano e as efemérides astronômicas, o Pontífice decretou com a Bula que a quinta-feira, 4 de outubro de 1582 seria imediatamente seguida pela sexta-feira, 15 de outubro.

A determinação foi adotada imediatamente por Espanha, Itália, Portugal e suas colônias, Polônia, Países Baixos católicos, Luxemburgo e, posteriormente, por todos os países ocidentais.

Mas a mudança não foi adotada simultaneamente em todo o mundo, o que causou uma certa confusão na harmonização de datas e na datação de eventos entre os séculos XVI e XX.

Na França, por exemplo, Henrique III decretou o ajuste dos dias em dezembro, o que valeu também para suas colônias. A Grã-Bretanha e os países protestantes apenas adaptaram o novo calendário no século XVIII.

Os países da tradição ortodoxa apenas o adaptaram no início do século XX. Na Rússia, somente após a Revolução de Outubro de 1917, que segundo o calendário gregoriano ocorreu já em novembro (a recém criada URSS adotou o calendário gregoriano em 1918).

Ortodoxos celebram o Natal em 7 de janeiro

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04 janeiro 2018, 12:11