Em muitas igrejas não foi permitida a celebração de Missas Em muitas igrejas não foi permitida a celebração de Missas 

Repressão violenta aos protestos de católicos na RDC

A dura a resposta da polícia congolesa aos protestos de católicos locais contra a permanência no poder do presidente Joseph Kabila deixou oito mortos, inúmeros presos e feridos

Cidade do Vaticano

As forças de segurança da República Democrática do Congo reprimiram com violência no domingo 31 de dezembro um protesto dos católicos locais contra a permanência do presidente Joseph Kabila no poder, cujo mandato expirou no final de 2016.

O balanço é de oito vítimas fatais, além de diversos feridos e detidos. Entre os presos, 12 coroinhas.

A redação de língua francesa do Vatican News conversou por telefone com o secretário geral da Conferência episcopal congolesa (Cenco), Dom Donatien Nshole:

“Segundo as informações que temos, em algumas paróquias a polícia esteve presente na Vigília. Em duas paróquias a polícia impediu a celebração da Missa da manhã estando presente desde a madrugada. Este é um grave atentado à liberdade de culto. Em algumas paróquias, depois de tratativas, a polícia autorizou a celebração da Missa, enquanto em outras, a polícia disse que a Missa seria um problema....mas onde foi celebrada a Missa, houve quem tentou organizar ao final uma caminhada [pela paz], mas que foi dispersada rapidamente com o uso de gás lacrimogênio. Soube do caso de uma paróquia em que diante da hesitação dos sacerdotes em enfrentar a polícia, alguns chacais tentaram saquear a cúria – parece que aconteceu em São Matias – mas não está confirmado. Foram presos alguns sacerdotes nas paróquias onde foi organizada a caminhada. Alguns foram libertados, em relação aos outros não sabemos ainda”.

Diante desta situação pode-se imaginar o estado de choque dos fiéis, seus pastores e bispos...

“Certamente. O atentado à liberdade de culto é algo muito grave em um país que pretende definir-se como democrático. O atentado à liberdade de manifestação é incompatível com um Estado democrático”.

Há um ano foi assinado o Acordo de São Silvestre. O senhor vê nestes acontecimentos uma tentativa por parte das autoridades de colocar em discussão este Acordo?

A nossa tristeza é ver, um ano após o grande trabalho que foi feito e com a solução a um passo, renascer as tensões que deveriam ser evitadas. Ao ouvir as autoridades, a intenção seria a de organizar as eleições para 2018. Acredito que os manifestantes não querem ouvir tanto que as eleições se realizarão em 2018, mas sim querem assegurar-se de que haverá eleições”.

Qual é a sua mensagem para os católicos de Kinshasa?

Aos católicos de Kinshasa, mas a todos os católicos de todo o Congo, recomendamos para permanecerem firmes na fé, para continuarem a manter um comportamento pacífico, para continuarem a reclamar os seus direitos segundo a Constituição, que se mostrem como verdadeiros homens de fé e de esperança que são”.

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01 janeiro 2018, 16:56