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Terceiro Domingo do Advento

No Evangelho a figura de João Batista, austera e sisuda, prega a conversão e mais que qualquer outro profeta, revela, mostra o Messias presente em meio ao povo.

Padre Cesar Augusto dos SantosCidade do Vaticano

«O belíssimo trecho de Isaías escolhido para a liturgia deste domingo nos fala do anúncio da boa nova aos pobres, aos sofridos, aos marginalizados. É Deus quem conduz seu profeta para acarinhar o pequeno com a mensagem de libertação, de alegria, de vida. O profeta diz que Deus o vestiu com as vestes da salvação e o envolveu com o manto da justiça.

João Batista prega a conversão e batiza no rio Jordão

Do mesmo modo Isaías tem certeza desse carinho de Deus pelo povo sofrido e canta: “Exulto de alegria no Senhor e minha alma regozija-se em meu Deus”, como fará Maria, tempos depois: “A minha alma glorifica o Senhor, e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador!”

As vestes a que se refere Isaías nos indicam a união definitiva do povo com o Senhor, união que na Bíblia sempre é identificada como um casamento, aliás é o casamento por excelência. Dentro de nossa visão judaico-cristã, o casamento quer simbolizar a entrega e a união de Deus com seu povo.

Para permitir que o noivo, o Senhor venha até nós e nos despose, é necessário que antes O permitamos nos vestir com a justiça e a salvação. O Senhor quer nos redimir, mas respeita nossa liberdade. Nosso comportamento deve demonstrar que ardemos de desejo por sua salvação e por isso nos convertemos mudando nosso modo de viver, de encarar a realidade.

O final do Evangelho nos diz que João Batista preparava as pessoas para o encontro com Deus, do outro lado do Jordão. Isso significa que atravessar o Jordão é assumir uma vida nova como no casamento. Popularmente falamos “casou e mudou”. Quem adere a Jesus, une-se a ele para sempre e muda de vida.

No Evangelho a figura de João Batista, austera e sisuda, prega a conversão e mais que qualquer outro profeta, revela, mostra o Messias presente em meio ao povo. Maria nos deu Jesus, João Batista o aponta.

Ao mesmo tempo, João Batista nos dá uma lição de humildade, de honestidade, não aceitando nenhum título, por honroso que seja, que falseie sua identidade. Ele não é o Messias, não é Elias e nem um dos grandes profetas. Ele se auto-denomina “a voz”, “a voz que clama no deserto”.

Se pensarmos bem, a voz tem uma missão ao mesmo tempo passageira e permanente. Passageira porque assim que leva a mensagem, ela desaparece. Tem missão permanente enquanto a mensagem que porta permanece para sempre na memória e no coração de quem a recebeu.

Por isso João Batista se intitula a voz. Ele anuncia Jesus Cristo, a luz, e este assume o protagonismo, enquanto o outro desaparece. João nos traz a luz e, cumprida a missão, desaparece.

Também temos a missão de levar Cristo, levar a luz a todos. Essa missão a recebemos de modo scramental quando, no batismo, o padre nos colocou uma vela acesa em nossas mãos e nos incumbiu de levarmos sempre conosco essa luz, a luz de Cristo e de a mantermos acesa até a vida eterna.

Tanto Maria, como Isaías, como João Batista foram anunciadores da chegada do Messias, dos novos tempos. Somos convidados também a essa missão. Para executá-la, deveremos estar revestidos de justiça e com a perspectiva da salvação. Juntamente com essas vestes, tenhamos consciência de que somos apenas um veículo para o Messias, de que ele é o protagonista, ele deverá aparecer e brilhar, ele é a luz!

Essa missão não é um arrogar-se sobre si uma tarefa sublime, mas ela nos foi imposta no dia de nosso batismo, ao recebermos a vela acesa no círio pascal.

Essa luz deverá brilhar sempre, seja em momentos harmoniosos, seja em momentos de conflitos. Ela é a luz que deve sempre imperar porque é a luz da Vida. Essa luz ilumina sempre e aquece porque é a Luz de Deus.

O denominado espírito de Natal é um clima de alegria, harmonia e paz, não porque as pessoas resolveram esquecer problemas e conflitos, mas porque estão mais sensíveis ao sentido da proximidade do Senhor, do Emanuel, Deus – Conosco.

Esse clima, esse espírito deveria estar sempre presente em meio aos cristãos e em qualquer situação. Exatamente aí onde as coisas não estão claras, onde a dúvida e dor se fazem presentes, exatamente aí se precisa da Luz de Cristo, desse espírito de harmonia, de paz, de lucidez.

Preparemo-nos para essa união profunda e radical com o nosso Deus, simbolizada pelo casamento, permitindo ao Senhor que nos vista com as vestes da salvação e nos envolva com o manto da justiça e que em nossa vida resplandeça a Luz de Cristo.

Vem Senhor Jesus, Vem!»

(Reflexão para o III Domingo do Advento – B)

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16 dezembro 2017, 13:08