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RDC: as máscaras da guerra impostas ao Leste do país

Segundo uma fonte da igreja em comunicação com a Agência Fides, “Por vezes, chega-se a pensar que os pobres estão irremediavelmente perdidos. Cidade após cidade, aldeia após aldeia, também o Kivu Sul está a cair. E os sábios continuam a falar de diálogo, a proporem-se como mediadores, sem terem a coragem de dar nomes às coisas”, diz a fonte que sublinha que não se trata de um conflito interno da RDC, mas de uma agressão externa.

Vatican News com Agência Fides

“O país está a ser atacado há anos, com uma acentuação desde novembro de 2021, quando o M23 voltou a pegar em armas. O M23 é a nova máscara da ocupação ruandesa: ao longo do tempo, chamou-se AFDL (Alliance des Forces Démocratiques pour la Libération du Congo), RCD (Rassemblement Congolais pour la Démocratie), CNDP (Congrès National pour la Défense du Peuple)..., e serviu sempre para dar um rosto congolês a um projeto de invasão que não ousa dizer o seu nome.” “Regularmente precedido de motins, pilhagens, assassínios, o ocupante chega apresentando-se como um salvador. Nas suas mãos, não tem o respeito pela lei que ele próprio violou, mas pau e pistola. E os habitantes de Bukavu começaram a sentir o gosto. Hoje, numa grande reunião, vão apresentar os novos líderes e as novas normas”, relata a fonte. Como sinal de uma nova “normalidade”, o M23 reabriu hoje, 18 de fevereiro, as ligações lacustres entre Goma e Bukavu.

“Entretanto, na planície de Ruzizi, as forças ruandesas e do M23 continuam a avançar e já têm Luvungi nas suas mãos”, diz a fonte da Fides.

De acordo com a nossa fonte, a população parece resignada com a nova situação: “E ficaremos surpreendidos se as pessoas aplaudirem. Aplaudirão a mãe que viu apodrecerem nestes dias os tomates que vendia e que conhece o choro das crianças que não conseguem dormir por causa da fome. Aplaudirão os homens e os jovens que sabem que devem fazer tudo para não serem confundidos com soldados civis ou milicianos pró-governamentais. Aplaudirão também, talvez, uma juventude desarticulada a quem não foi oferecida qualquer hipótese de trabalho e de vida digna durante décadas.”

“E talvez alguns digam que o povo está de acordo. O que é que um povo oprimido pode fazer quando não tem alívio, nem interno nem externo? Terá de morrer pelo ideal de uma pátria? Não, agarrar-se-á à sua pequena vida e à dos seus filhos para avançar num mundo que se tornou totalmente hostil”, conclui.

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19 fevereiro 2025, 14:19