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Igreja Santa Isabel de Gabú, vandalizada, na diocese de Bafatá, Guiné-Bissau Igreja Santa Isabel de Gabú, vandalizada, na diocese de Bafatá, Guiné-Bissau 

Guiné-Bissau. Vandalizada a igreja Santa Isabel de Gabú, na diocese de Bafatá

Um grupo de indivíduos não identificados, vandalizou na sexta-feira (01/07) uma igreja na paróquia Santa Isabel de Gabú, leste da Guiné-Bissau, pertencente à Diocese de Bafatá.

Casimiro Jorge Cajucam – Rádio Sol Mansi, Guiné-Bissau

Tudo quebrado, desde o altar, as imagens sagradas inclusive a da Nossa Senhora, e o símbolo da Jornada Mundial da Juventude foi furtado. A profanação da paróquia Santa Isabel de Gabú entra no registo como o primeiro ato de vandalização de um lugar de culto na Guiné-Bissau.

O pároco da paróquia Santa Isabel, padre Odilon Judicael Leno, explicou como chegou e encontrou a igreja.

“Cheguei à Igreja por volta das 11 horas e 30 minutos da manhã e fiquei muito triste com o que vi. Quebraram a imagem da Nossa Senhora e colocaram a Cruz peregrina no chão. Hoje várias coisas foram profanadas", acrescenta o padre, quem defende que “todas as autoridades devem trabalhar para que continue a ser praticada a mesma liberdade religiosa no país”.

O pároco adiantou que a imagem furtada foi colocada naquela paróquia, no quadro da celebração do ano da juventude declarado pela diocese de Bafatá.

A profanação da igreja de Gabú aconteceu sensivelmente um mês depois de um relatório dos EUA, sobre a liberdade religiosa no mundo, alerta para aumento do extremismo religioso na Guiné-Bissau.

Em sua reação sobre ataque à Igreja católica no leste da Guiné-Bissau, o Administrador Diocesano da Diocese de Bafatá, Padre Lúcio Brentagani, que se encontra em Itália, considera ataque à igreja Santa Isabel de Gabú de ato triste e que pessoas fizeram gestos de desprezo às imagens presentes na igreja e que mesmo assim, a manifestação da fé naquela comunidade não vai parar.

“Pode existir alguém que não está de acordo com a nossa fé ou com algo em nossas vidas, mas temos que continuar a celebrar a nossa fé, a nossa confiança em Deus e a celebrar a comunhão entre nós e com todos os nossos irmãos sem a distinção de raça ou religião. Assim como foi na Guiné-Bissau, nós queremos continuar a viver unidos de mãos dadas amando-nos uns aos outros como Jesus nos ensinou”, disse o Don Luccio.

O Administrador Diocesano disse ainda que a Igreja da Guiné-Bissau recebeu a solidariedade de pessoas de diferentes religiões e pertenças, inclusive do Estado e do governo.

Para ele, a solidariedade veio de pessoas que reconhecem a religião como valores fundamentais para todos os seres humanos e que reconhecem diferentes religiões como ponto do diálogo nacional”.

“Nada e ninguém jamais nos separará”, enfatiza o Padre lembrando que a 3 de julho foi celebrada a festa de Santa Isabel – Padroeira da Comunidade – e “isso não foi porque esquecemos ou fingimos que nada aconteceu, mas é porque não podemos parar e nem ficar calados”.

Entretanto, numa primeira reação das autoridades, o secretário regional de Gabú, Mussá Camara, promete trabalhar para levar à justiça os atores do ato. "Vamos investigar para descobrir quem realmente cometeu este ato. Se respeita a sua religião deve respeitar a de outros", afirma Mussá Camará.

Um dia depois o Ministro de administração territorial, Fernando Gomes, visitou a igreja de Gabú e prestou solidariedade à Comunidade paroquial local, tendo prometido uma investigação séria que deve culminar com uma posição firme para desencorajar o ato do género. O Ministro disse ainda que dentro de uma semana serão conhecidos os resultados preliminares das investigações.

Entretanto, indiferente da preocupação da maioria está o presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, que desvalorizou o ato de vandalização da igreja Santa Isabel de Gabú por considerar que “não é algo de outro mundo”, remetendo o caso para a polícia.

“Quantas vezes roubaram relógios, ventoinhas e ar condicionados nas mesquitas? Uma vez fui rezar na mesquita de Cupelum, em Bissau, e que nesse dia pessoas não identificadas roubaram todos os sapatos dos fiéis muçulmanos que se encontravam no interior da mesquita a rezar. Mesmo no Vaticano e na Meca acontecem roubos”, disse Umaro Sissoco Embaló.

Esta é a primeira vez que a Guiné-Bissau registou o ato do género, precisamente numa cidade e região de predominância muçulmana.

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06 julho 2022, 09:13