Guiné-Bissau - Aumento de casos de mutilação genital feminina
Casimiro Cajucam - Rádio Sol Mansi, Bissau
Os dados foram revelados esta terça-feira, (26/04), pelo Comité Nacional para o Abandono de Práticas Nefasta à Saúde da Mulher e Criança (CNAPN) constam no relatório do MICS 2018-2019.
A situação é preocupante e o referido Comité, que tem travado uma luta contra esta prática, decidiu juntar os associados de diferentes zonas do país para juntos analisarem os indicadores relativo a esse aumento de casos.
Na ocasião, o Secretário Geral do Ministério da Mulher, Família e Criança, Carlos Tipote, revelou que “na Guiné-Bissau 52% das mulheres e crianças foram submetidas à Mutilação Genital Feminina (MGF) nas áreas rurais”. De acordo com Tipote, ”mais de metade de mulheres do nosso país inclusive as crianças foram submetidas a esta prática secular nociva” - finalizou.
Face ao aumento de 29,7% em crianças de 0 a 14 anos, a presidente do CNAPN, Mariatu Djalo Condé, questiona a eficiência das estratégias nacionais utilizadas até hoje para travar esta prática, e chama em causa o governo e demais atores nacionais, como organizações da sociedade civil e as lideranças religiosos e tradicionais:
“Este aumento dos indicadores da mutilação genital feminina na Guiné-Bissau, coloca uma séria interrogação sobre a eficiência das estratégias nacionais de irradicação deste fenómeno no país, e interpela a consciência de todos os atores nacionais, nomeadamente o Governo, as ONG’s nacionais e estrangeiras, as organizações da sociedade civil, as lideranças tradicionais e religiosas da Guiné-Bissau sobre compromissos assumidos em diversas ocasiões nas comunidades”, concluiu.
O seminário visa delinear uma estratégia de resposta mais eficaz e consentânea com vista a promover e acelerar o abandono da prática das MGF no país no horizonte de 2022 a 2030.
No final de novembro de 2021, dezoito comunidades anunciaram publicamente que vão abandonar a prática da MGF e que não permitirão o casamento precoce, forçado, infantil ou combinado. Garantiram também facilitar a escolarização das suas meninas.
Dados da UNICEF apontam que em 2017 mais de 200 comunidades guineenses fizeram a sua declaração pública de abandono desta prática.
A MGF é considerada crime na Guiné-Bissau desde 2011, mas relatos do CNAPN indicam que a prática ainda é feita em várias comunidades do país, embora seja às escondidas.
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