Moçambique. Prof. Lino Samuel: “Mulheres e jovens constroem a democracia no País”

P. Bernardo Suate – Cidade do Vaticano

A Faculdade de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Católica de Moçambique (UCM) encontra-se bem inserida na Comunidade moçambicana, participa nos diferentes momentos da vida social e política do País, e goza de parcerias com o Governo local e central, com as Instituições de Ensino Superior nacionais e internacionais, e com a Fundação “Gravissimum Educationis” da Congregação para a Educação Católica – explicou o Dr. Lino Samuel.

Os desafios da UCM, no momento presente, são enormes, reconhece o docente universitário, entre os quais o de tornar a formação dos jovens mais sólida, sobretudo no campo da cidadania, participação e envolvimento na vida social. O Dr. Lino Samuel falou igualmente da empregabilidade dos jovens formados pela UCM, que neste momento é boa, a avaliar pelo elevado número de novos ingressos no início de cada ano académico: “os nossos formados têm tido emprego, é claro numa difícil conjuntura nacional em que o índice geral de empregabilidade é bastante reduzido” – sublinha o Dr. Samuel.

Formação académica humana e integral

A boa aceitação da UCM no mercado do emprego deve-se, para o Dr. Lino Samuel, ao facto de que a formação na UCM não é apenas académica, mas é também humana e integral, uma formação enfim em que a componente ética “é uma das grandes ferramentas que têm dado um diferencial dos formados na UCM, no mercado do trabalho”.

A faculdade de Ciências Sociais e Políticas da UCM participa na Conferência sobre “Educar para a Democracia num Mundo fragmentado”, e Moçambique, assegura o Dr. Lino Samuel, participa no debate consagrado ao tema “Comunidades locais e as práticas democráticas”, para mostrar como as nossas Comunidades praticam a democracia.

Mulheres e jovens na construção da democracia

Na verdade, mostrar como nas Comunidades, a mulher tem grande papel na construção da democracia no contexto moçambicano, é uma das nossas contribuições específicas na Conferência. É, de facto, a mulher, que mais atende às reuniões programadas para os debates sobre a vida social. E outra componente que mais participa na vida social e política é a juventude, acrescentou o professor.

Principais desafios e resposta das Universidades

À pergunta sobre os principais desafios, neste momento, que o País enfrenta e como as Universidades tentam ajudar na busca de soluções, o Dr. Lino observou que Moçambique tem enfrentado grandes desafios nos últimos tempos: entre eles, o alastrar-se do terrorismo na zona norte (Cabo Delgado), a chamada “Junta Militar” (ala desagregada da Renamo, maior partido da Oposição) que tem desestabilizado o Centro do País, e as mudanças climáticas que em Moçambique se manifestam pelos ciclones cíclicos que se têm registado nos últimos anos.

Combater o terrorismo com a formação e resolvendo problemas sociais

Para o Dr. Lino, as universidades moçambicanas, e a UCM em particular, participam na busca de soluções antes de tudo pela formação, mas também através de Congressos ou Simpósios, como o que se realizou no ano passado e no qual se debateram as razões do terrorismo. Oradores e participantes de diferentes partes do mundo chegaram à conclusão de que o terrorismo não se combate apenas com as armas, mas também por vias sociais, resolvendo os problemas sociais ainda não solucionados.

Entre os problemas sociais que aguardam solução o Dr. Lino indicou o fraco desenvolvimento no País, a fraca empregabilidade da juventude e a falta de oportunidades e de acesso ao mercado de emprego da juventude moçambicana. Este ano, por exemplo, e por ocasião dos 30 anos do Acordo de Paz (assinado em outubro de 1992), a UCM vai comemorar o evento organizando um Simpósio “para ver como é que a paz está, como foi alcançada e o que se deve fazer para continuar que haja paz em Moçambique”.

Universidade Católica aberta a todos

O Dr. Lino enfatizou ainda que a UCM é aberta a todos, e conta com estudantes e docentes de diferentes estratos sociais, de diferentes religiões, e acolhe um grande grupo de estudantes muçulmanos e de outras Igrejas, que vêm para a universidade católica porque os pais acreditam que é lá, de facto, onde existe uma formação humana integral, uma formação académica científica e intelectual bem consistente.

Por último, a propósito da participação da UCM na Conferência da Congregação para a Educação Católica, o Dr. Lino promete partilhar “as nossas ideias sobre como as Comunidades locais (e de modo particular as mulheres e os jovens) participam na construção da democracia. “Vai ser um congresso que vai nos ajudar a mostrar quem somos, o que fazemos, de onde viemos e para onde vamos como sociedade moçambicana, e vamos mostrar que participamos arduamente no processo de construção da democracia, à nossa maneira, no nosso País” – concluiu dizendo o docente da UCM.