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D. Antoine Kambanda, Arcebispo de Kigali (Rwanda) D. Antoine Kambanda, Arcebispo de Kigali (Rwanda) 

D. Antoine Kambanda: “Ser Cardeal: uma alegria, um grande fardo e um desafio”

O arcebispo de Kigali, D. Antoine Kambanda, é um dos 13 novos Cardeais que o Papa Francisco vai criar, durante o Consistório ordinário previsto para sábado 28 de novembro, véspera do primeiro domingo do Advento. Em entrevista ao Vatican News, D. Kambanda fala de como acolheu a nomeação.

Cidade do Vaticano

Foi nomeado pelo Papa para a lista dos 13 cardeais que ele vai criar durante o Consistório de 28 de novembro próximo. Como recebeu a notícia e qual foi a sua reação?

Foi uma grande surpresa para mim, que não esperava. Estava nas minhas actividades da vida ordinária quando alguém me telefonou. Eu não acreditei. Mas, mais tarde, ouvi o anúncio durante o Angelus do Papa. É uma surpresa para mim. Agradeço ao Senhor, pois Ele é o autor da história, da história em geral ou da história pessoal. Nunca havia sonhado de ser Cardeal. Foi o Senhor quem o quis. Como diz o Evangelho de hoje (domingo, 25 de outubro de 2020), amo o Senhor e consagrei a minha vida para trabalhar para Ele. Ser Cardeal me dá a oportunidade de trabalhar muito mais para o Senhor. Agradeço muito ao Santo Padre por me confiar esta responsabilidade. Amo a Igreja, gosto de trabalhar para a Igreja e isso me dará a oportunidade de trabalhar muito mais por ela.

O seu País, Rwanda, passou por um período difícil de genocídio. Hoje, este País ainda precisa de pensar nas feridas e viver a reconciliação. Que desafios sente, como futuro Cardeal, no momento em também o Papa acaba de publicar a sua encíclica “Fratelli tutti”, como viver esta realidade na sua nova responsabilidade de Cardeal?

Acabamos de fazer uma caminhada de 26 anos depois do genocídio. E temos trabalhado muito pela reconciliação. Fazia muito mal ver uma comunidade católica e cristã dividida e matando-se entre si durante o genocídio. Agradecemos ao Senhor pela caminhada que fizemos até agora. Neste momento, alcançámos contudo um nível de reconciliação e unidade e a encíclica do Papa "Fratelli tutti" foi bem acolhida em Rwanda. Nós a meditamos e aprofundamos. A encíclica vai reforçar e facilitar o nosso trabalho pastoral de reconciliação. E agora é um desafio para mim, existe este papel na evangelização, dentro da Igreja universal: eu poderia também testemunhar as minhas contribuições, aquilo que se pode partilhar com os outros que também sofrem muito com conflitos violentos e divisões nas comunidades.

No dia 7 de maio de 2013, foi nomeado bispo de Kibungo; a 19 de novembro de 2018, foi nomeado pelo Papa Francisco como arcebispo de Kigali; e agora é Cardeal da Igreja Universal, portanto, para além de Kigali e do Rwanda. Como aprecia a grandeza deste cargo e a confiança que a Igreja deposita em si?

Agradeço ao Senhor por esta graça que actua na sua Igreja, que hoje enfrenta vários desafios. Devemos, portanto, trabalhar muito para transmitir e fazer compreender a mensagem da salvação. É ao mesmo tempo uma alegria, um grande fardo e um desafio.

Será, portanto, o primeiro Cardeal do País?

Sim. Na história do Rwanda, sou o primeiro Cardeal. Na ACEAC (Associação das Conferências Episcopais da África Central), ou seja, Rwanda, RDC e Burundi, nós tínhamos apenas o Cardeal da RDC. Agora é uma grande alegria para a Região dos Grandes Lagos e para a ACEAC por ter um segundo Cardeal.

Que mensagem quer enviar aos seus compatriotas no Rwanda por esta alegria de ter um primeiro Cardeal e também pela Região dos Grandes Lagos que precisa, como disse, de uma grande mensagem de reconciliação?

Agradeço muito aos colegas bispos de Rwanda e da ACEAC pela colaboração, a solidariedade e o trabalho que fazemos. Se o Papa me nomeou Cardeal, é também graças à fé, ao trabalho e à pastoral de toda a comunidade. Asseguro-lhes a minha colaboração e solidariedade, sobretudo pela paz e a reconciliação na região. Vivemos em tempos de tensões, misturadas com a pandemia de Covid-19. Como pastores, precisamos de guiar as pessoas na paz e na fraternidade. Neste contexto, a encíclica "Fratelli tutti" vai nos iluminar e nos ajudará muito na nossa pastoral de reconciliação e fraternidade na região.

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26 outubro 2020, 10:17