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Bispos do Sudão do Sul: Paz e Reconciliação, prioridades da Nação

Igreja no Sudão do Sul pede a instituição de uma Comissão independente para a Verdade e a Reconciliação entre os responsáveis pela tragédia da guerra no país e as suas vítimas. Nas suas mensagem de Páscoa o Bispo de Tombura-Yambio e o Arcebispo de Juba pedem que a paz e a reconciliação sejam prioridade e que se aprenda a perdoar

Isabella Piro/Dulce Araújo - Cidade do Vaticano

A paz seja uma prioridade para a Nação. Assim escreveu na sua mensagem pascal, D. Barani Edward Hiiboro Kussala, Bispo de Tombura-Yambio, no Sudão do Sul. Com efeito, não obstante a instituição, no início deste ano, de um Governo transitório de Unidade Nacional, o Sudão do Sul encontra-se ainda  em condições de instabilidade, pois, muitos encargos não foram ainda atribuídos e tudo parece estar parado, sublinha D. Kussala.

Coronavírus

A esta situação já de per si precária, veio juntar-se o coronavírus, “um inimigo maior que ameaça a todos” - acrescenta o prelado, para o qual esta é uma razão a mais para se evitar ulteriores hostilidades, mas - frisa  - é necessário ter como meta um “objectivo nobre” , o mesmo que inspirou o caminho para a independência obtida em 2011, ou seja “justiça, liberdade e prosperidade” para todos. “Temos de aprender – escreve o Bispo de Tombura-Yambio – a viver como irmãos, irmãs e amigos, porque é isto que somos”.  

Apelo ao diálogo

Daí o seu apelo aos políticos a fim de que iniciem, sem perda de tempo,  “o diálogo para encontrar uma solução às questões ainda em aberto, por forma a proporcionar ao Sudão do Sul e aos seus cidadãos uma verdadeira paz e para que os refugiados, as mulheres e as crianças, possam regressar às próprias casas”. “A paz seja a prioridade” – insiste o prelado que pede ao Governo para completar a sua formação “com vista na promoção do bem comum”.

Fundos para combater o coronavírus

O Bispo de Tombura-Yambio pede ao mesmo tempo ao Governo para “predispor fundos e para instituir estruturas sanitárias em todos os Estados do país para os ajudar a combater o Covid-19.” Por fim, exprime a sua gratidão a todos os “profissionais de saúde que estão a fazer enormes sacrifícios, mesmo arriscando a própria vida, para prestar as curas necessárias às pessoas atingidas pelo coronavírus no país.”

Arcebispo de Juba – Reconciliação, conversão dos corações

Na mesma linha vai o Arcebispo de Juba, D. Stephan Ameyu Martin Mulla que, na sua mensagem pascal, sublinha a necessidade de o Sudão do Sul se reconciliar, depois de tantos anos de conflito. “Somos uma nação destruída – afirma. As famílias estão desestruturadas, as comunidades desagregadas, os cidadãos já não podem mais. E a reconciliação é a única resposta a esta fractura, porque a reconciliação é o dom de Deus que salva a Humanidade”. Contudo – continua – para a realizar completamente “é necessária uma radical conversão interior do coração das pessoas.”

Aprender a perdoar e seguir o exemplo de Nelson Mandela

O Arcebispo de Juba recorda ainda que o Sudão do Sul já passou por “duas guerras civis terríveis, atrocidades, crimes de guerra e contra a Humanidade, estupros… A população está traumatizada do ponto de vista físico, psicológico e espiritual. É, portanto, necessário que o Governo e todas as Igrejas dêem início a um processo de “cura nacional”. “Exorto vivamente o povo do Sudão do Sul – acrescenta D. Martin Mulla – a aprender a perdoar e a reconciliar-se, como fizeram os heróis do passado, filhos da África como Nelson Mandela”.

Instituir Comissão Verdade e Reconciliação

Nesta óptica o Arcebispo de Juba afirma ainda: “A Igreja pede a instituição de uma Comissão independente, “ Verdade e Reconciliação em que os cidadãos tenham a oportunidade de dizer a verdade e só a verdade, para curar a nossa comunidade”. “Os responsáveis da tragédia no Sul do Sudão – acrescenta – responderão confessando os seus pecados em público perante a Comissão, por forma a que possam ser perdoados pelas suas vítimas: este é o modo da Igreja de reconciliar as pessoa com Deus e com os irmãos e irmãs”.

Olhar para Deus, amar e entrar em comunhão com todos

Por fim, o prelado recorda que “a Pascoa é festa de Reconciliação entre o homem e Deus” e que é, portanto, olhar para Deus que se deve “amare e entrar em comunhão com todos”.

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20 abril 2020, 14:28