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2019.01.03 Stelae obelischi Axum Etiopia 2019.01.03 Stelae obelischi Axum Etiopia 

Descoberta igreja do século IV na Etiópia

Na Etiópia, mais precisamente em Beta Samati, importante cidade do antigo Império de Aksum, recentes escavações arqueológicas trouxeram à luz uma igreja de inícios do século IV depois de Cristo. Esta é a prova mais antiga da existencia de uma igreja em toda a África subsaariana, afirmou Aaron Butts, professor de Línguas Semíticas e Egípcias na Universidade Católica de Washington.

Dulce Araújo - Cidade do Vaticano

Este achamento, dado a conhecer em dezembro passado pela revista Antiguity (retomada por outros órgãos de informação) é a confirmação de que o cristianismo chegou muito cedo a essa região africana, situada a mais de quatro mil km de Roma – lê-se na revista do Museu Smithsonian, citada pelo Semanário católico espanhol de informação, on line,  “Alfa e Omega”.  

Essa igreja foi descoberta por uma equipa de arqueólogos durante escavações realizadas entre 2011 e 2016 em Beta Sumati, cidade descoberta em 2009 e que foi habitada de forma contínua ao longo de 1.400 anos, entre 750 antes de Cristo e o 650 depois de Cristo, aproximadamente.

A cidade pertenceu, portanto, seja à civilização pré-aksumita, seja ao Império Aksumita que se desenvolveu posteriormente. Uma hipótese – afirma o artigo de Smithsonian – é que o edifício, em forma de basílica romana e planta rectangular de 18 metros por doze, tenha sido primeira uma construção civil e depois transformada em templo.

Graças a esta descoberta, os investigadores podem estar mais seguros quanto à data da chegada do cristianismo à Etiópia, na mesma época em que começou a expandir-se pela Europa e Médio Oriente, depois de o Imperador romano Constantino ter posto termo à persecução dos cristãos no ano 313 – refere a fonte.

Cristianismo chegou cedo à Etiópia

O achado faz pensar que o cristianismo se expandiu rapidamente através de rotas comerciais de longa distância que ligavam o Mediterrâneo, a África e o sul da Ásia através do Mar Vermelho – continua a publicação do Museu Smithsonian. Isto – acrescenta - traz nova luz acerca de uma época significativa e sobre a qual os historiadores até agora sabiam pouco.

Segundo o líder da equipa de arqueólogos, Michael Harrower, da Universidade John Hopkins, o Império de Aksum foi uma das antigas civilizações mais influentes do mundo, mas é ainda hoje uma das menos conhecidas. As escavações que estão a ser levadas a cabo em Beta Samati (que na língua local significa “o lugar onde se fazem audiências”) ajuda a completar vazios importantes  na compreensão dessas civilizações.

Objectos encontrados

Na basílica e seus arredores foram encontrados objectos tanto seculares como religiosos, incluindo um anel de ouro, figuras de gado, cruzes, incensórios, selos e moedas provavelmente destinadas ao comércio. Foi também encontrado um colar em pedra, com uma cruz  esculpida, trazendo escrito  em língua etíope antiga, a palavra “venerável”. Perto do muro oriental da Igreja foi encontrada a inscrição de uma súplica a Cristo.

O conjunto “mostra uma complexa mistura de tradição e comércio secular com práticas pagãs e cristãs que necessitam de uma maior investigação” – concluem os autores. Futuras escavações poderão esclarecer temas tão interessantes como a ascensão de um dos primeiros sistemas políticos complexos de África, o desenvolvimento das suas conexões comerciais, a conversão do politeísmo ao cristianismo e finalmente o declínio de Aksum – conclui o Semanário católico espanhol de informação “Alfa e Omega”.

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04 janeiro 2020, 15:44