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Seca e fome no sul de Angola afecta milhares de famílias Seca e fome no sul de Angola afecta milhares de famílias 

Seca severa continua a fustigar o sul de Angola, com risco de catástrofe humanitária

Em Angola, a seca severa que há mais de 8 meses assola o sul do País, designadamente as províncias do Cunene, Benguela, Namibe, Huila e Cuando Cubango, provocou a primeira vítima mortal directa nestas últimas semanas, na comuna de Lícua, província Cuando Cubango.

Anastácio Sasembele – Luanda, Angola

A seca continua a fustigar muitas famílias apesar das ajudas governamentais e de várias organizações da sociedade civil, e já causou a morte de mais de 26 mil cabeças de gado.

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Segundo fontes locais, a seca no sul de Angola já abrange 5 das 18 províncias angolanas (Cunene, Benguela, Namibe, Huila e Cuando Cubango) e nas últimas semanas provocou a morte de uma criança de 3 anos de idade, na comuna de Lícua, município de Mavinga, província do Cuando Cubango, e 600 mil outras pessoas correm o risco de perder a vida devido à penúria alimentar.  

Mais de 70 mil famílias pela fome devido à seca

Segundo a vice-governadora para a Área social da província do Cuando Cubango, Sara Luísa Mateus, cerca de 70.530 famílias estão afectadas pela fome devido à falta de alimentos, resultante da falta de chuvas regulares para a irrigação dos campos agrícolas. Por este facto, a governante pede o reforço nas ajudas com mantimentos para os assolados pela estiagem.

Governo financia construção de barragens na região

O governo do Presidente angolano, João Lourenço, disponibilizou recentemente 200 milhões de dólares o equivalente a 174 milhões de euros, para a construção de três barragens no rio Cunene, na região do Cafu, município de Ombadja, e outras duas no rio Cuvelai, nas zonas do Caluncuve e do Ndue.

Perigo de catástrofe humanitária

O Padre Pio Wakussanga, missionário na localidade dos Gambos, província da Huila, uma das zonas fortemente afectadas pela seca e fome, alertou que se não houver uma acção concreta do governo dentro de 6 meses em relação à problemática da seca e fome que atinge algumas províncias do sul do País, pode haver uma catástrofe humanitária.

Para a Madre Emiliano Bundo, missionária das Irmãs Franciscanas Reparadoras em Angola, a solução da seca e fome no sul de Angola passa pela criação de programas concretos a curto, médio e longo prazos.

Das províncias da Região Sul, o Cunene é que enfrenta, há oito anos, a mais severa estiagem da sua história, que já deixou mais de oitocentas mil famílias e mais de um milhão de bovinos à beira da morte.

Não se justifica que o povo no sul de Angola continue a sofrer

Para o Padre Celestino Epalanga, Secretario da Comissão de Justiça e Paz da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), não se justifica o facto de o povo do sul de Angola continuar a sofrer as consequências da seca, uma situação há muito conhecida pelo governo angolano e que deveria receber uma melhor intervenção na altura em que o país vivia um relativo conforto económico.

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07 agosto 2019, 18:15