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2019.04.29 Audrey Kamsu e Rokaya, a Secretária da UAR-AUB 2019.04.29 Audrey Kamsu e Rokaya, a Secretária da UAR-AUB 

AUB-Vision apresentada pela sua coordenadora, Audrey Kamsu

Audrey Kamsu é uma das várias mulheres que trabalham, com sucesso, no Secretariado da UAR-AUB (União Africana de Radiodifusão), em Dakar. É coordenadora do projecto AUB-Vision, a plataforma de troca de conteúdos entre os órgãos de comunicação dos 54 países membros da UAR-AUB. Projecto que ela deu a conhecer em entrevista à Rádio Vaticano.

Dulce Araújo - Cidade do Vaticano

Algumas semanas atrás apresentamos na rubrica "África.Vozes Femininas"  uma entrevista com a Presidente da UAR-AUB (a União Africana de Radiodifusão, Keitirele Mathapi. Na ocasião ela sublinhava, com satisfação, que o secretariado dessa organização pan-africana de comunicação é composta essencialmente por mulheres. E uma dessas mulheres é a jovem Audrey Kamsu que está à frente da plataforma de troca de conteúdos denominada “AUB-Vision”.  Falamos com ela no dia do lançamento do projecto foi lançado. Foi na 12ª Assembleia Geral da UAR-AUB  que teve lugar na cidade marroquina de Marrakech, de 25 a 29 de Março passado.

Oiça

Sou Audrey Kamsu, chefe do projecto de troca de conteúdos e de informação na AUB. A nossa sede é em Dakar, no Senegal. A União reúne 54 [países] membros e o projecto AUB-Vision que foi hoje lançado (mas que iniciou há já três meses), diz respeito à troca de conteúdos (informações, programas, magazine…) entre os membros da AUB, mas também com o resto do mundo

- Como funciona, como podem os países membros aceder a esses conteúdos e pôr lá também os seus conteúdos por forma a enriquecer a plataforma?

Na realidade, a  AUB-Vision  é uma plataforma em tecnologia Claud. É um Claud em que os membros da AUB, através de um ponto focal em cada organização, carrega, ou seja, põe à disposição o conteúdo, informações quotidianas do seu país e dá, assim, a possibilidade aos outros países de ver quotidianamente o que é feito. O meu papel na coordenação do projecto, a nível da Direcção geral da UAB, é também o de preparar um autlook  africano para recolher aquilo que cada um envia como conteúdo e difundir para os outros de forma a que cada redacção africana esteja à medida de poder falar da actualidade africana prevista ao longo do dia: o que vai haver como notícia, o que se passou neste ou naquele país, e isto abre as redacções africanas à África. E para além de informações, há também programas, sobretudo culturais, o desporto, magazines sobre o desenvolvimento… Fizemos,  por exemplo, uma série de programas para o Dia Internacional das Mulheres e foi interessante ver como se celebra esse dia em diversos países africanos. E no fim, tivemos Angola e a Nigéria que produziram um magazine sobre o Dia da Mulher em África com a compilação de diversas celebrações, o que foi bastante interessante.”

- E a plataforma AUB-Vision prevê só troca de programas para televisão ou também material sonoro para radio?

O projecto sonoro está também previsto, mas não está ainda activado porque neste primeiro tempo o vídeo, sendo mais atractivo… mas num segundo momento vamos também lançar conteúdos para radio.”

- E quem pode aceder à plataforma são só televisões públicas ou também privadas, uma vez que a UAR-AUB está a abrir-se também a televisões particulares?

Exactamente, há televisões privadas que são membros da UAR-AUB e fazem, portanto, parte da AUB-Vision, ou seja os conteúdos vêm seja do público que do privado. O Gabão, por ex., tem uma TV particular, a Label TV, e a TV pública que são ambas membros. Os conteúdos são diferentes, os pontos de vista são diferentes, são informações, programas, acho que é importante poder ter essa diversidade editorial porque o ponto de vista do meio público de comunicação não é sempre o mesmo do privado. A ideia é, poder, justamente, proporcionar a boa informação ao público que recebe o conteúdo.”

- E tendes alguma forma de controlar a qualidade desses conteúdos ou cada um põe lá o que considera ser bom para os outros?

Sim, cada um põe o que considera ser bom para os outros, seja em termos editoriais que em termos de qualidade técnica do que é enviado, mas admito que no Continente temos ainda desafios do ponto de vista técnico e os conteúdos não são todos da mesma qualidade, há alguns que trabalham ainda em SD, outros que já passaram ao HD, mas a ideia é poder, justamente, ajudar quem ainda tem problemas, a melhorar o seu conteúdo, porque à força de receber e difundir conteúdos de alta qualidade, vai ter vontade de melhorar o seu próprio conteúdo, como aliás, me dizia um delegado do Benim. Então, isto também faz parte do projecto AUB-Vision.”

- Não sei se percebi bem como se acede à plataforma AUB-Vision. Suponhamos que a Televisão pública de Cabo Verde quer aceder a essa plataforma, o que deve fazer exactamente?

Actualmente, se a TV de Cabo Verde quer ter acesso, ela é membro da UAR, ela informa, há um formulário de registo, ela recebe uma palavra chave e um código de acesso à plataforma, um pequeno curso para a utilização e explora a plataforma, é tudo.”

- E há um custo para tudo isso, ou é a AUB que assume as despesas?

Sim, actualmente o uso da plataforma é gratuito. A prioridade neste momento é favorecer o intercâmbio, mas um segundo aspecto da plataforma é a venda de conteúdos, também porque os conteúdos africanos têm hoje valor, sobretudo os programas culturais e tudo o que é relativo ao desporto, à cultura… esses conteúdos poderão vir a ser vendidos em breve, mesmo fora do continente.”

- A AUB-Vision é, de certo modo, um embrião de resposta à questão de como preencher os numerosos canais televisivos que resultarão da passagem do sistema analógico de transmissão ao digital e que está actualmente em curso em todo o continente africano?

Sim, é também um embrião de resposta porque a AUB-Vision é em tecnologia Claud e é acessível também através dos smart phones. Conto-lhe um facto: nós fizemos a cobertura das eleições na República Democrática do Congo, e se seguiu as informações sabe que cortaram a internet durante quase um mês, durante todo o período das eleições. E então, o nosso ponto focal na RDC, para enviar peças [à plataforma] ia à fronteira entre o Congo Kinshasa e o Congo Brazzaville, onde podia captar o sinal que vinha de muito longe e nos enviar o conteúdo no Claud através do seu smart phone. E isso era formidável!”

Podem-se fazer coisas em África! Efectivamente, podem-se fazer  coisas em África.

Muito obrigada Audrey, não sei se há mais alguma coisa que nos quer dizer a propósito da AUB-Vision…

Sim, o que gostaria de poder dizer é que a África hoje quer comunicar realmente o que ela é, temos potencialidades, valores, temos belas coisas, não há só a política, hoje a AUB-Vision  não quer só ter conteúdos políticos, mas também comunicar realmente sobre a sociedade e a cultura africanas.”

Palavras de Audrey Kamsu, Coordenadora da plataforma de troca de conteúdos, AUB-Vision, um dos importantes projectos da UAR-AUB, União Africana de Radiodifusão. Foi lançado em Janeiro deste ano e apresentado na 12ª Assembleia Geral da UAR-AUB, em finais de Março findo.

Foi assim a nossa rubrica dominical, África. Vozes Femininas em que recordamos também que Audrey é uma das várias mulheres que trabalham na AUB e que, segundo a Presidente Keitirele Mathapi, fazem um bom trabalho, sendo isto positivo tanto para essa Organização pan-africana de comunicação como para o desenvolvimento da África em geral.

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29 abril 2019, 12:58