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Papa Francisco no encontro com a comunidade Rom, na Viagem Apostólica à Eslováquia  Papa Francisco no encontro com a comunidade Rom, na Viagem Apostólica à Eslováquia  

Igreja, casa de acolhida

"Que a vida comunitária seja de fato um terreno fértil para o anúncio e o encontro com Jesus Cristo, não somente morto e crucificado, mas vivo e ressuscitado da morte, razão de nossa fé. Por isso, o primeiro anúncio do amor de Deus, expressado na Páscoa do Senhor, deve ser a tônica alegre de nossos encontros, celebrações e objetivos pastorais".

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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“«Vejo com clareza que aquilo de que a Igreja mais precisa hoje é a capacidade de curar as feridas e de aquecer o coração dos fiéis, a proximidade. Vejo a Igreja como um hospital de campanha depois de uma batalha (...). Curar as feridas, curar as feridas... E é necessário começar de baixo»”

Em setembro de 2013, pouco mais de seis meses do início de seu Pontificado, o Papa Francisco concedeu uma longa entrevista ao sacerdote jesuíta Antonio Spadaro, onde afirma sonhar “com uma Igreja pastora”, que "em vez de ser apenas uma Igreja que acolhe e recebe, tendo as portas abertas", procura "ser uma Igreja que encontra novos caminhos, que é capaz de sair de si mesma e ir ao encontro de quem não a frequenta, de quem a abandonou ou lhe é indiferente. Quem a abandonou - observou - fê-lo, por vezes, por razões que, se forem bem compreendidas e avaliadas, podem levar a um regresso. Mas é necessário audácia, coragem". O mais importante, no entanto, é o primeiro anúncio: “Jesus Cristo salvou-te!”.

Igreja em saída, Igreja que acolhe: esses mesmos conceitos passaram a fazer parte da Exortação Apostólica Evangelli Gaudium de Francisco, publicada ainda no primeiro ano de seu Pontificado. No programa de hoje, seguindo esta mesma linha, padre Gerson Schmidt* dá continuidade à exposição das diversas imagens da Igreja, falando sobre "Igreja, casa de acolhida":

 

"A Igreja em todo o Brasil, por meios das novas diretrizes da Ação Evangelizadora, está caminhando para formar verdadeiros discípulos missionários, dentro de comunidades eclesiais missionárias, propondo a imagem da Igreja como casa, onde as paróquias gerem células vivas e comunidades de comunidades.

Estamos nos detendo nessa imagem da Lumem Gentium da Igreja como uma verdadeira família e uma casa de fraterna acolhida. A palavra “casa” sugere muitas ideias para que o fiel se achegue mais, sinta-se acolhido e bem recebido como estando em sua própria casa, onde compartilha a ternura, o aconchego do lar, o perdão, o conhecimento mútuo e a comunhão. A Paróquia e todas as estruturas eclesiais devem ser essa casa, lugar onde a família de Deus se abrigue e viva a partilha dos diversos dons, onde exista um verdadeiro amor que Jesus ensinou. Nossas comunidades precisam ser lugar do abraço e do afeto, pilar do amor recíproco, berço onde vivamos a “revolução da ternura”, como disse Papa Francisco, no documento Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho, n. 288).

A família é ponto de chegada da ação pastoral e o ponto de partida para a vida comunitária mais ampla. Por isso, a Igreja precisa estar “de saída”, que vá ao encontro dos afastados, daqueles que não mais procuram a fé e se sentem excluídos do amor de Deus. Nossas portas devem estar abertas, não simplesmente para entrar, mas para que possamos sair em missão.

Por isso, as novas Diretrizes da CNBB apontam para Igreja mais missionária, deixando a burocratização que afasta. Que a Igreja não aparente ser uma empresa que presta somente serviços religiosos e que sirva só na ocasião da necessidade. A comunidade de Jesus Cristo deve ser um espaço aberto e evangelizador, lugar da presença do ressuscitado, que a vai santificando. Que a vida comunitária seja de fato um terreno fértil para o anúncio e o encontro com Jesus Cristo, não somente morto e crucificado, mas vivo e ressuscitado da morte, razão de nossa fé. Por isso, o primeiro anúncio do amor de Deus, expressado na Páscoa do Senhor, deve ser a tônica alegre de nossos encontros, celebrações e objetivos pastorais.  É a forma de nossa pregação anunciar que Jesus ressuscitou, razão de toda a fé. Por isso, não pregamos uma fé morta e cheio de esquemas. Mas pregamos uma pessoa: Jesus Cristo vitorioso.

Essa casa, segundo os documentos da CNBB, é feita de quatro pilares, que fazem parte dos fundamentos sólidos e constitutivos da Igreja de Cristo: pilar da Palavra, pilar do Pão, pilar da Caridade e pilar da Missão. Somos convocados a fundamentar nosso cristianismo nesses pilares para erguer os fundamentos de toda a casa e de toda a ação pastoral em cima desses pilares, sem os quais não se erguem as paredes ou telhado posterior. Somos todos membros vivos nessa casa de ação e comunhão. Cada batizado é discípulo missionário, gerador de comunidades eclesiais missionárias, prioridade e objetivo principal das novas diretrizes da Igreja no Brasil."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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02 fevereiro 2022, 08:21