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Comissão examina danos provocados pelos artefatos explosivos Comissão examina danos provocados pelos artefatos explosivos 

75 anos atrás o bombardeio aéreo sofrido pela Cidade do Vaticano

No livro "1943, Bombas sobre o Vaticano", de Augusto Ferrara, se repercorre o dia 5 de novembro de 75 anos atrás, quando o coração do cristianismo foi atingido, sem provocar vítimas. Objetivo do ataque era silenciar a Rádio Vaticano, diz o autor.

Benedetta Capelli e Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano

Havia silêncio nas ruas da Cidade do Vaticano, escuridão, e nos corações de quem vivia entre os muros Leoninos sentia-se o medo e temor pela segunda guerra mundial em curso, pelas feridas que esta provocava nas famílias, nas comunidades, nos países. Eram 20h10 locais de 5 de novembro de 1943 (75 anos atrás) quando um avião efetuou um voo rasante em torno do Vaticano, inesperadamente, soltando 5 bombas: 4 caíram no território pontifício, uma não explodiu.

O Vaticano atingido pelas bombas

A primeira explodiu próximo da estação ferroviária; a segunda atingiu de cheio o Laboratório do Mosaico provocando danos ingentes e destruindo um patrimônio artístico de enorme valor. A terceira bomba atingiu um lado do Prédio do Governatorato, danificando algumas repartições. Por fim, o quarto artefato explodiu na Praça de Santa Marta quebrando os vitrais posteriores da Basílica de São Pedro.

Silenciar a Rádio Vaticano

Segundo o autor do livro “1943, Bombas sobre o Vaticano”, Augusto Ferrara, o objetivo era a Rádio Vaticano que transmitia mensagens para os prisioneiros de guerra. O volume constitui um trabalho minucioso enriquecido com fotos tiradas pelo fotógrafo oficial do Papa, Giuseppe Felici, com artigos do “L’Osservatore Romano”, “La Civiltà Cattolica” e “Il Messaggero” junto a uma rica documentação filatélica e postal da época. Segue a entrevista do Vatican News ao autor do livro:

Ouça na íntegra incluindo a voz do entrevistado

Augusto Ferrara:- Com certeza, o objetivo – diz o autor do livro – foi “atingir a Rádio Vaticano com as transmissões que fazia da sede central na Cidade do Vaticano. O ataque foi perpetrado por um fascista que com um pequeno avião tendo partido de Viterbo (região do Lácio) sobrevoou o Vaticano soltando as bombas que tinham por objetivo impedir as mensagens que normalmente eram dadas pela Rádio Vaticano”.

Vatican News: O senhor disse ter sido “obra de um fascista”. Essa é a versão mais provável? Tratou-se de um gesto isolado ou por ordem do Comando fascista?

Augusto Ferrara:- “Digamos que as testemunhas inseridas no livro confirmam esta reconstrução. Após a publicação do volume apareceu também a contribuição de um sacerdote que intermediava entre as autoridades alemães e o Vaticano e que validou esta posição. Mussolini, que foi imediatamente informado sobre o ataque, condenou a ação. Já se tinha tomado conhecimento deste fascista. No livro há fotos tiradas pelo fotógrafo oficial do Vaticano que logo depois das 20h10, e na manhã seguinte, 6 de novembro, com sua máquina fez todas essas fotos que são umas trinta repercorrendo o trajeto feito pelo avião ao lançar essas bombas no território do Vaticano. Durante vários dias – contam testemunhas – o avião tinha sobrevoado a zona para identificar onde atingir a Rádio Vaticano.”

Vatican News: Houve notícias sobre Pio XII a propósito deste ataque?

Augusto Ferrara:- “Sim. Foi descrito no L’Osservatore Romano imediatamente após o ocorrido. No volume, trago as cópias do L’Osservatore Romano no dia de domingo, quando o Papa assomou à Praça São Pedro e falou sobre o bombardeio e a eventual investigação feita com a Inspetoria italiana.”

Vatican News: Em todo caso, foi um evento que não teve grande repercussão na imprensa...

Augusto Ferrara:- “Logo em seguida, três-quatro dias após o domingo, quando o Papa veio a saber que se tinha tratado da estupidez irresponsável de um fascista, como a Itália estava em guerra, preferiu que não se propalasse, que os jornais não falassem mais sobre o evento. Ainda havia incertezas em torno do bombardeio vaticano, somente investigações em curso... Por isso o Papa preferiu que a imprensa não falasse mais sobre o ocorrido.”

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05 novembro 2018, 19:18