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Paixão do Senhor: A força de Deus é a impotência do Calvário

Na tarde desta Sexta-feira Santa, (29), o Papa presidiu à celebração da Paixão do Senhor na Basílica de São Pedro. Após a Liturgia da Palavra, o cardeal Raniero Cantalamessa proferiu a homilia: “Que lição para nós que, mais ou menos conscientemente, queremos sempre nos colocar em evidência! Que lição, sobretudo para os poderosos da terra!”

Vatican News

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Francisco presidiu na tarde desta Sexta-feira Santa, 29 de março, na Basílica Vaticana a celebração da Paixão do Senhor, com a Liturgia da Palavra, a Adoração da Cruz e a Sagrada Comunhão para aproximadamente 4500 fiéis. Na homilia, o cardeal Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, aprofundou o episódio bíblico em que Jesus se revela aos fariseus no Evangelho de João: "Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então sabereis que Eu Sou".

A face onipotente de Deus

Jesus veio para "inverter" a ideia humana de Deus, mas, enfatizou o cardeal, "a ideia de Deus que Jesus veio mudar, infelizmente, todos nós a trazemos dentro, em nosso inconsciente", porque "pode-se falar de um Deus único, puro espírito, ente supremo", mas é difícil vê-lo " no aniquilamento da sua morte na cruz".

Para entender isso, completa Cantalamessa, é de fato necessário refletir sobre o verdadeiro significado da onipotência de Deus. "Diante das criaturas humanas", explica, Deus está de fato "desprovido de toda capacidade, não somente constritiva, mas também defensiva. Não pode intervir com autoridade para se impor a eles. Não pode fazer outra coisa senão respeitar, em medida infinita, a livre escolha dos homens". A verdadeira face de sua onipotência, portanto, é revelada "no seu Filho, que se põe de joelhos diante dos discípulos para lavar-lhes os pés; nele que, reduzido à mais radical impotência sobre a cruz, continua a amar e perdoar, sem jamais condenar".

Lição para os poderosos da terra

A verdadeira onipotência de Deus, portanto, "é a total impotência do Calvário". Segundo o pregador da Casa Pontifícia, é preciso "pouca força para pôr-se em evidência", mas "é preciso muito poder para se colocar de lado, para se apagar". "Que lição para nós que, mais ou menos conscientemente, queremos sempre nos colocar em evidência!", reitera o cardeal, "que lição, sobretudo para os poderosos da terra! Para aqueles que não pensam em servir nem mesmo remotamente, mas só no poder pelo poder".

 A ressurreição acontece no mistério

"A ressurreição", enfatiza Cantalamessa, "ocorre no mistério, sem testemunhas". Enquanto sua morte é vista por uma grande multidão e pelas mais altas autoridades políticas e religiosas, "ao ressuscitar, Jesus aparece apenas para alguns discípulos, fora dos holofotes". Depois do sofrimento, de fato, "não é preciso esperar um triunfo exterior, visível, como uma glória terrena. O triunfo se dá no invisível e é de ordem infinitamente superior, porque é eterno! Os mártires de ontem e hoje são o exemplo disso.".

A onipotência do amor

"Jesus não aparece no meio deles para demonstrar que erraram e para zombar da sua ira impotente", continua o cardeal, porque "toda vingança seria incompatível com o amor que Cristo quis testemunhar aos homens com a sua paixão". 

As palavras que Jesus dirige ao mundo do alto da sua cruz reafirmam isso: "Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados, e eu vos aliviarei". "Alguém que não tem, ele mesmo, uma pedra sobre a qual repousar a cabeça, alguém que foi rejeitado pelos seus, condenado à morte", conclui Cantalamessa, "volta-se à humanidade inteira, de todos os lugares e todos os tempos". Todos, ninguém excluído: "os idosos, os doentes e os solitários, aqueles que o mundo deixa morrer na miséria, na fome ou sob as bombas, aqueles que por sua fé n'Ele ou por sua luta pela liberdade definham em uma cela de prisão, a mulher vítima de violência. Ao renunciar à ideia humana de onipotência, Ele preserva a Sua própria, que é a onipotência do amor.”

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29 março 2024, 18:55