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Na imagem, os rostos das quatro religiosas mortas em Aden, no Iêmen em 2016 Na imagem, os rostos das quatro religiosas mortas em Aden, no Iêmen em 2016 

Francisco: a memória das religiosas mortas no Iêmen

Na Audiência Geral desta quarta-feira, 19 de abril, recordando os mártires como modelos de testemunho de fé e vivência cristã, o Papa Francisco lembrou das religiosas Missionárias da Caridade, assassinadas no Iêmen.
Ouça a reportagem

Irmã Grazielle Rigotti, ascj - Vatican News

O Papa Francisco, fez memória na manhã desta quarta-feira, 19 de abril, durante a Audiência Geral, das quatro religiosas que foram vítimas de um ataque terrorista em Aden, uma grande cidade iemenita, e onde 16 pessoas perderam suas vidas em 2016. Em reportagem do Vatican News, quando decorridos cinco anos da ocasião da tragédia, o jornalista Andrea De Angelis relata o ocorrido.

Eram 8 horas da manhã do dia 4 de março de 2016, e as quatro religiosas serviam café da manhã aos idosos da casa em Aden, onde dedicaram suas vidas aos últimos, os esquecidos, aqueles que o Papa Francisco descreveu repetidamente como "descartados", apelando para uma conversão dos corações que rejeita a cultura do descarte. Quatro irmãs Missionárias da Caridade, a congregação fundada por Santa Madre Teresa de Calcutá, trabalhando no Iêmen, um país cuja guerra é muitas vezes esquecida e cuja crise humanitária é hoje a pior do mundo. Elas estavam lá todos os dias ao lado de idosos iemenitas, em um asilo onde ocorreu o ataque terrorista naquela manhã. Os jihadistas invadiram e mataram a tiros outros membros do pessoal das instalações. No total, houveram 16 vítimas desse massacre.

As religiosas

Os nomes das religiosas, recordados pelo Papa, eram Irmã Annselna, Irmã Judith, Irmã Margarita e Irmã Reginette. Elas vieram respectivamente da Índia, Quênia e, as duas últimas, de Ruanda. A mais velha, Annselna, tinha 57 anos de idade. Reginette, de 32 anos, era a mais jovem. Tendo também servido aos pobres nos Estados Unidos e na Itália, Irmã Annselna tinha decidido continuar seu trabalho no Iêmen. Um país também escolhido pelas outras três religiosas. Dom Paul Hinder, Vigário Apostólico da Arábia do Sul na época, enfatizou aos microfones da Rádio Vaticano como as quatro irmãs "já haviam sido alvo de ataques direcionados no passado, mas tinham decidido ficar, não importasse o que acontecesse, porque isto faz parte de sua espiritualidade".

Eles são Jesus para nós

De fato, Irmã Cyrene, na época provincial das Missionárias na Itália, dizia: "vivemos na esperança de que tudo isso seja uma semente para uma nova vida, para um amor maior". Como Missionárias da Caridade", disse ela, "oferecemos nossas vidas a Deus pelos mais pobres dos pobres". Madre Teresa diria: 'Eles são Jesus para nós' e seus olhos sofredores são o olhar de Cristo que clama na cruz: 'Tenho sede! Eu tenho sede de seu amor". Assim, as irmãs já haviam oferecido suas vidas. E ao mesmo tempo querem estar aos pés da Cruz com Maria, ajudando Jesus que está em agonia. E esta foi também a razão pela qual as irmãs permaneceram ali, em Aden, para servir os pobres, em ocultação, em silêncio... Uma vida diária feita de pequenas coisas: isto é viver aos pés da Cruz. Mesmo durante os bombardeios dos últimos meses, as irmãs estavam bem cientes de que estavam arriscando suas vidas. E então devemos falar sobre os colegas de trabalho: sobre aquelas pessoas que foram mortas e deixaram suas famílias para trás".

A lembrança do Papa

Por ocasião da sua catequese sobre a evangelização, proferida durante a Audiência Geral deste 19 de abril, o Papa recordou as religiosas:

“Penso, por exemplo, no Iêmen, uma terra há muitos anos ferida por uma guerra terrível, esquecida, que causou tantos mortos e ainda hoje faz sofrer tantas pessoas, especialmente crianças. Precisamente nessa terra houve testemunhos resplandecentes de fé, como o das irmãs Missionárias da Caridade, que ali deram a vida. Ainda hoje elas estão presentes no Iêmen, onde oferecem assistência a idosos enfermos e a pessoas portadoras de deficiência. Algumas delas sofreram o martírio, mas as demais continuam, arriscam a vida, mas vão em frente. Recebem todos, de qualquer religião, porque a caridade e a fraternidade não têm fronteiras.”

Além das quatro missionárias mártires, Francisco recordou Irmã Mary Michael, Irmã Mary Zelia, Irmã Mary Aletta, outras três Missionárias da Caridade que foram assassinadas no dia 27 de julho de 1998 na província de Hodeida, também no Iêmen.

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19 abril 2023, 12:27