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Editorial: O Papa constrói pontes

Uma viagem marcada pelos temas escolhidos para ambos os países: “Amor e paz”, para Mianmar e “Harmonia e paz” para Bangladesh.

Silvonei José - Cidade do Vaticano 

O Papa Francisco conclui neste sábado a sua 21ª Viagem Apostólica Internacional que o levou a Mianmar, primeira etapa, e depois a Bangladesh. Uma viagem marcada pelos temas escolhidos para ambos os países: “Amor e paz”, para Mianmar e “Harmonia e paz” para Bangladesh. Francisco termina uma viagem muito desejada por ele, pois desde o início de seu Pontificado sempre falou da necessidade de uma Igreja em saída e de ir ao encontro das grandes periferias. E os dois países visitados certamente se encontram na grande periferia.

[ Audio Embed Confirmou que eles não estão sozinhos nesta caminhada.]

Um fio condutor ligou essa viagem realizada em duas etapas, a busca de reconciliação e de fraternidade.

Em Mianmar, nos vários encontros que teve, Francisco chamou a atenção para a unidade devido à grande diversidade que existe naquele país. Uma unidade da qual faz parte a pequena comunidade católica, que deseja trabalhar em sintonia com a grande maioria budista. Trabalhar juntos pelo país, pelo seu povo, pela paz, pelo direito de cada um.

Francisco concluiu sua passagem por Mianmar com uma missa para os jovens na qual, com sensibilidade diplomática, fez um chamado à reconciliação do país e à defesa das minorias e dos direitos humanos, sem se referir explicitamente à questão da minoria Rohingya.  Francisco convidou os jovens a levarem a todo o país, “a paixão pelos direitos humanos e pela justiça”.

O encontro com a Nobel da Paz Aung San Suu Chi e com os líderes militares do país selaram o aspecto diplomático da visita.

Também o encontro com os líderes budistas foi um momento marcante, durante o qual Francisco pediu que se trabalhe pela paz, pelo respeito da dignidade humana e pela justiça para todos. “Se devemos estar unidos, com o nosso propósito, é necessário superar todas as formas de incompreensões, de intolerância, de preconceito e de ódio”, disse.

Durante os dias passados em Mianmar Francisco também se mostrou muito próximo à pequena comunidade católica do país, de cerca 650 mil pessoas, no meio de 52 milhões de habitantes. Falando sobre ela destacou o seu trabalho de ajuda “sem distinção de religião e etnia”.

As 16 dioceses do país se mobilizaram para viver os momentos de festa junto ao seu pastor. Um esforço quer comoveu o Papa Francisco. Depois a viagem a Daca, na segunda visita a Bangladesh de um Pontífice desde a independência do país em 1971, depois do Papa João Paulo II em 1986.

Em Bangladesh, entre os momentos mais fortes, o encontro com um grupo de refugiados Rohingya, minoria muçulmana que fugiu de Mianmar. A eles o Pontífice, pronunciando pela primeira vez a palavra “proibida” em Mianmar, pediu perdão “precisamente pela indiferença do mundo em relação à tragédia dos refugiados Rohingya. O Papa, emocionado, se disse cheio de vergonha e pediu perdão depois de ter cumprimentado e escutado, um por um, alguns refugiados. Francisco nas suas palavras denunciou mais uma vez o egoísmo de quem olha para o outro lado.

Bangladesh acolheu cerca de 1 milhão de Rohingyas que foram forçados a abandonar suas terras em Mianmar.

Semana passada os governos de Bangladesh e Mianmar concordaram um processo de repatriação para os refugiados Rohingya que se prevê inicie nos dois próximos meses. As autoridades birmanesas não reconhece a cidadania aos rohingya, pois os consideram imigrantes bengaleses.

Francisco falou do grande “espírito de generosidade e solidariedade deste país” que acolheu essa minoria. Uma tomada de posição do Papa que dá esperança para uma solução dessa grave crise humanitária. Já o encontro inter-religioso e ecumênico pela paz em Daca caracterizou-se pelo desejo de harmonia, fraternidade e paz “encarnado nos ensinamentos das religiões do mundo”.

“Em Bangladesh, onde o direito à liberdade religiosa é um princípio fundamental, que este compromisso seja um apelo respeitoso, mas firme, a quem procura fomentar divisão, ódio e violência em nome da religião”, disse o Papa.”

Isto requer mais do que simples tolerância, estimula-nos  - disse o Papa - a estender a mão ao outro numa atitude de mútua confiança e compreensão. “Anima a exercitar-nos na abertura do coração, para ver os outros como um caminho e não como um obstáculo.”

Francisco conclui mais uma viagem pastoral que o levou a se encontrar com um pequeno rebanho do outro lado do mundo, mas um rebanho de grande fé e esperança. Criou pontes e abraçou irmãos de outras confissões. Lançou sementes que certamente darão seus frutos, o tempo dirá. Mas a certeza que fica é que o Pastor foi ao encontro de seu rebanho. Olhou nos olhos de suas ovelhas e pediu para serem testemunhas da mensagem de amor e e paz que Cristo nos deixou. Pediu para serem mensageiros e testemunhas do Evangelho. Confirmou que eles não estão sozinhos nesta caminhada.

 

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02 dezembro 2017, 14:37