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Comentário: O papel da sociedade civil

“Desigualdade e exploração não são uma fatalidade", porque os mesmos dependem dos comportamentos individuais e das “regras econômicas que uma sociedade decide dar-se”.

Cidade do Vaticano

“O aumento das desigualdades e a exploração do planeta”, o “trabalho não digno da pessoa humana”: essas são as principais causas que alimentam as exclusões e “as periferias existenciais”. Recebendo no último mês de outubro os participantes de um encontro promovido pela Pontifícia Academia das Ciências Sociais, Francisco chamou a atenção, no âmbito de uma reflexão, para “novos modelos de cooperação entre o mercado, o Estado e a sociedade civil, apontando as causas e os desafios da sociedade atual.

Ssuperar as formas de “preguiça espiritual"

O Pontífice reafirmou quedesigualdade e exploração não são uma fatalidade, porque os mesmos dependem dos comportamentos individuais e das “regras econômicas que uma sociedade decide dar-se”. Uma referência a setores como o energético, bancário, da instrução, etc. que, advertiu o Papa, dependendo como foram projetados, geram consequências diversas sobre o modo em que as rendas e riquezas são repartidas.

Já sobre a causa da exclusão, que diz respeito à dignidade do trabalho, Francisco fez notar como a criação de novos empregos necessita de pessoas abertas e empreendedoras, de relações fraternas, de pesquisas e investimentos no desenvolvimento, por exemplo, de energia limpa para resolver os desafios da mudança climática.

O Santo Padre foi contundente, exortando a se desvincular das pressões de “lobbies” públicos e privados e superar as formas de “preguiça espiritual”, para que a ação política seja verdadeiramente colocada a serviço da pessoa humana, do bem comum e do respeito pela natureza.

Eis, portanto, que o desafio a ser acolhido e aceito consiste em pedir ao mercado não somente que seja eficaz na produção de riqueza e assegurar um crescimento sustentável, mas também de colocar-se ao serviço do desenvolvimento.

O Santo Padre afirmou que o Estado não pode pretender ser o único e exclusivo titular do bem comum não permitindo a outros corpos da sociedade civil de exprimirem, com liberdade, todo o seu potencial. Para Francisco seria uma violação do princípio de subsidiariedade que, junto com o da solidariedade, constitui uma coluna fundamental da doutrina social da Igreja. Aqui está então o desafio, como conectar os direitos individuais ao bem comum.

Neste sentido o Papa fez votos de um “repensamento da figura e do papel do Estado-nação”, relançando no seu interno o papel específico da sociedade civil, chamada a impulsionar o Estado e o mercado, a fim de que repensem a sua razão de ser e o seu modo de atuar. (Silvonei José)

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01 novembro 2017, 18:54