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Chuva de mísseis sobre a Ucrânia teve civis como alvo, denuncia sacerdote

Na narrativa do redator-chefe do Departamento de Comunicação da Igreja Greco-Católica Ucraniana, as últimas horas dramáticas vividas nas principais cidades do país, incluindo a capital Kiev, submetidas a um violento bombardeio dos russos, que atingiu uma maternidade, escolas, casas, centros comerciais: “O Natal é fonte de esperança e de força. Deus está conosco e seguimos em frente"

Svitlana Dukhovych - Cidade do Vaticano

“Sobrevivemos, graças a Deus sobrevivemos a um ataque realizado com mais de 100 mísseis.” Padre Taras Zheplinskyi, redator-chefe do Departamento de Comunicação da Igreja Greco-Católica Ucraniana, fala ao Vatican News de Kiev, a capital submetida a massivos bombardeios russos durante a noite e durante parte da manhã desta sexta-feira, 30. Os ataques que, entre Kiev e as outras cidades atingidas, como Odessa, Zaporizhzhia, Kharkiv, Lviv e Dnipro, mataram 42 pessoas (sendo 19 em Kiev) e causaram ferimentos em ao menos outras 160, incluindo duas crianças de seis e oito anos.

“A maioria destes ataques – afirma o sacerdote – tinha como objetivo matar civis e não alvos militares”. Padre Zheplinskyi lista os alvos atingidos nas últimas horas: maternidade, escolas, centros comerciais, edifícios residenciais de mais de vinte andares. “As pessoas estavam dormindo – explica ele – por isso o ataque não foi contra os militares. Eles não estão lutando contra um exército, é uma guerra contra civis, civis ucranianos.”

Mortes não são estatísticas

 

A confirmar a extensão do maior ataque dos últimos meses - 158 entre mísseis e drones - está o próprio presidente ucraniano Volodymir Zelensky que, além de declarar que a maior parte dos mísseis foram interceptados e abatidos pela antiaérea ucraniana, anunciou uma pronta resposta “aos ataques terroristas”.

“Às vezes - pontuou o sacerdote - faltam palavras para descrever o que vivemos. A primeira coisa que fazes quando ouves um míssil prestes a cair ou quando ouves uma explosão, é descobrir qualquer informação possível. Telefona para seus entes queridos para saber se está tudo bem, se todos sobreviveram."

Como aconteceu com o próprio sacerdote, quando durante o ataque estava longe da mulher e do filho porque estava celebrando  a Missa e não pode telefonar, não pode saber quem era o alvo do ataque.

O número de mortos e feridos aumenta dramaticamente “as estatísticas são sempre atualizadas – continua Zheplinskyi – mas como sacerdote gostaria de pedir para ir além dos números, porque diante de cada número há uma vida, perdida ou ferida. Depois de sobreviver a este ataque, agradeço a Deus, rezo pelos mortos e pelos feridos e peço-lhes que rezem e tentem ajudar o povo sofredor da Ucrânia”.

Natal, fonte de esperança e força

 

Para a Ucrânia este foi o segundo Natal vivido em meio à guerra “e nós, como cristãos, celebramo-lo”, embora antes, explica o sacerdote, tenha havido ddebates sobre se era ou não apropriado fazê-lo. “Celebramo-lo e, na Ucrânia que vive a guerra, acolhemos Deus que nasceu entre nós. E esta foi a mensagem principal desta celebração: Deus está conosco”.

E é precisamente desta importante mensagem que padre Taras e os outros civis tiram forças para seguir em frente, apesar do conflito e dos perigos. “Se Deus está conosco, seguimos em frente. Às vezes falta às pessoas a esperança, falta-lhes a fonte de onde tirar forças. O Natal tornou-se fonte de esperança e força. Deus está conosco, esta é a mensagem importante que eu também, como sacerdote, tentei transmitir ao assustado povo da Ucrânia”.

*Dados atualizados às 8h42 de domingo, 31 de dezembro

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29 dezembro 2023, 14:25