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Cardeal Sako: Bento XVI um 'grande teólogo' e 'profeta' das relações com o Islã

À agência católica AsiaNews, o patriarca caldeu recorda o Pontífice emérito que faleceu na manhã deste sábado, 31 de dezembro. Um "homem de Deus" com um rosto "luminoso", que um dia será proclamado "doutor pelo que ele deixou". Um vínculo de "proximidade profunda" com o mundo muçulmano. Apoio ao Sínodo sobre o Oriente Médio em 2010

Vatican News

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Um Pontífice "profético" em suas relações com o Islã, um "grande teólogo" com expressões "claras e compreensíveis" e um pastor "próximo do Iraque e do Oriente Médio". Esta é a recordação de Bento XVI confiada à AsiaNews pelo patriarca de Bagdá dos caldeus, cardeal Louis Raphael Sako, que precisamente sob o Pontificado do Papa emérito foi eleito primaz da Igreja caldeia, no final de janeiro de 2013, alguns dias antes da histórica renúncia ao Pontificado.

"Por Bento XVI - ressalta o cardeal - tenho grande estima. Ele é um homem de Deus, com um rosto luminoso. Talvez um dia, na história da Igreja, ele seja proclamado doutor, por tudo que deixou no campo da teologia. Hoje não temos um estudioso de seu peso".

O Papa Ratzinger, prossegue o cardeal Sako falando de Bagdá por telefone, "para nós cristãos do Oriente Médio foi um elemento de profunda proximidade e atenção. Entre as lembranças mais vivas - continua o purpurado - está a visita ad Limina (em 2010), quando como arcebispo de Kirkuk eu lhe propus fazer um Sínodo para o Oriente Médio".

Um homem muito humilde, um homem de Deus

"E ele aceitou imediatamente com entusiasmo, dizendo ‘é uma boa ideia e dou meu consentimento’. Ele também era um homem muito humilde, embora não seja conveniente dizer santo imediatamente, ele era realmente um santo por causa do que ele fazia" para a Igreja.

Em relação à ligação com o Iraque, o cardeal Sako a define como uma "proximidade profunda" e também nas relações humanas ele estava "muito atento: lembro que quando fui escolhido como patriarca fomos até ele para uma audiência. O Papa não pôde fazer longos discursos porque estava muito cansado, mas desejou-me felicidades. E olhando para minha irmã, me disse que também ele tinha uma irmã a quem era muito apegado e que infelizmente tinha morrido".

O próprio evento de sua renúncia, acrescenta o patriarca, logo após aquele encontro e que "impressionou o mundo inteiro" é uma "tomada de consciência" da limitação humana. "Quando a pessoa vê que não pode carregar esta responsabilidade - afirma -, se retira e dá o lugar a outro. Este é um exemplo forte, este é um homem de Deus".

Orações da Igreja iraquiana pelo Papa emérito

Por fim, a relação com o Islã e a controvérsia que se seguiu ao famoso discurso de Regensburg em 2006, que inflamou muitas praças na Europa e no Oriente Médio. "Os muçulmanos – ressalta o cardeal Sako - não o entenderam e se criou uma forte tensão. Eu era bispo de Kirkuk na época e sofri muito, também sofremos um atentado pesado, um carro-bomba que explodiu na frente de uma igreja e matou um coroinha caldeu".

"Só mais tarde entenderam que ele estava certo e, hoje, com o Papa Francisco, grandes progressos estão sendo feitos" tanto com o mundo sunita quanto com o Islã xiita, como emerge dos encontros com o imame de al-Azhar e ayatollah al-Sistani. "Esta proximidade - acrescenta - ajudou muito os cristãos do Oriente a continuar nossa vida e a fortalecer a coexistência pacífica".

Bento XVI, conclui o patriarca Sako, era "um homem de valor, de fé, de oração, com uma relação humana profunda e não superficial, fria e desapegada". Há dias a Igreja iraquiana tem rezado pelo Papa emérito, e as celebrações continuarão nas próximas horas em memória do Papa emérito com missas e orações.

(com AsiaNews)

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02 janeiro 2023, 11:30