Diocese de Campos: cuidar do pobre e revelar o Deus amor
Ricardo Gomes – Diocese de Campos
“A mercê de Deus primeiro alcança a cada um de nós, nos chama ao caminho, nos modela; sim com as próprias mãos Deus nos refaz. Mercê (misericórdia) esta acompanhada de justiça, muito além de um sentimento de piedade, mas um rigor amoroso ao olhar os mais sofridos deste mundo; que nem sempre são os que têm menos dinheiro ou bens. O mundo clama por uma oração concreta, sim rezada e meditada, mas, sobretudo, disponível ao clamor dos agonizantes. – Ir Bruno Mazoto - Religioso da Congregação dos Irmãos Mercedários da Caridade.
Desde a chegada à diocese de Campos a Congregação dos Irmãos Mercedários da Caridade aceitou o desafio de estar no Distrito de Travessão, Campos dos Goytacazes (RJ) com a missão de formar uma igreja pobre, com os pobres e para os pobres. E no ano que a diocese celebra seu centenário esse projeto vem ganhando força da construção de uma igreja em saída que vai as periferias para transformar vidas que carrega as marcas da dor, sofrimento e de superar todas exclusões.
Caridade e cuidado
“O atraente da nossa vida não é o convento onde estamos, pois é simples, nem o hábito que carregamos, pois nem o usamos o tempo todo, o atraente de nossa vida é a caridade redentora que não priva nosso olhar de uma determinada pobreza, mas priva a nossa pobreza de um olhar mesquinho, frio e apático ante a realidade que vivemos. A misericórdia emerge, portanto, não como um carisma próprio, mas como uma necessidade própria de quem quer amar e servir a Deus.” Irmão Bruno Mazoto – religioso da Congregação dos Irmãos Mercedários da Caridade.
Caridade e cuidado: duas palavras e ação que transforma tudo com o amor. Viver entre os pobres, mas olhando a cada um com o olhar de Cristo e vendo neles o Cristo que sofre na sociedade. E um dos gestos concretos é o sopão distribuído todas as sextas feiras. Das experiências de vida, o jovem Bruno Mazoto recorda a chegada a Travessão, Campos dos Goytacazes.
“Há pouco mais de três anos eu chegava aqui a Travessão de Campos, eu morava com minha família, na zona rural de um pequeno Município de Minas Gerais, trabalhava na roça com meu pai, a vida era difícil e penosa; não menos que aqui. Testemunhar Deus carregá-lo nas escolas que trabalho, onde o ateísmo é declarado, inclusive por alunos e colegas de trabalho, é mais perverso ao coração do que a enxada, o sol e o trabalho forçoso da lida na roça. A miséria humana muitas vezes também se veste com roupas finas”, revela o jovem.
Tudo começa com a oração....
“Não há, pois, um cristão que não reza, quanto menos um consagrado”. Fenando Martins – religioso Mercedário da Caridade
Na comunidade dos religiosos o dia começa bem cedo com as orações. E a partir daí os trabalhos realizados na casa pelos religiosos que preparam desde o café da manhã até as refeições partilhadas durante o dia. Fernando Martins cita o Papa Francisco que destaca que a vocação nasce da oração e se sustenta na oração, sendo esta “o respiro da vida”, como que o oxigênio que a alma necessita para manter-se viva.
“A importância da oração fica clara quando nos damos conta de que Jesus, mesmo sendo Deus, rezava ao Pai frequentemente. E Ele não apenas nos deu o exemplo, mas ensinou-nos a mais eloquente de todas as preces. Consequentemente, nossa vida religiosa, como irmãos mercedários da caridade, gira em torno de nossa capela, onde, desde as primeiras horas da manhã, nos reunimos para rezar juntos o “Ofício das Leituras” e as “Laudes”. Naquele mesmo lugar, no decorrer do dia, rezamos a “Hora Sexta” e as “Vésperas”, bem como o Santo Rosário de Maria, enquanto veneramos uma antiquíssima imagem sua, à qual chamamos Nossa Senhora das Mercês, nosso “único e exclusivo consolo”, como dizia o beato Juan Nepomuceno Zegrí (+1905), nosso “pai carismático”. Enfim, na oração conjunta ou silenciosa, e sobretudo quando nos reunimos para a santa Missa, encontramos a força necessária para vivermos bem a nossa vocação, sendo o modo por meio do qual Deus nos fala continuamente... Em nossa prece, rogamos a Deus pela Santa Igreja e pelo mundo, pelos que governam as nações e pelos missionários, por todos os homens e mulheres, especialmente por aqueles que se dedicam à caridade, para que Cristo seja o fundamento de seu falar e de seu agir”, conta Fernando.
Ser Igreja e revelar o Cristo no pobre e sofredor
Congregação dois Irmãos Mercedários da Caridade presente na diocese de Campos ao serviço e cuidado dos sofredores. Os religiosos estão na Paróquia Imaculada Conceição e Menino Jesus de Praga, no Distrito de Travessão.
Desde a chegada à diocese de Campos, os religiosos da Congregação dos Irmãos Mercedários da Caridade aceitaram o desafio de revelar a face de uma igreja pobre, com os pobres e cuidando dos fragilizados e vulneráveis da sociedade. Mesmo durante a Pandemia lutaram para diminuir o sofrimento de famílias que tiveram de conviver com a dor da perda.
E como resposta às dificuldades e aos problemas da economia que aumentou o número de famílias com perdas, os religiosos se colocaram na missão de ajudar. E na última sexta feira (25/11) serviram às famílias carentes um sopão. Momentos de partilha e solidariedade com os pobres.
Desde a doação dos alimentos até o preparo e a distribuição os religiosos se juntaram aos voluntários. Uma lição de solidariedade e de cuidado. Padre Ademir Dias Mendonça não esconde a alegria e a emoção de ver o brilho nos olhos de famílias que receberam o alimento e o alento às suas dores.
“Para nós Irmãos Mercedários da Caridade estar com os mais necessitados é fundamental e tem que fazer parte de cada irmão. Nosso fundador o beato Zegri nos diz: “mais do que fazer caridade, precisamos ser Caridade para o irmão”. Vivemos em um mundo onde infelizmente o individualismo fala mais alto. Mas para nós, Mercedários da Caridade, é imprescindível a busca constante da oração a prática e a vivência do Amor a Cristo na pessoa do mais necessitado. Nosso querido Moderador Geral, padre José María Sánchez Garzón, nos ensina sempre a sermos presença do Cristo no meio do povo. A palavra de ordem para nós é o AMOR, a MISERICÓRDIA. Assim servindo em tudo para o bem da Humanidade: “em Deus, por Deus e para Deus. Que Nossa Senhora das Mercês siga nos abençoando”, finaliza padre Ademir.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui