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Dom Roberto: Mergulhadores do infinito

Quinze anos depois, com o Papa Francisco numa Igreja em caminho sinodal, afirmamos a conversão pastoral e missionária, para voltar a ser uma Igreja em Saída, de batizados conscientes e lúcidos.

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz, bispo diocesano de Campos (RJ)

O batismo do Senhor Jesus encerra e culmina o Tempo do Natal, pois celebra a nossa inserção e mergulho (batizomai) na vida nova que o Filho de Deus veio trazer para a humanidade, gerando uma Nova Criação. Pelo batismo nos tornamos filhos no Filho, irmãos de Cristo e Templos do Espírito Santo. O Concílio Vaticano II veio redescobrir a alegria e dignidade deste sacramento que é a porta da salvação, abrindo-nos plenamente para a cidadania do Reino.

Nos inícios da Igreja era tão forte a consciência despertada por este sacramento de iniciação que a Igreja era chamada de “comunhão dos santos”. Não existia pastoral vocacional, porque todos tinham certeza de ser fiéis, isto é, pertencentes ao Povo de Deus e, por tanto, responsáveis pela edificação e expansão da Igreja, assumindo os diferentes carismas, serviços e ministérios.

Não era necessário tampouco insistir na natureza missionária da Igreja, pois cada batizado sabia que a nova vida devia ser comunicada e testemunhada, mesmo que fosse com a oferta total da vida, no batismo de sangue. A situação sociológica de cristandade veio a anestesiar esta visão e autoconsciência pessoal e eclesial, pois nascia-se num mundo cristão e tudo acontecia na sequência de ritos e hábitos incorporados ao ciclo da vida, e da própria sociedade.

Esta realidade cinzenta, de um cristianismo genérico de práticas rotineiras centradas na conservação institucional, foi profundamente revisada na Conferência de Aparecida, especialmente no discurso de abertura pelo Papa Bento XVI. Não basta continuar batizando, quando não existe um processo de iniciação à vida cristã, e um discipulado que vise à formação de cristãos sujeitos e formadores de comunidades eclesiais adultas na fé, que dêem um testemunho de compromisso integral no mundo de hoje.

Quinze anos depois, com o Papa Francisco numa Igreja em caminho sinodal, afirmamos a conversão pastoral e missionária, para voltar a ser uma Igreja em Saída, de batizados conscientes e lúcidos de sua realidade de pedras vivas, fermento transformador, luz do mundo e sal da terra. Por uma Igreja de batizados/as, seguidores fiéis do Reino e discípulos missionários de Cristo. Deus seja louvado!

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07 janeiro 2022, 11:51