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Perdão e reconciliação: a Igreja ao lado dos aflitos Perdão e reconciliação: a Igreja ao lado dos aflitos

Costa do Marfim precisa de perdão e reconciliação: Igreja ao lado de quem sofre

A Igreja tenta dar uma contribuição para favorecer a pacificação e o diálogo, mas sua tarefa é particularmente árdua: “A nossa missão – diz o religioso estigmatino padre Silue – é muito nobre, mas também extenuante”. “Seguindo o Evangelho, a Igreja está sempre do lado dos oprimidos, dos mais frágeis, exilados, encarcerados e dos que sofrem, por falta de trabalho ou de direitos”

Vatican News

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“A Costa do Marfim saiu de uma guerra civil, há apenas dez anos, e, ainda hoje, estamos pagando pelas feridas que causou. Desde então, surgiram muitos problemas: numerosos cidadãos fugiram e outros foram presos, ficaram feridos ou foram assassinados.” É o que declara à Fides – agência missionária da Congregação para a Evangelização dos Povos – o religioso estigmativo, padre Matthieu Silue, marfinense.

“Nestes dez anos passados, o governo tentou melhorar a situação do país e, em parte, conseguiu. Porém, depois de um conflito civil, é necessário muito tempo para sarar as feridas, cada vez mais difíceis de cicatrizar.”

“Houve tentativas de reconciliação, mas, de modo geral, temos que constatar que não tiveram sucesso: as tensões permanecem, ninguém consegue iniciar um processo, percorrer um caminho para superá-las, curar as feridas e fomentar um perdão autêntico, como aconteceu na África do Sul”, continua o religioso.

Preocupação com o que está acontecendo no país

O sacerdote não esconde a sua preocupação pelo que está acontecendo em seu país, mais uma vez perturbado por tensões gravíssimas, em consequência das últimas eleições de 31 de outubro.

Os líderes da oposição – afirma ele – rejeitam o resultado final das eleições, acusando o presidente Ouattara de violar o prazo de dois mandatos. Por isso, aumentam os temores de que este país da África Ocidental volte a cair no caos do conflito civil, como aconteceu após as eleições de 2010.

A população, que escolheu em massa o caminho de fuga, entendeu bem isso: mais de 8 mil pessoas fugiram para a Libéria ou para outros países vizinhos.

Encontrando-se em Milão, onde reside neste período, o religioso estigmatino declarou ainda à referida agência missionária: “Durante a guerra de 2010, muitas pessoas perderam tudo: parentes, terras, bens. Para elas foi muito difícil recomeçar. É por este motivo também que meu país, tradicionalmente pacífico e desenvolvido, passou de uma meta de imigração para lugar de emigração”.

Emigração

“Numerosos jovens estão, cada vez mais, deixando a Costa do Marfim em busca um futuro melhor na Europa: assim, engrossam as fileiras dos que tentam embarcar, via marítima, na Líbia com destino à Itália. O governo tentou dar-lhes esperança, mas poucas se concretizaram”.

Nesta perspectiva, a Igreja tenta dar uma contribuição para favorecer a pacificação e o diálogo, mas sua tarefa é particularmente árdua: “A nossa missão – diz o sacerdote – é muito nobre, mas também extenuante. Começamos agir, imediatamente, para levar as facções ao diálogo e promover a reconciliação entre as pessoas”.

“O problema é que somos acusados, por ambos os lados, de favorecer um ou outro, dependendo das posições que assumimos. Seguindo o Evangelho, a Igreja está sempre do lado dos oprimidos, dos mais frágeis, exilados, encarcerados e dos que sofrem, por falta de trabalho ou de direitos.”

“Quando pedimos a liberdade para os presos políticos, como gesto de distensão ou medidas mais justas, fomos acusados de concordar com a oposição. Mas, quando pedimos à oposição para moderar o tom e não recorrer à violência, disseram que estávamos do lado do governo.”

Ao lado dos que têm mais dificuldades

“De qualquer forma – conclui o estigmatino –, optamos sempre por estar do lado dos que têm mais dificuldades; porém, estamos muito preocupados com o êxodo de mais de 8 mil cidadãos, que deixaram tudo por causa das tensões políticas e das que eclodiram entre as várias etnias. Desenvolvemos uma obra diária de sensibilização nos territórios onde atuamos, exortando todos a retomar o caminho da paz e a renunciar todo tipo de violência.”

(Fides)

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19 dezembro 2020, 16:18